Vendas à meia-noite, concursos, brindes em fitas cassete e café irlandês eram alguns dos truques que aguardavam os clientes nas lojas de discos do Canadá na terça-feira, 3 de Março de 1997, quando o novo álbum do U2, 'POP', chegaria às lojas.
Mas, enquanto alguns varejistas planejavam abrir suas portas à meia-noite de segunda-feira à noite para ajudar a gerar entusiasmo, a A and B Sound de Vancouver começou a vender o disco no sábado, deixando os varejistas em várias cidades ocidentais sem escolha a não ser seguir o exemplo.
A mudança irritou a gravadora do U2, a Polygram, e outros varejistas canadenses.
"O que a indústria precisa no momento é entusiasmo", disse Vince Parr, diretor de marketing da Tower Records em Toronto.
"Quer sejam fogos de artifício ou tanques descendo a Yonge Street, você cria isso com um empurrão coordenado ao segurá-lo. Se isso escapa e chega ao mercado, quando finalmente for lançado ... não há estrondo, é mais algo pop, se você me desculpar o trocadilho. Isso é realmente prejudicial para todos".
Lane Orr, vice-presidente de software da A e B, admite que a rede "se comportou mal", mas disse que o varejista estava reagindo aos preços injustos da Polygram. Ele esperava que a Polygram penalizasse a A e B retendo privilégios de remessa antecipada em novos lançamentos.
John Reid, presidente da A and M, Island e Motown Records Canada, de propriedade da Polygram, disse que estava "decepcionado" com a "quebra de confiança" da A e B.
"Acreditamos que nosso relacionamento contínuo com os varejistas mais profissionais neste país nos dará uma visão melhor de longo prazo", disse um dia antes do lançamento.
Reid também criticou a ação como um tapa na cara dos varejistas que investiram tempo e seu próprio dinheiro para criar esquemas de marketing interessantes, como a promoção Café da Manhã com Bono na Tower Records.
Em vez de abrir à meia-noite, a loja do centro planejava abrir às 7h e servir café Irish Cream e doces para quem comprasse 'POP' antes das 10h.
A mudança era um reconhecimento de que o "grupo de trinta e poucos anos de fãs do U2" não estava interessado em ficar acordado até a meia-noite para comprar um disco que eles não ouviriam até o dia seguinte, disse Parr.
Para a indústria da música, 'POP' - o tão esperado nono álbum completo do supergrupo irlandês, originalmente previsto para ser lançado em setembro de 1996 - se tornou um cavaleiro branco em potencial em um momento de vendas baixas de CDs após os anos de expansão na primeira metade dos anos 90.
"Toda a comunidade de varejo acredita na força desse disco do U2", disse Laura Bartlett, vice-presidente de marketing da HMV, uma rede de 90 lojas de música.
"O U2 tem sido visto como um catalisador não apenas para aumentar o ímpeto, mas também para mantê-lo lá".
A indústria, cujos líderes se reuniriam em Toronto naquela semana para sua conferência anual, estava de olho em 'POP' como um indicador do que estava por vir em 1997.
Fazendo jus ao seu peso, 'POP' estreou em primeiro lugar nas paradas canadenses da Soundscan, vendendo um recorde de 66.000 unidades, anunciou o selo da banda.
O álbum também estreou no primeiro lugar nos EUA, vendendo 349.000 unidades, disse a Island Records em um comunicado à imprensa. No entanto, esse total era baixo em comparação com os maiores vendedores da primeira semana, como o álbum VS do Pearl Jam, que movimentou 950.000 cópias em sua semana de estreia.
Ainda assim, era um bom presságio para a indústria fonográfica como um todo. Os insiders estavam esperançosos de que 'POP' pudesse desencadear uma indústria que viu o total de vendas estagnar no ano anterior.
O álbum foi relatado como número um em vários outros países, incluindo Austrália, Áustria, Itália, Japão, França, Alemanha e Reino Unido.
A Island enviou mais de 4,5 milhões de cópias para todo o mundo.
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