Não havia mais nenhuma dúvida sobre a capacidade de Bono em ser um artista de gravação, e seu pai Bob concordou em ir a um dos shows do U2 no Texas - era uma chance de Bono mostrar à seu pai quanto sucesso ele tinha conseguido. Sentado na multidão, um holofote iluminou Bob, e o vocalista anunciou a partir do palco que aquela era a primeira vez de seu pai na América.
"Ele apenas levantou o punho", Bono disse sobre a reação de seu pai, explicando que ele estava fazendo isso com bom humor.
Depois do show, Bono disse que ele e seu pai se sentaram sozinhos no camarim. "Eu pensei ter visto uma espécie de olhar afetuoso em seus olhos", ele relembra. E enquanto ele achava que seu pai finalmente iria dizer a ele o quanto ele estava orgulhoso, em vez disso ele disse a seu filho: "você é muito profissional", algo que Bono considera um verdadeiro elogio dada a tradicional inclinação irlandesa pelo pai.
Legiões de fãs amam Bono por décadas, mas ele disse para Howard que ele pode ser um pouco duro consigo mesmo ao olhar para trás em algumas de suas roupas antigas e penteados.
"Eu tinha um Mullet e isso é imperdoável", Bono brincou enquanto chamou os anos 80 de "a década do gosto à ser esquecido". Ele também lembrou o conselho que Edge uma vez lhe deu: "um homem não deve se parecer como se seu cabelo tivesse sido passado à ferro."
Ainda mais difícil para Bono, no entanto, é ouvir e ver gravações antigas e apresentações. Ele disse à Howard que passou anos sem ouvir 'The Joshua Tree', o disco best seller do U2.
"Eu acho que é uma tortura ouvir as músicas", explicou. "Eu não gosto do som da minha voz em um monte de coisas."
De acordo com Bono, muitos de seus vocais no álbum soam "espremidos". "O som é magnífico e as músicas são excelentes e algumas das letras são boas, mas a voz, é como, Deus, poupe-me desta voz", disse ele sobre sua voz.
"Eu não tenho nenhum problema de ouvi-lo e eu acho que Bono soa incrível", The Edge disse.
Ainda assim, Bono acredita que seu canto avançou por um longo caminho desde 'The Joshua Tree', dizendo que ele se tornou um cantor mais interpretativo e agora tem a capacidade de alterar o significado de uma canção apenas modificando sua voz ou mudando as palavras dentro de uma canção.
"Cantar, em um certo nível, é algo milagroso", continuou ele. "Eu acho que posso fazer o texto mudar dependendo da leitura dele."
Já sendo uma das mais icônicas canções do U2, The Edge considera "Where The Streets Have No Name" a melhor música ao vivo da banda, dizendo que nenhuma outra música faz multidões reagirem da maneira que eles fazem quando ouvem a introdução do riff de guitarra. Ele também revelou o processo passo-a-passo que ele tomou na criação do som que é a assinatura da faixa.
"Um dia eu vim com um certo conjunto de acordes que eu senti promissor", The Edge disse, embora notavelmente ele ainda não saiba o que exatamente esses acordes são. "Para mim, a música é emocional, não é técnica. Eu abordo a música de uma forma ingênua, como um fã."
Esses acordes também chegaram perto de desaparecerem para sempre depois que o produtor Brian Eno quase apagou a fita, enquanto o U2 estava gravando a faixa no estúdio. Seu raciocínio era que a banda estava levando muito tempo tentando obter o som correto e queria que eles começassem do zero em vez disso.
"No final, esse foi o backing track que entrou no álbum, então estamos muito felizes por ele não ter apagado", disse Edge.
Como membros incontestáveis da realeza do rock hoje, Bono e Edge agora têm o privilégio de estar em torno de muitos dos mesmos músicos que costumavam olhar de baixo antes de serem famosos. Howard perguntou para eles se já saíram com Bruce Springsteen. Bono respondeu que eles já passaram um tempo com Bruce, que tem significado tanto para eles por tanto tempo.
Uma das razões pelas quais Bono admira Bruce tem a ver com a habilidade do "chefe" de manter sua liberdade e não permitir que sua fama interfira com a maneira como ele quer ser. Enquanto outros artistas do calibre de Springsteen muitas vezes permitem que os holofotes os altere como pessoas, Bono nunca viu nada deste tipo com Bruce.
Sir Paul McCartney parece ter uma mentalidade semelhante - a qual Bono descreve como uma "falta de auto-consciência". Bono compartilhou como ele foi uma vez em um evento com o Beatle e o observou pular em um pogo stick no meio da pista de dança sem nenhum cuidado no mundo.
Bono disse que 'Songs Of Experience' é a coleção de canções mais pessoais que a banda já lançou .
Depois de um recente problema com sua saúde, Bono disse que ele foi inspirado para contar aos mais próximos a ele o quanto eles significam, dizendo que as letras falam sobre "os sentimentos que eu tinha para as pessoas que me importo."
"São como cartas", Bono descreveu. "Eu só queria ser sincero sobre isso."
AS DUAS CANÇÕES DO DISCO TOCADAS POR BONO E EDGE:
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