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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A noite em que Stuart Morgan substituiu Adam Clayton no U2

Em 1993, o U2 estava prestes a se apresentar em Sydney, Austrália; pela Zoo TV Tour. A banda tocaria duas noites seguidas, e um dos shows seria gravado para o posterior lançamento em vídeo.
E na noite de 26 de Novembro de 1993 o baixista Adam Clayton não compareceu por causa de uma forte bebedeira. Ele adormeceu e não tinha condições de se apresentar com a banda.
Em seu lugar esteve Stuart Morgan, o técnico de som do Adam. Ele estudou as partes de baixo e substitui Adam naquela noite, ficando na sombra do palco, meio escondido ( o que causou certa mágoa em Stuart). Curioso foi que parte do público nem percebeu que não era Adam ali.
Bono depois disse aos fãs que Adam estava doente. Mais tarde soube-se a verdade sobre a ausência do músico.
Foi a única vez que a banda não se apresentou em um show com seus 4 integrantes.
No livro U2 By U2 a banda comentou sobre o fato:
Larry: Na época que nós chegamos na Austrália, a turnê já estava na estrada há dois anos e a equipe já estava começando a ficar um pouco sem noção. Eu comecei a perceber que o Adam estava bebendo muito e que ele já estava bêbado no começo da tarde. Isso nunca pareceu afetar o seu trabalho, portanto não acionou o alarme. O Adam era um bêbado legal, era divertido, mas não era rabugento, pelo menos em lugares públicos. Podia até ser diferente em lugares mais privados. Foi só muito mais tarde, quando nós conversamos sobre isso, que eu comecei a entender os demônios contra os quais ele estava lutando. Mas ele era muito discreto. No meio disso tudo, ele parecia que estava apenas bebendo um pouco mais e tendo bons momentos.
Edge: Estar na estrada é muito difícil. Ficar na estrada por tanto tempo assim é ainda mais difícil. O mais difícil é manter o nosso senso de espaço e identidade dentro da nossa comunidade. É um estilo de vida que deixa você com muito pouco tempo para si mesmo, mas simultaneamente é muito solitário. Quando podem, as pessoas tendem a sempre agarrar a oportunidade de fazer alguma coisa sozinhos. Eu acho que no caso do Adam, infelizmente, naquela turnê ele entrou num círculo de auto-destruição, hábitos privados, que eram todos os tipos de indulgências e abusos, em termos de álcool e provavelmente de outras substâncias e outras atividades também. Houve poucos episódios durante todos esses anos em que o Adam apagou, entretanto nunca antes de um show, e isso foi visto como uma forma de apagar um pouco toda essa fumaça. Isso nos pegou de surpresa, quando de repente se tornou um grande problema. Eu tava um pouco cego. Eu não percebi que ele estava afundando.
Adam: A vida era bem caótica. Eu realmente não gosto desse tipo de intensidade, eu não gosto desse tipo de atividade então, enquanto eu podia, ia levando isso, seria bem honesto dizer que eu já não estava mais no controle. Toda noite era uma festa, mas eu não acho que eu me sentia muito satisfeito ou em paz, isso com certeza. Eu ficava bem durante o dia, ficava bem durante o show, mas depois era muito fácil passar a noite fora ou apenas bebendo no meu quarto. Eu estava começando a perceber que toda vez que eu bebia, eu não podia ter certeza do resultado final. E sempre fazia o dia seguinte ser pior. Então eu decidi desistir e para de beber durante a fase final da turnê. Nós estávamos filmando os shows no Sydney Football Stadium para o grande vídeo da turnê. Ainda é difícil para eu perceber o que realmente aconteceu. Tudo que eu posso dizer é que eu me lembro de pensar na noite anterior, ‘Mmm, seria legal ter uma garrafa de vinho’. A próxima coisa que eu me lembro foi das pessoas tentando me acordar no dia seguinte às 7 horas da noite para ver se eu conseguiria descer e fazer o show. Eu realmente não consigo me lembrar do que aconteceu nesse meio período, a não ser que eu saí um pouco e fui para o mini bar no meu quarto.
Larry: Os shows em Sydney foram grandes eventos, David Mallet era o diretor e ele tinha montado 25 câmeras. O Adam não apareceu para a passagem de som. Ele estava no seu quarto e não iria aparecer. Eu ligava para ele e eventualmente ele atendia. Eu disse, ‘O que está acontecendo?’ Ele falou, ‘Eu não vou conseguir fazer o show’. Eu respondi, ‘Olhe, apenas se arrume e desça, que aqui nós conversaremos sobre isso’. Mas ele simplesmente não conseguia fazer isso. Em um milhão de anos, essa era a última coisa que ia me passar pela cabeça.Adam: Eu estava tão instável, me tremendo todo e emocionalmente abalado, apenas completamente desligado, que não tinha nenhuma chance de ficar duas horas no palco.
Edge: Obviamente o tempo era uma questão dramática, porque era o grande vídeo sobre a Zoo TV que nós iríamos lançar. Havia muito dinheiro envolvido nisso. Eu acho que provavelmente foi toda essa pressão que fez ele desmoronar. Ele estava numa situação terrível, mas se você fosse ver toda o peso de responsabilidade que o Adam estava carregando e comparar com, digamos, o Bono, ou mesmo eu, ela era bem leve. Mas cada um lida com estresse e pressão de uma forma diferente. Isso foi apenas o estopim para a queda do Adam, da turnê e desse show de TV.
Larry: Essa foi a primeira vez que um de nós não apareceu para um show. Nós estávamos em choque, mas não tínhamos tempo para parar para pensar, tínhamos apenas que lutar e ensaiamos durante a passagem de som com o técnico de baixo do Adam, o Stuart Morgan. O Stuart estava trabalhando com o Adam há dois anos e sabia o que fazer. Ele acabou fazendo o show.
Edge: Nós tomamos a decisão de não cancelar o show, mas usar um substituto. Foi uma decisão muito difícil, mas eu acho que foi a mais correta. Eu acho que isso ajudou o Adam a repensar nas coisas. Como ele perdeu o show, ele podia de fato escutá-lo à distância, e foi a primeira vez que ele escutou a banda tocar sem ele. Eu acho que isso deixou tudo mais claro para ele.
Adam: Isso era uma coisa muito difícil de encarar. Perder um show não é necessariamente a pior ofensa na sua vida, mas para mim, foi a primeira vez como membro do U2 que eu deixei os meus amigos se sentindo mal. E isso não era por doença ou uma tragédia pessoal, isso era auto-infligido. Parecia que eu não tinha mais controle sobre mim, o que era muito assustador. Apesar do fato de que doze horas depois eu ainda estava tremendo e ferrado, isso não era legal. Ainda mais o fato de que a banda toda estava envolvida nisso. Era uma calamidade espetacular. O show foi filmado, mas eu nunca assisti, eu não queria ir lá. Esse foi um momento divisor de águas. Estava bem claro que eu tinha um problema com álcool. Eu entendi que isso era real, era sério, e eu precisava me recuperar.
Larry: Nós tivemos uma conversa com o Adam. A gente disse, ‘Vamos primeiro terminar essa turnê e resolver esse problema depois’. O Adam estava tão assustado quanto a gente. Eu acho que ele alcançou um estado em que ele não conseguia encontrar a saída. Havia muita simpatia, mas nós deixamos bem claro o que queríamos que ele fizesse. Nós éramos uma banda e precisávamos uns dos outros. Não ia ser possível continuar desse jeito. Algumas palavras duras foram ditas.
Adam: Eles estavam muito preocupados e um pouco chateados também. Mas eles apoiaram a decisão que eu tomei naquele momento, que foi dizer para eles que eu tinha um problema com álcool. Foi nesse momento que eu oficialmente parei de beber.
Bono: Nós perdemos o primeiro dia de filmagem porque o Adam não estava. Então nós tínhamos apenas uma noite para filmar e ele ainda estava mal. Mas ele está incrível no filme e há uma certa ousadia no seu jeito de tocar, contra todas as expectativas. Eu não sei como ele conseguiu isso. Nós todos achávamos que isso era o fim. Nós não sabíamos se queríamos continuar com alguém tão infeliz assim. Mas a performance de ‘One’ definiu o que era aquela noite e talvez o que a banda é. Nós éramos um, mas não éramos o mesmo. Nós temos que carregar um ao outro.+++++++++++++++++++++++ Vídeo 'Sydney Zoo TV Tour 1993-11-26':

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