"Estive em Las Vegas por cinco semanas e acho que você só deveria ficar em Las Vegas por dois dias", diz Gavin Friday. Ele acabou de passar mais de um mês com o U2 em Las Vegas.
"Estou bem. Estou com um pouco de jet lag porque acabei de voltar da América. Mas bem".
"Não há cassinos no Sphere", brinca Friday. "O que é uma boa coisa!"
Seu trabalho para a banda no Sphere: "Bem, trabalho com eles desde os 14 anos – é a verdade. Formamos bandas ao mesmo tempo e sempre fomos guarda-costas um do outro e tal.
Eu conheço a banda há mais tempo do que qualquer pessoa, exceto suas esposas, e costumo ser uma cola com eles. E falamos a mesma língua porque somos músicos, então isso ignora a política e vai apenas para a arte e a música. Suponho que sou a parteira deles, se você quiser colocar isso tecnicamente - eu seria a parteira deles em qualquer show que eles fizessem".
Sobre o tema dos shows do Sphere, ele revela: "Você tem toda aquela coisa sobre a fragilidade da Terra. É disso que se trata".
Gavin foi a voz do remix de "Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me" na eXPERIENCE+iNNOCENCE: "Sou eu. Eu e aquela garota adorável do Arcade Fire, Regine Chassagne – ela também cantou isso".
Sobre a nova animação Pedro e o Lobo: "Fizemos uma versão disso há 20 anos, apenas em formato de livro e CD. E fizemos isso de forma bastante espontânea. Eu trabalhava para a Irish Hospice há vários anos e tivemos a ideia. Vamos fazer uma versão de Pedro e o Lobo, mas uma nova releitura. E eu gravei e pedimos ao Bono para fazer os desenhos e saiu pela Bloomsbury e vendeu muito bem. E há cerca de cinco anos, recuperei os direitos.
Vinte anos atrás, estávamos sempre falando sobre "vamos fazer uma animação disso", você sabe, o lockdown aconteceu e eu disse: "Ei, por que não tentamos lançar essa história animada de Pedro e o Lobo?"
A BMG Records, que é minha gravadora, saiu e começou essa tarefa e aconteceu muito rapidamente com a HBO – agora Max – e foi basicamente um projeto do lockdown. Fizemos a maior parte da criação da animação por meio de chamadas de Zoom, acredite ou não, já que o mundo inteiro viveu dois anos assim.
Os desenhos originais de Bono foram feitos em 2003, há 20 anos, e pegamos esses desenhos e foi possivelmente a coisa mais difícil porque seus desenhos são bastante expressionistas e gritantes e tentar animá-los seria uma coisa muito difícil.
Além disso, a outra coisa foi, Pedro e o Lobo é um antigo conto de fadas russo-ucraniano que foi musicado por Prokofiev há cem anos e foi gravado por muitas, muitas pessoas de David Bowie à Bill Clinton, até. E assim regravá-lo com um viés diferente.
E então, com este filme, uma das primeiras perguntas quando a HBO começou a trabalhar nele, eles me disseram: "Bem, você não pode matar um lobo em 2023. E você não quer mandar um lobo para uma jaula em 2023" E eu disse: "Isso está correto".
"E que sexo é o lobo?" E eu respondi: "Nunca pensei nisso".
Então tivemos que reinventar a história e levar em consideração o Irish Hospice e quero dizer, a maioria de nós hoje em dia tem algumas pessoas que receberam cuidados paliativos. E é uma coisa muito importante, especialmente quando não há financiamento em lugar nenhum para esse importante momento da morte. Então começamos sutilmente com a consideração de: como as crianças lidam com a perda ou o luto?
E nós reinventamos a história, o lobo mau - e as animações do Bono, elas eram realmente a imaginação de uma criança sobre o que é assustador ou perigoso, e é por isso que você vê aquele tipo de desenho de giz em volta do lobo. E para mim, é bastante mágico. Na verdade, é fazer as crianças pensarem fora da caixa, e não dentro dela. E quando Pedro percebe, e ele liberta o lobo e todo o desenho vai embora, ele percebe que não há realmente nada a temer.
Está tudo na sua cabeça, sabe? Então esse é realmente o sentimento, se estou fazendo sentido.
A narração foi feita no início deste ano, quando o filme foi concluído. E tivemos que fazer isso, porque certas coisas que você pensava há 20 anos mudaram - você não quer mandar um lobo para o zoológico ou matá-lo. Nós reescrevemos e reinventamos totalmente.
Como artista, sempre fui muito físico e dramático, e já fiz teatro e alguns filmes, então o ator em mim estava sempre esperando para assustar.
E também, é um conto de fadas, mas é um conto de fadas um pouco assustador. Você tinha que ter esse tom - tipo, eu estou apaixonado pelos contos de fadas de João e Maria da velha escola, em vez dos contos de fadas modernos. Então aquilo com a voz grave, "Esta é a história de Pedro e o Lobo", meio que os assusta, mas não é assustador. E também, pegando o elemento musical e tornando-o bastante moderno e contemporâneo para que os pais ou o adulto que está assistindo ao filme ou ouvindo o álbum também possam se divertir. Eu espero.
Fui eu e um músico com quem trabalhei por muitos anos, chamado Maurice Seezer. E Prokofiev escreveu-a originalmente para ensinar aos seus filhos os instrumentos de uma orquestra. Então o passarinho era uma flauta; Pedroera cordas; o lobo era um baixo e um clarinete.
Existem muitas gravações diferentes - tenho uma coleção de cerca de 30 diferentes, de Bowie a Bing Crosby, de Bill Clinton a qualquer coisa. E eu disse: "As crianças não estão mais tão interessadas em uma orquestra. Eles estão apenas interessados na história ou nos sons".
Então, na minha cabeça, quando estávamos trabalhando no arranjo, imaginei antes mesmo de pensarmos que seria um filme de qualquer tipo: o que Tim Burton faria se estivesse fazendo a música?
Então, meio que nos livramos da ideia de uma introdução à orquestra e passamos a tratá-la quase como uma trilha sonora cinematográfica. As melodias são muito conhecidas, seguimos rigorosamente o arranjo, mas nos livramos da orquestra e trouxemos acordeões e banjos e percussões estranhas.
Eu diria que é apenas a influência de Bowie sobre mim. Meu primeiro amor foi David Bowie quando eu era menino".
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