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quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

U2 na Billboard 2017 - Parte I


"Quinze segundos!"

Saturday Night Live, e o aviso que é quase hora do show, Bono bate metodicamente no lado de um megafone pintado com estrelas e listras da bandeira americana. Ele fez um sinal de paz para o público no estúdio quando ele entrou no palco alguns momentos antes, mas agora ele está à esquerda do palco, esperando nas sombras durante o silêncio antes do intervalo comercial terminar.
Saoirse Ronan, a estrela irlandesa-americana do filme 'Lady Bird', está como convidada especial no SNL pela primeira vez, e faz um sinal de positivo para a banda. The Edge sorri e retribui o gesto, mas Bono parece não notar. Continua batendo no megafone.

"Senhoras e senhores, U2!"

A platéia ruge, a música começa e a voz de Kendrick Lamar soa. "Bem-aventurados os podres de ricos", com a letra de seu sermão em uma animação na tela, "porque você só pode possuir de verdade o que você oferece, como a sua dor." Esta é uma nova canção do U2, "American Soul", que começa com um monólogo do rapper mais importante de sua geração. Bono fica quieto até a última palavra, e em seguida, levanta o megafone para seus lábios e ecoa um prolongado "paaaain". Ele permanece na escuridão mais algumas batidas antes de caminhar para o centro do palco, e em pouco tempo, ele está gritando o refrão: "Você é rock and roll! Veio aqui procurando a alma americana".
A primeira aparição do U2 no SNL em oito anos trouxe a estréia ao vivo de "American Soul", uma mensagem de unidade do álbum recém lançado 'Songs Of Experience'. A performance foi montada de forma caracteristicamente meticulosa. De acordo com The Edge, o banda fez várias viagens naquele dia para a sala de controle do SNL para aperfeiçoar o equilíbrio do som, e eles estavam repetindo seus riffs em seu camarim momentos antes de serem conduzidos ao palco. É uma grande performance para o U2, e os membros querem que ela signifique alguma coisa. Eles estão à caminho para outro álbum No. 1 e arrecadaram mais de $300000000 na turnê por trás de um dos maiores álbuns de rock de todos os tempos, 'The Joshua Tree'- mas eles querem mais, como sempre. "Coloque suas mãos para o alto / Segure o céu / Pode ser tarde demais, mas ainda temos que tentar", canta Bono. Ganhar dinheiro é muito bom, mas o U2 prefere mudar o curso dos eventos mundiais. E a banda acredita que pode.
"Não apenas para a América, mas para a Europa e para o mundo todo, há uma virada para o extremismo", diz Bono durante uma das várias conversas telefônicas entre a Billboard e os membros do U2. "Eu sinto que esse é o tempo em que estamos, e nós somos a banda certa [para ele]." Não há dúvida nenhuma em sua voz. O grupo reconstruiu parcialmente 'Songs Of Experience' após as eleições presidenciais de Brexit e dos EUA em 2016 porque os membros sentiram que: curar o mundo é parte de sua missão.
Bono empunhava seu megafone vermelho, branco e azul na recente turnê da banda, na qual o U2 tocava seu álbum marco de 1987, 'The Joshua Tree', na íntegra. O dispositivo "leva todo o vocal para um lugar completamente diferente", observa The Edge, "com tons de protesto de rua e ativismo, em uma canção que está colocando um holofote sobre a América, e nossa acolhida na América." Essa turnê lembrou aos fãs como um álbum político irritado o 'The Joshua Tree' é: canções como "Bullet The Blue Sky" e "Mothers Of The Disappeared" encontraram Bono, uma estrela de rock ascendente com 20 e poucos anos de idade, usando suas letras para trucidar Ronald Reagan e conflitos apoiados pelos EUA na América Central.
"Às vezes a arrogância da juventude é na verdade uma parte essencial do avanço", diz The Edge. "A clareza de ser um jovem de 22 anos e ter opiniões tão fortemente vistas agora é mais difícil, porque você percebe que o que o afasta é você mesmo. Você é seu pior inimigo."
O U2 se destacou pelo conflito que cercou o banda. Quando o grupo formou-se em 1976, a Irlanda estava no meio de uma década de intensa disputa etno-nacionalista, tentando se recuperar do período mais violento da sua história. "Nossa banda surgiu [durante] o punk rock nos anos 70, em uma Dublin muito miserável", diz Bono. "Muitas pessoas tiveram que deixar suas cidades para encontrar trabalho. Onde eu cresci em Dublin, era um lugar com muito ódio, que eu me lembre. O que o punk trouxe para nós foi que as coisas não têm que ser do jeito que são - você pode lutar contra isso."
Os membros do U2, que fizeram sua primeira viagem para a América com 19 e 20 anos de idade, em 1980 com a turnê de 'Boy' - passaram a definir e redefinir a banda no contexto dos acontecimentos mundiais dos últimos 40 anos. Este é o grupo que gritou contra a violência sectária da Irlanda em 1983 em "Sunday Bloody Sunday"; que usou "One" de 1992 para meditar sobre a reunificação da Alemanha e apoiar o combate à AIDS através dos rendimentos da venda do single da canção; que assistiu em 2000 seu single "Walk On" tornar-se um hino não oficial pós 11 de Setembro.
Os Estados Unidos continuam a ser extremamente amáveis com os nativos de Dublin, que movimentaram 186.000 unidades equivalentes à vendas do álbum 'Songs Of Experience' em sua semana de estréia, de acordo com a Nielsen Music, um começo impressionante neste 2017.
As estatísticas contam a história de sua longevidade: a banda é apenas o quarto ato à ter álbuns N° 1 nas décadas de 1980, 1990, 2000 e 2010, e tem o terceiro maior número de álbuns N°1 entre os grupos, atrás de The Beatles e The Rolling Stones.
"Eles dão esperança a outras bandas que estão começando", diz Ryan Tedder, o líder do OneRepublic que co-produziu nove músicas em 'Songs Of Experience'. "Se você escrever o tipo de músicas que refletem os mecanismos internos da humanidade e da vida, você pode durar o tempo que quiser."
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