Trecho do livro U2 By U2:
Larry: Infiltramo-nos num evento que estava decorrendo em Belfast. A banda de rock Ash, da Irlanda do Norte, ia participar num concerto no dia 18 de Maio para apelar pelo “Sim”. Nós perguntamos se podíamos usar o equipamento deles e tocar algumas músicas.
Bono: Nessa noite, estávamos um pouco nervosos. Estive uns minutos com Trimble e Hume numa sala, só os três. Disse-lhes: “Vou lhes pedir para fazerem uma coisa que é muito difícil para os políticos. Vou lhes pedir que subam no palco e não falem”. Eles ficaram confusos. Disse-lhes que ia ser uma oportunidade de lhes tirarem uma fotografia a dar um aperto de mão. Eles concordaram. Como prova de respeito para com todos aqueles que perderam a vida ao longo dos anos para o sectarismo, decidimos pedir ao público um minuto de silêncio, que eu achava nunca ter acontecido num espetáculo de rock, quanto mais em frente a uma das audiências mais barulhentas da face da terra. Mas o público se manteve em silêncio. E nós conseguimos a fotografia.
Larry: Foi marcante ver o Bono no meio de David Trimble e do John Hume com os braços levantados para o céu.
Edge: Foi um grande momento, não só para todos aqueles que lutaram duramente tanto tempo para levar a paz à Irlanda, mas também para a música. Tal como Jake Burns, dos Stiff Little Fingers, disse em 1978, a solução para o problema da Irlanda do Norte são mil bandas de punk. Tocamos ‘Don’t Let Me Down’ dos Beatles. Era um tanto descarada, mas bastante apropriada para o momento. Nos dias que sucederam o espetáculo, as pesquisas apontavam uma inclinação para o “Sim”. No final, ganhou por uma contagem mínima, dois ou três votos. Acho que os políticos envolvidos mostraram muita coragem, sobretudo David Trimble, ao evolver-se no evento. Foi, sem dúvida, crucial para o processo da paz.