Em entrevista para o site da Billboard, mais detalhes de Marco Branbilla sobre a colaboração com o U2: "Willie Williams foi ver 'Heaven's Gate' e eu recebi uma ligação, e ele perguntou se eu estaria interessado em ser comissionado para a residência que estava por vir no Sphere. Obviamente eu já tinha ouvido falar do Sphere antes e fiquei muito interessado muito rapidamente, porque a escala do espaço e a tecnologia sempre foram realmente fascinantes para mim. A partir daí, o único resumo deles foi: "Queremos algo realmente maximizado, como uma sobrecarga sensorial".
Então surgiu o conceito de Elvis. A ideia do nascimento de Las Vegas e da morte de Elvis tornou-se interligada na minha mente. Comecei a assistir muitos filmes de Elvis e a fazer muitas pesquisas sobre sua ascensão e queda. Parecia muito presciente – parecia um comentário realmente interessante sobre o que está acontecendo hoje. Montei o conceito em muito pouco tempo, demorou apenas cerca de uma semana. Aí comecei a fazer o trabalho.
O conceito foi em conjunto com Bono, porque estávamos conversando sobre como expressar essa ideia de mito – você sabe, como o que acontece com as celebridades. Elvis foi a primeira megacelebridade, de certa forma. Bono disse: "Isto pode ser sobre a morte de Elvis, a morte de Elvis é um tema interessante". Esse foi um ponto de partida que se tornou muito claro, esta ideia do paralelo entre excesso e consumismo e o sonho americano e o que aconteceu com o sonho americano sendo personificado pelo que aconteceu com Elvis Presley. A letra de "Even Better Than The Real Thing" é exatamente sobre o tema que eu estava explorando visualmente. Funcionou muito bem tematicamente, não apenas visualmente.
Normalmente, quando faço uma colagem de vídeo, agendo entre seis meses e um ano. E neste caso, eu só tive talvez três, três meses e meio para fazer isso. Portanto, foi necessária muita tecnologia nova. Usei muita IA para ajudar na criação e também para fazer versões de Elvis que preencheriam a tela na IA.
É um pergaminho que vai rolando para cima – a peça rola para cima a partir do deserto. Começa em uma versão muito estilizada e teatral do deserto e de Las Vegas, e então o néon surge do deserto. Então, eventualmente, torna-se uma hiperversão futurística de Vegas, como uma mega Vegas. Ao mesmo tempo, os personagens estão associados a todas as épocas de Las Vegas. Então você tem Frank Sinatra, Dean Martin nos anos de glamour, e então se torna mais sobre artistas, strippers e clubes de dança conforme sobe.
E também há samplers de muitos dos personagens de Elvis que ele interpretou em filmes, bem como samplers de documentários dos quais descobrimos que conseguiríamos criar gifs. E então essa se tornou o conteúdo disso. Mas a arquitetura é realmente o nascimento de Las Vegas.
Foi provavelmente a melhor colaboração que já tive. Eles realmente respeitam você como artista. Eles contrataram John Gerrard, Es Devlin e Brian Eno para fazer peças, e essas peças são peças de arte. Eles realmente queriam algo que fosse independente como uma instalação de arte. Os aspectos técnicos de trabalhar com a escala da tela no Sphere foram incrivelmente complicados. O processo criativo em si, em termos de ser capaz de fazer uma obra de arte, foi incrivelmente fácil e gratificante, porque eles deram um apoio fantástico e foram muito fáceis de trabalhar.
Trabalhei em instalações de grande escala específicas para locais, bem como em exposições em museus e galerias. Mas, neste caso, foi algo sem precedentes. Tanto a escala quanto a resolução eram muito mais do que qualquer coisa em que eu já havia trabalhado – e já havia trabalhado em alguns projetos bastante ambiciosos. Isto foi mais ambicioso em termos da tecnologia envolvida.
A colagem é híbrida: contém elementos inteiramente gerados por IA e elementos gerados por computador, mas usando pré-visualização de IA. Isso ajudou tremendamente em termos de cronograma e de ser capaz de criar algo muito denso e muito rico. Mas o Sphere também possui ferramentas muito boas para ajudá-lo a pré-visualizar. Enquanto você faz o trabalho, há um simulador de fone de ouvido onde você pode escolher qualquer assento que quiser e pode optar por sentar na primeira fila ou no meio ou no canto, e pode ver seu trabalho no Sphere neste fone de ouvido. Consegui fazer isso remotamente. Eu só vi isso no Sphere há cerca de duas semanas e meia.
Renderizar arquivos desse tamanho e criar o tipo de nitidez e resolução necessárias para a tela do Sphere é um desafio. Mas vai ficar cada vez mais fácil. À medida que a tecnologia melhora e você tem mais poder de computação, você poderá gerar recursos visuais nessa resolução de maneira mais fácil. Então eu acho que é uma espécie de futuro em termos de capacidade de criar recursos visuais; agora, é cedo. Estamos meio que inventando a tecnologia à medida que avançamos.
Eu estava trabalhando em outro projeto, que será lançado no ano que vem, usando IA, e fiquei muito feliz por estar familiarizado com isso quando comecei a trabalhar em 'King Size'. Consegui acelerar o processo porque, ao longo dos anos, consegui criar uma enorme biblioteca de clipes de filmes. Consegui alimentar um software de IA chamado Stable Diffusion com todos esses clipes. Basicamente, a biblioteca entrou na IA e então consegui acessar imagens muito rapidamente. Tornou-se uma espécie de colaboração comigo e com a IA trabalhando para encontrar imagens que se encaixassem na storyline.
Começamos a usar um programa chamado DALL-E em sua fase beta e geramos muitos protótipos visuais de Elvis e diferentes versões de Elvis, esse tipo de exagero fantástico de Elvis usando aquele programa. O bom da IA neste momento é que eu não poderia ter feito este trabalho sem ela no tempo que tive – teria sido impossível tentar fazer algo com esta resolução e com este tipo de detalhe. Teria levado pelo menos um ano. 'Heaven's Gate' durou oito meses e a resolução era de 8K; este tem 16K e provavelmente quatro vezes o número de samplers de 'Heaven's Gate'. A cada aumento de resolução do que estou fazendo você tem que criar um canvas que contenha muito mais informações. A renderização nessa resolução consome muito tempo. Eu estava trabalhando com uma ótima empresa de pós-produção chamada The Mill, em Paris, e conseguimos produzir os arquivos rapidamente.
O Sphere possui um sistema de som que pode localizar o som com muita precisão. As telas são tão nítidas que você não percebe os pixels, não percebe nenhum tipo de resolução, apenas parece uma janela para outro mundo. Isso remove o conceito de estar em algum lugar. Você é transportado para outro lugar. Há tantas coisas que você pode fazer com isso, porque a tecnologia que está naquele prédio, que é uma tecnologia permanente, permite que você experimente todos os tipos de interação entre a performance e as próprias telas".
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