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domingo, 31 de dezembro de 2017

U2 lança "Get Out Of Your Own Way (Switch Remix)"


O U2 lançou nos serviços de streaming de música um single remix com a canção "Get Out Of Your Own Way (Switch Remix)", pelo britânico DJ Switch.

CLIQUE PARA OUVIR

(Wow)
(Woo)
(Yeah)
(Yeah)
(Yeah)
(Woo) (Yeah)
(Yeah)
(Yeah)

I could sing it to you all night, all night
If I could, I'd make it alright, alright
Nothing's stopping you except what's inside
I can help you, but it's your fight, your fight
(Wow)

Listen to this
This

sábado, 30 de dezembro de 2017

Ouça 'U2 Live At Abbey Road'


Ouça as 11 canções tocadas pelo U2 com orquestra, nos estúdios Abbey Road em Londres, para o especial da BBC! São 56 minutos de duração!

1. Beautiful Day
2. Lights Of Home
3. Every Breaking Wave
4. With Or Without You
5. Stuck In A Moment You Can't Get Out Of
6. Get Out Of Your Own Way
7. One
8. Love Is Bigger Than Anything In It's Way
9. You're The Best Thing About Me
10. 13 (There Is A Light)
11. All I Want Is You

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

'U2 At The BBC: Special Edition'


A BBC transmitiu a versão estendida de 'U2 At The BBC', com 75 minutos de duração. Chamado de 'U2 At The BBC: Special Edition', trouxe cenas adicionais e as performances de "Every Breaking Wave", "13 (There Is A Light)" e "You're The Best Thing About Me" que não haviam sido exibidas na primeira versão da BBC.
Não foi transmitida a performance de "All I Want Is You" (com trecho de "Walk To The Water), que só apareceu na versão da RTE da Irlanda até agora, mas teve um upload feito no You Tube no canal da BBC.
Curiosamente, o U2 anunciou que uma performance de "The Little Things That You Give It Away" seria exibida, mas a canção não foi transmitida na edição especial.

Já foram exibidas 4 versões diferentes do especial em diferentes países!

Setlist:

Beautiful Day / Starman (snippet)
Lights Of Home
Every Breaking Wave
With Or Without You / Love Will Tear Us Apart (snippet)
13 (There Is A Light)
You're The Best Thing About Me (Acoustic)
All I Want Is You / Walk To The Water (snippet)
Stuck In A Moment You Can't Get Out Of
Get Out Of Your Own Way
One / Invisible (snippet)
Father And Son (snippet) / Love Is Bigger Than Anything In Its Way / All You Need Is Love (snippet)














Rock N Roll Nunca Morrerá: U2 teve a turnê mundial mais lucrativa de 2017 com a 'The Joshua Tree Tour 2017'


Roqueiros veteranos dominaram o ranking de turnês mundiais mais lucrativas em 2017. O U2 ficou na liderança da lista, com sua turnê de 30 anos de lançamento do álbum 'The Joshua Tree', arrecadando US$ 316 milhões, o que significa um total de 2,71 milhões de ingressos vendidos, segundo o Pollstar.
Num ano em que a discussão da representatividade esteve entre os temas mais relevantes, não houve reflexo nos palcos. Guns N'Roses (US$ 292,5 milhões) e Coldplay (US$ 238 milhões) fecharam o Top 3.
O Metallica surgem em quinto (152 milhões de dólares/ 1,5 milhões de ingressos vendidos em 49 concertos) e o Depeche Mode em sexto (141,1 milhões de dólares/ 1,8 milhões de ingressos/ 73 concertos).
Paul McCartney, em sétimo (132 milhões de dólares/ 903 mil ingressos/ 36 concertos).
Os Rolling Stones surgem em nono (120 milhões de dólares/ 755 mil ingressos/ 14 concertos), a confirmar a predominância do rock entre as turnês mundiais mais rentáveis e como o projeto com menos concertos realizados em 2017 neste Top 20.
Na proporção, a turnê dos Stones foi a mais lucrativa do ano, valendo quase 10 milhões de dólares por concerto.
Já o veterano Bruce Springsteen conseguiu um surpreendente 14º lugar com seu espetáculo na Broadway, "Born To Run", graças a um ingresso médio de US$ 1.500 — a arrecadação total foi de US$ 87,8 milhões.
As 20 turnês mais rentáveis arrecadaram U$$ 2,66 bilhões de dólares neste ano, um recorde e aumento de U$$ 264 milhões em relação à 2016, segundo a Pollstar.
O ranking é baseado na venda de ingressos, e não inclui a renda de produtos licenciados, que podem acrescentar um lucro considerável às turnês.
Os números das turnês contrastam com as vendas de discos e preferências de streamings nos EUA, onde o hip hop e R&B foram os mais vendidos no ano.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Revelações sobre a letra de "This Is Where You Can Reach Me Now"


Em uma entrevista reveladora para a Rolling Stone, Bono disse: "Chegar em casa - essa é a grande chave para mim. Eu não posso acreditar nisso porque eu cresci dormindo em sofás das pessoas, dormindo no chão, fugindo para o circo e se juntando a uma banda rock & roll.
Levei muito tempo para descobrir onde era a minha casa. Eu saí de casa provavelmente na semana em que minha mãe morreu. Quero dizer, eu fiquei lá na casa 10 da Cedarwood Road nos próximos anos, mas eu não estava realmente lá. Em 'Songs Of Innocence', "This Is Where You Can Reach Me Now" explica a realização que eu tive, enquanto estava sentado lá, mudando de endereço. Eu estava com a banda. A banda era onde eu vivia. Eles eram minha outra família."
Com isso, se entende que na canção há dois versos de Bono falando sobre seu pai, com quem morava na Cedarwood Road:

Old man knows that I never listen
So how could I have something to say
Old man knows how to cheat ambition
You don't lose if you don't play

O velho sabe que eu nunca ouço
Então, como eu poderia ter algo a dizer
O velho sabe como enganar a ambição
Você não perde se não jogar

Old men says that we never listen
We shout about what we don't know
We're taking the path of most resistance
The only way for us to go

O velho diz que nunca ouvimos
Nós gritamos sobre o que não sabemos
Nós estamos pegando o caminho de maior resistência
A única maneira de nós irmos

No encarte de 'Songs Of Innocence', o U2 dedica a canção para Joe Strummer, o vocalista do The Clash. E Bono escreve: "Vendo o The Clash pela primeira vez em sua primeira turnê no Trinity College em Dublin, foi uma coordenada mudança de experiência para mim, Edge, Adam e Larry.
Nós fomos para casa a noite exaustos do motim do barulho e das ideias. Não podíamos dormir porque sabíamos que estávamos dormindo na cama errada, tínhamos migrado - mentalmente, espiritualmente....
Joe Strummer foi um soldado.. sua guitarra uma arma, sua boca poderosa. Não tínhamos certeza exatamente o que eles eram, prós/contra, mas este foi um anúncio do serviço público com as guitarras em nome da alma e nós as assinamos."
Uma interpretação para a letra é que o U2 teria se "alistado" para o exército do The Clash após vê-los tocar ao vivo, se rendendo para a banda ("Nós viemos para colonizar a sua noite e roubar sua poesia"), sabendo que tudo havia mudado ("Sabíamos que o mundo nunca mais seria o mesmo").
Em outra parte da entrevista para a Rolling Stone, Bono relembrou novamente a importância do The Clash para o U2: "Nós vivemos com essa ideia, mesmo nos primeiros 10 anos da vida da banda: "e se nós não estragarmos tudo como todo mundo faz? Não seria incrível ficarmos juntos por 30 anos?" Quero dizer, isso foi uma loucura. Estamos em 40 anos de carreira agora, e eu acho que a única maneira que podemos conceber isso é imaginar 'e se o The Clash ainda estivesse ao redor'? Teríamos muito interesse em ver que trabalho eles teriam feito. E, você sabe, o fato de que os Rolling Stones estão por aí é um tipo de milagre e graça."

Segredos Revelados: "Love Is All We Have Left"


Bono: "Eu meio que tive alguns sustos ao longo dos últimos anos, alguns deles cômicos e sem importância. Mas alguns foram um baque para minha mortalidade."
Como resultado, 'Songs Of Experience' - que vê Bono seguindo o conselho dado pelo poeta irlandês Brendan Kennelly para "escrever como se estivesse morto" - é amplamente concebido como uma série de cartas finais para sua família, amigos e fãs. "É apenas um daqueles momentos em que nada mais importa", diz ele. "Então, o que você quer dizer a si mesmo e o que você quer dizer às pessoas que o amam?"
Uma das ideias sobre o tema "mortalidade" do disco, veio de seu amigo de infância, como Bono contou em uma reveladora entrevista para a Rolling Stone: "Gavin Friday, um dos meus amigos da Cedarwood Road [em Dublin], escreveu uma das minhas músicas favoritas. É chamada "The Last Song I'll Ever Sing", sobre esse personagem em Dublin, quando estávamos crescendo, chamado Diceman, que morreu aos 42 anos, cinco anos depois de ter sido diagnosticado com HIV. Percebi recentemente que "Love Is All We Have Left" é a minha tentativa de escrever essa música. Eu estava imaginando um Frank Sinatra estilo ficção científica. "Amor e amor é tudo o que nos resta". É quase cômico em um sentido, exceto que arranca seu coração. Comédia trágica. Achei que seria interessante escrever uma música do ponto de vista de uma pessoa que talvez não cantasse outra canção novamente (uma referência justamente à canção de Gavin Friday). Uma das coisas que eu me pergunto sobre este álbum é: "se você tem uma coisa a dizer, o que é? Se isso é tudo o que resta, estou contente com isso - o amor."
O que eu queria fazer neste álbum é, ocasionalmente, ter uma conversa dialética, onde o meu eu mais jovem ataca meu eu mais velho. E assim você tem essa voz modificada em "Love Is All We Have Left": "Agora, você está no outro lado do telescópio/sete bilhões de estrelas em seus olhos/tantas estrelas, tantas maneiras de ver/Hey, este não é o momento para não se estar vivo". É a sua inocência falando com a sua experiência e dizendo que está tudo bem. Eu estou um pouco em paz com aquele fanático mais jovem que eu costumava ser. E eu acho que aquele fanático mais jovem não iria desaprovar onde eu acabei. Talvez o processo de chegar lá ele poderia não ter gostado."

Sobre a canção que inspirou Bono: "The Last Song I'll Ever Sing" é do disco 'Shag Tobbaco' de Gavin Friday, lançado em 1996 (álbum em que Bono e Edge fazem backing vocais em "Little Black Dress").
No encarte do álbum, uma dedicatória na música "The Last Song I'll Ever Sing": 'in loving memory of Thom McGinty, The Diceman [1954-1995]'.
Thom McGinty, conhecido como The Diceman, era um ator escocês, modelo e artista de rua especializado em mímica. Passou a maior parte de sua carreira na Irlanda, onde se tornou uma estátua viva e Dubliner honorário. Dublin não tinha visto nada assim antes.
McGinty nasceu em Glasgow em 1952 e foi membro do Strathclyde Theatre Group. Ele foi para a Irlanda em 1976 e trabalhou inicialmente como um modelo nu no National College of Art and Design.
Suas performances de rua atraíam grandes públicos e, quando a Garda tentou tirá-lo, ele fez isso na câmera lenta mais lenta.
Uma grande parte de suas performances eram os próprios figurinos, sempre atraentes e às vezes provocantes.
O Diceman, como ele se tornou conhecido por sua fantasia para a loja de jogos, era uma peça de arte humana que normalmente ficaria absolutamente imóvel em suas fantasias ridículas.
Uma roupa particularmente sem nada demais, atraiu a atenção da Garda e ele foi acusado em 1991 por uma violação da paz por usar uma roupa que poderia ofender a decência pública.
Gay, McGinty apareceu, evidentemente, em trajes, em vários eventos que promovem os direitos dos homossexuais antes que fosse popular ou da moda. Em 1990, McGinty contraiu o HIV e morreu em 20 de fevereiro de 1995.
O vídeo abaixo traz a canção e uma homenagem ao artista:


As influências de Bob Dylan em 'Songs Of Experience'


Gravações de 'Songs Of Experience' do U2 aconteceram dentro do antigo ônibus turístico de Bob Dylan no jardim do Shangri-la Studios em Malibu.
A histórica Shangri-La de Bob Dylan, em Malibu, na Califórnia, além de ter sido residência do roqueiro americano, é um estúdio de gravação e foi palco de muita história do rock and roll. A casa tem quatro quartos, três banheiros, estúdio, salão de jogos e casa de hospedes.
Quando o produtor Rick Rubin adquiriu o local, no quintal estava o antigo ônibus de turnê de Bob Dylan, e então Rick transformou seu interior em um estúdio secundário, e que foi onde o U2 realizou gravações para 'Songs Of Experience'! Bono tirou uma foto sentando no pára-choque do ônibus, vista acima na postagem.
"Lights Of Home" é uma das canções mais pessoais de Bono. É um homem olhando para a sua mortalidade e vislumbrando a imortalidade em que acredita.
Em uma entrevista reveladora para a Rolling Stone, Bono disse: "Há uma referência de Bob Dylan em "Lights Of Home". "Ei, agora, você sabe o meu nome? Para onde vou? Se eu não conseguir uma resposta em seus olhos, eu vejo, as luzes de casa." Pelo menos na minha cabeça, a referência é para uma das minhas canções favoritas de Dylan, "Señor Señor". Nessa música, ele encontra um anjo e ele, tipo, vai nessa viagem com ele. Sempre imaginei que fosse o anjo da morte."
A canção à que Bono se refere é "Senor (Tales of Yankee Power)", de 1978. Dylan disse que este épico assustador de country-rock foi inspirado por um homem que ele viu em um passeio de trem do México para San Diego, e que ele sentiu vontade de ir lá e falar com ele: "Ele deveria ter 150 anos ... Ambos os seus olhos estavam queimando e havia fumaça saindo das narinas."



Sobre outras canção do disco, Bono novamente fala da influência de Dylan: "..... e então em "Landlady" há uma pequena linha genérica de Bob Dylan, que é "nunca saberei o que os poetas que passaram fome queriam dizer, porque quando eu estava sem dinheiro, foi você que sempre pagou o aluguel". Eu aprendi muito com Bob Dylan ao longo dos anos, e uma coisa que eu aprendi é que no seu momento mais sério você precisa de humor. Você precisa de um maldito humor. É por isso que estou tão orgulhoso do álbum. Você tem todas essas coisas mal-humoradas, mas você também tem humor. Espero que tenha apenas o humor suficiente e humildade para não ser uma porra dolorosa."

Vídeo: as canções da versão estendida de 'U2 Live In London'


Foi exibido na RTE da Irlanda o 'U2 Live In London', e foi uma versão somente com as músicas, sem as entrevistas e cenas gravadas em São Paulo.
Foram transmitidas as performances de "Every Breaking Wave", "13 (There Is A Light)", "You're The Best Thing About Me" e "All I Want Is You", que não haviam sido exibidas no Canadá e Inglaterra (U2 At The BBC).
Hoje, a BBC transmite a versão estendida do original 'U2 At The BBC', que trará além destas canções, cenas adicionais e a performance de "The Little Things That You Give It Away".





quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Áudio: as canções da versão estendida de 'U2 Live In London'


Ontem foi exibido na Irlanda o 'U2 Live In London', e foi uma versão somente com as músicas, sem as entrevistas e cenas gravadas em São Paulo.
Foram transmitidas as performances de "Every Breaking Wave", "13 (There Is A Light)", "You're The Best Thing About Me" e "All I Want Is You", que não haviam sido exibidas no Canadá e Inglaterra (U2 At The BBC).

Guilherme Oliveira, do site U2 Wolves, nos disponibiliza os áudios das canções extras!

"Every Breaking Wave"

"13 (There Is A Light)"

"You're The Best Thing About Me"

A Longa Entrevista Na Rolling Stone: Bono fala sobre o U2, sobre o mundo e o que ele aprendeu ao quase morrer - Parte 3


Você disse uma vez que estava no negócio de se candidatar para o trabalho de melhor banda do mundo. Ainda está nesse negócio?

Quero dizer, olha, o cantor é um agitador de multidões e um animador, um feirante. Temos que chamar a atenção para a nossa banda, e o fogo de artifício que vou jogar nas cidades é algo ultrajante como: "estamos reaplicando para ser a melhor banda do mundo." É só fazer com que as pessoas fiquem aborrecidas ou falando sobre isso.

Mas também para se agitar um pouco.

Isso é verdade. Nós apenas vivemos com essa ideia, mesmo nos primeiros 10 anos da vida da banda: "e se nós não estragarmos tudo como todo mundo faz? Não seria incrível ficarmos juntos por 30 anos?" Quero dizer, isso foi uma loucura. Estamos em 40 anos agora, e eu acho que a única maneira que podemos conceber isso é imaginar 'e se o The Clash ainda estivesse ao redor'? Teríamos muito interesse em ver que trabalho eles teriam feito. E, você sabe, o fato de que os Rolling Stones estão por aí é um tipo de milagre e graça.

Você está escrevendo sobre humildade no álbum. Como você fica humilde em sua posição, especialmente em uma época de uma própria auto-promoção?

Há uma diferença entre humildade e insegurança. Eu tenho a insegurança do artista, como eu disse anteriormente. Como artista, você pode sentir a sala. Mesmo se for algum tipo de reunião, um jantar ou uma inauguração, eu posso sentir a sala - que é insegurança. A humildade é um sentido genuíno do seu lugar no universo e compreendo que é bom desempenhar um papel silencioso e solidário na vida dos outros.... Ainda não estou lá. Grandeza como uma pessoa vem de não persegui-la. Consideravelmente maçante se você é um performer - a exibição de fogos de artifício é por que as pessoas estão no show.
Eu costumava pensar que a minha insegurança era a humildade, porque eu não lanço o meu peso ao redor, porque eu tento tratar quem eu encontrar, com respeito. Mas não tenho certeza se foi realmente humildade. Eu acho que poderia ter sido apenas boas maneiras.
Eu ainda tenho aquela coisa, aquele "cão do inferno no meu rastro", qualquer que seja a imagem de Robert Johnson. Quando estou no palco, ainda encontro aquele outro eu, esse tipo de sombra. Eu ainda tenho algum trabalho a fazer em mim para chegar a um lugar que você pode reconhecer como humildade.

Mas é uma luta que você empreende constantemente.

Eu acho que sim. Espero que você não tenha me visto se comportar de uma maneira muito arrogante.

Nada que eu possa recordar.

E tentei não ser assim, tentei não derramar café em todas as pessoas. . . .

O que você acha da crise de refugiados que está acontecendo na Europa?

Posso voltar atrás e tentar dar uma imagem mais macro antes de entrar nisso? No mundo ocidental, em nossa vida, nunca houve um momento, até muito recentemente, quando a equidade e a igualdade não estivessem melhorando. Havia revoltas, mas era como se o mundo estivesse em uma trajetória para a equidade e justiça e igualdade para todos.

Existe a famosa citação de Martin Luther King sobre isso.

"O arco do universo moral é longo, mas se inclina para a justiça". Você e eu crescemos em um mundo onde as coisas estavam melhorando, apesar de todos os contratempos. Isto não estava no mundo mais vasto, não em todo o mundo, mas no mundo em que crescemos. E a razão para isso foi em grande parte porque após a Segunda Guerra Mundial, tornou-se muito claro pela primeira vez que na história da raça humana tivemos a capacidade de extinguir toda a vida.
Isso foi um choque para o sistema que não foi devidamente calibrado. Mudou a forma como Giacometti fez arte. Mudou a forma como Picasso pintou figuras humanas. Tudo mudou conscientemente e inconscientemente. O rock and roll entrou em erupção. Todas as coisas de amor e paz vieram de pessoas nascidas dos escombros da Segunda Guerra Mundial.
Quando a eleição [2016] aconteceu e as pessoas tiveram a intuição que algo terrível e algo sem precedentes estava acontecendo, havia um sentimento de tristeza. Nós tivemos o Brexit, assim os povos na Europa sentiram isso também. E eu pensei: "isto é melodrama." Por que as pessoas, pessoas racionais que eu conheço, estavam com um sofrimento, um sentimento como se alguém tivesse morrido? É uma eleição, e isso será corrigido, de alguma forma.
Mas então eu percebi que algo tinha morrido. A inocência das pessoas tinha morrido. E uma geração que tinha crescido pensando que o espírito humano tinha uma evolução natural em direção à justiça e a justiça estava aprendendo que talvez não fosse esse o caso. Minha atitude foi: "Ok, bom. Agora é hora de acordarmos e percebermos que não podemos aceitar nada disso". Grandes primatas têm estado ao redor muito mais tempo do que a democracia, e esse cara que não deve ser nomeado - ele é apenas uma nova manifestação desse grande primata. Nós ficamos abalados. Mesmo na Europa, as pessoas esqueceram o que o fascismo lhes fez. Se era fascismo descrito como Stalin ou Mao no comunismo do estado, o que quer que você queira chamar. Está esquecido.
Na verdade, vamos voltar a ser como costumávamos ser. O novo normal é o velho normal. Isso é aterrorizante. A demonização do "outro" retornou.
Mas para voltar à sua pergunta. Na Europa, as pessoas temem as suas vidas, os seus estilos de vida e os seus meios de subsistência e a sua homogeneidade cultural, e começaram a colocar muros em torno da sua definição de Europa. Está se tornando a fortaleza Europa, e há uma mentalidade acima - se erguendo, provavelmente alimentada por forças externas. A vergonha é que, no início da crise dos refugiados, você teve aquelas fotografias incríveis de famílias que chegavam da Síria em trens na Alemanha, em Munique, e a recepção maravilhosa que receberam. Pessoas trazendo sapatos e roupas para as crianças - espontaneamente, não organizado. Apenas a bondade genuína do povo alemão. E [Angela] Merkel de repente se torna não só o chefe da Europa, mas o coração da Europa. E o que acontece?
Houve um momento na França em que se Le Pen tivesse vencido a eleição, não Macron, a unificação da Europa estaria ameaçada. Pense nisso. Um dos grandes pontos positivos que saiu da negatividade da Segunda Guerra Mundial poderia ter sido perdido.

O que aconteceu aqui nos Estados Unidos é como se Le Pen ganhasse.

Exato. Eu acho que o momento só precisa ser recuperado. Esta é certamente a era mais sombria desde Nixon. Isso certamente mina a própria ideia da América, o que está acontecendo agora. E os republicanos sabem disso, os democratas sabem disso - ninguém está se saindo bem aqui. Nós sabemos que alguns que deveriam saber melhor tentaram pegar a celebridade do homem para fazer coisas. Eles vão viver para se arrepender. Antes de sair contra ele nas prévias, liguei para muitos amigos republicanos e disse: "Eu não posso, absolutamente, ficar quieto como essa tomada de controle hostil de seu partido e talvez com o que aconteça com o país". E eu fiz a citação, e ainda acordo com isso: "A América é a maior ideia que o mundo já teve, e essa é potencialmente a pior ideia que já aconteceu com ela".

Em "American Soul", você disse que a América é um sonho que o mundo inteiro possui.

Sim, está neste álbum. A Irlanda é um país muito agradável. A França é um grande país. Grã-Bretanha é um grande país, mas não é uma ideia. A América é uma ideia, e é uma grande ideia. E o mundo sente uma participação nessa ideia. O mundo precisa da América para ter sucesso, agora mais do que nunca.
Na América, tivemos tantos republicanos quanto os democratas indo nos ver na última turnê. Isso não é brincadeira. Senadores, pessoas do congresso, mesmo tendo um momento no espetáculo onde houve uma referência ao homem que não deve ser mencionado.

Você foi associado a Aung San Suu Kyi, a líder de fato de Mianmar, cuja libertação você defendeu quando ela era uma prisioneira política. Agora, ela parece estar, no máximo, de pé de braços cruzados enquanto seu país perpetra o que parece ser uma limpeza étnica. Qual é a sua opinião sobre o que está acontecendo lá?

Isso é muito difícil, e eu estou - eu me sinto com náuseas sobre isso. Eu realmente me senti mal, porque não posso acreditar no que a evidência demonstra. Mas há limpeza étnica. Isso realmente está acontecendo, e ela tem que se afastar porque sabe que está acontecendo. Estou certo de que ela tem muitas razões excelentes em sua cabeça do por que ela ainda não se afastou. Talvez seja que ela não quer perder o país de volta às forças armadas. Mas ela já perdeu, se as imagens são o que está se passando, de qualquer forma. Os direitos humanos que estão sendo incendiados, as vidas que estão sendo queimadas no Estado de Rakhine são mais importantes do que uma unidade sem eles.

Acha que ela deveria renunciar?

Ela deveria, no mínimo, falar mais. E se as pessoas não ouvem, então renuncia. Isto é tudo muito preocupante. Ainda estou muito confuso com isso, na verdade.

É surpreendentemente brutal.

É o que nós projetamos para as pessoas o que queremos que sejam? Encontramos alguém que gostamos e dizemos à nós mesmos que existe uma pessoa que é melhor que nós. Mais capaz que nós. Uma bússola moral mais verdadeira que nós. Nós os impregnamos com todas essas qualidades. Fazemos isso com as pessoas. Acho que já fiz isso comigo. As pessoas têm sua versão de você, eles projetam o que eles querem ver em você. Talvez ela sempre foi uma política. Ela não era uma Santa. Ela não era uma espécie de Salvadora. Talvez estivéssemos sempre errados, e só temos de aceitar que estávamos errados. Ou talvez algo terrível aconteceu com ela que nós simplesmente não sabemos.

Você fez a 'The Joshua Tree Tour', você conseguiu lançar um novo disco, e agora você está se preparando para voltar para outra turnê na primavera. Quais são seus pensamentos agora que o ano acabou? Alguma última palavra de sabedoria?

Estou me agarrando na ideia de que através da sabedoria, através da experiência, você pode, de alguma maneira importante, recuperar a inocência. Quero ser brincalhão. Quero ser experimental. Eu quero manter a disciplina da composição em progresso que eu acho que nós deixamos ir por um tempo. Eu quero ser útil. Essa é a nossa oração familiar, como você sabe. Não é a oração mais grandiosa. É justo, estamos disponíveis para o trabalho. Essa é a oração do U2. Queremos ser úteis, mas queremos mudar o mundo. E queremos nos divertir ao mesmo tempo. O que há de errado com isso?

A Longa Entrevista Na Rolling Stone: Bono fala sobre o U2, sobre o mundo e o que ele aprendeu ao quase morrer - Parte 2


Em "Lights Of Home", você escreve: "Eu não deveria estar aqui porque eu deveria estar morto. Posso ver as luzes na minha frente. Eu acredito que meus melhores dias estão à frente, eu posso ver luzes na minha frente. Oh, Jesus, se eu ainda sou seu amigo, o que diabos, o que diabos você tem para mim?"

Há uma referência de Bob Dylan nessa canção. Só vou dizer porque sei que você ama o Bob. "Ei, agora, você sabe o meu nome? Para onde vou? Se eu não conseguir uma resposta em seus olhos, eu vejo, as luzes de casa." Pelo menos na minha cabeça, a referência é para uma das minhas canções favoritas de Dylan, "Señor Señor". Nessa música, ele encontra um anjo e ele, tipo, vai nessa viagem com ele. Sempre imaginei que fosse o anjo da morte.

O nome completo da música é "Señor (Tales Of Yankee Power)". Isso ajuda a explicar?

Não, acho que é Bob colocando você fora do caminho.

Sua música pergunta: "Jesus, o que você tem para mim?" Bem, o que você acha que ele tem para você?

Existe uma libertação inacreditável ao abrir mão. Eu pensei que eu já tinha conseguido, mas esta foi a próxima parcela de confiança. Você sabe, pessoas de fé podem ser muito irritantes. Como quando as pessoas nos Grammys agradecem a Deus por uma música e você pensa: "Deus, essa é uma canção de merda. Não dê crédito a Deus por isso - você deveria pegar para você mesmo!" Estou certo de ter feito isso sozinho. E alguém, tipo: "Eu peguei isso diretamente da boca de Deus!" E você está pensando: "Uau, Deus não tem gosto!"

Ele não consegue escrever uma porra de melodia!

Tipo, "isso é uma rima ruim, Deus!" Então você tem que ter muito cuidado com isso, mas se você está me perguntando o que eu aprendi, eu aprendi a tentar colocar o tempo de lado para meditar no dia seguinte. Eu não quero ficar com religiosidade o tempo todo te enchendo, então me perdoe, mas se você estiver interessado, esta é a meditação de hoje. Vou compartilhar isso com você porque é bonito e porque pode fazer você sorrir. Aí vem ela. Este é o Salmo 18, e é um daqueles Salmos de Davi que foi traduzido para um idioma moderno por este homem chamado Eugene Peterson – grande escritor. Ele diz: "Deus fez a minha vida completa quando eu coloquei todas as peças antes dele. Quando comecei a agir em conjunto, ele me deu um novo começo. Agora, estou alerta aos caminhos de Deus. Não tomo Deus como garantido. Todos os dias revejo as formas como ele trabalha. Tento não perder um truque. Sinto-me remontado, e estou assistindo meu passo. Deus reescreveu o texto da minha vida quando abri o livro do meu coração aos seus olhos." Não é lindo?

Isso é lindo. Conte-me sobre o tema do amor neste álbum. Começa o disco com "Love Is All We Have Left".

Vai levar um tempo para responder suas perguntas, mas vou respondê-las eventualmente. Eu estava imaginando um Frank Sinatra estilo ficção científica. "Amor e amor é tudo o que nos resta". É quase cômico em um sentido, exceto que arranca seu coração. Comédia trágica. Achei que seria interessante escrever uma música do ponto de vista de uma pessoa que talvez não cantasse outra canção novamente. Uma das coisas que eu me pergunto sobre este álbum é: "se você tem uma coisa a dizer, o que é? Se isso é tudo o que resta, estou contente com isso - o amor."
O que eu queria fazer neste álbum é, ocasionalmente, ter uma conversa dialética, onde o meu eu mais jovem ataca meu eu mais velho. E assim você tem essa voz modificada em "Love Is All We Have Left": "Agora, você está no outro lado do telescópio/sete bilhões de estrelas em seus olhos/tantas estrelas, tantas maneiras de ver/Hey, este não é o momento para não se estar vivo". É a sua inocência falando com a sua experiência e dizendo que está tudo bem. Eu estou um pouco em paz com aquele fanático mais jovem que eu costumava ser. E eu acho que aquele fanático mais jovem não iria desaprovar onde eu acabei. Talvez o processo de chegar lá ele poderia não ter gostado.

Você não está apenas cantando canções de amor. Estas são meditações profundas sobre o poder do amor.

É provavelmente o nosso grande assunto como uma banda. Quando cantamos ""Pride (In The Name Of Love)", que era uma coisa tormentosa para um jovem macho cantar, você pensa sobre isso. Mas se você está perguntando de que lado do amor isso está, você sabe, o idioma inglês é tão rico, mas é limitado nesta palavra "amor". Há muitas outras palavras...

E a canção "Ordinary Love"?

Isso é amor não-romântico. O amor que as pessoas criam, os negócios que as pessoas fazem para ficarem juntos. O que Yeats chama de "paixão fria". Eu amo a ideia de que grandes relacionamentos têm uma temperatura mais baixa.

Não um amor transacional, mas uma vontade do dia-a-dia de tolerar e aceitar, o que requer mais paciência e menos paixão.

Sim. Ali e eu estamos provavelmente mais apaixonados agora do que quando nós ficamos juntos a primeira vez. Eu não acho que é dado muito crédito, mas quando as pessoas trabalham através de seus problemas e ficam juntas - "Ordinary Love" (Amor Comum) é isso. Espero que seja interessante escrever canções de amor. Não as centenas de milhares de canções sobre a paixão e perder a sua cabeça ao amar. Não é interessante escrever músicas frias, medidas, estilo "como chegamos aqui"?

"Landlady" é uma canção de amor extraordinariamente bonita sobre você e Ali, agradecendo à ela por tanta coisa.

Chegar em casa - essa é a grande chave para mim. Eu não posso acreditar nisso porque eu cresci dormindo em sofás das pessoas, dormindo no chão, fugindo para o circo e se juntando a uma banda rock & roll. Levei muito tempo para descobrir onde era a minha casa. Eu saí de casa provavelmente na semana em que minha mãe morreu. Quero dizer, eu fiquei lá na casa 10 da Cedarwood Road nos próximos anos, mas eu não estava realmente lá. Em 'Songs Of Innocence', "This Is Where You Can Reach Me Now" explica a realização que eu tive, enquanto estava sentado lá, mudando de endereço. Eu estava com a banda. A banda era onde eu vivia. Eles eram minha outra família.
Levei muito tempo, mas acho que finalmente voltei para casa. Mas a única maneira que eu poderia dizer isso é com algum humor. E então em "Landlady" há uma pequena linha genérica de Bob Dylan, que é "nunca saberei o que os poetas que passaram fome queriam dizer, porque quando eu estava sem dinheiro, foi você que sempre pagou o aluguel". Eu aprendi muito com Bob Dylan ao longo dos anos, e uma coisa que eu aprendi é que no seu momento mais sério você precisa de humor. Você precisa de um maldito humor. É por isso que estou tão orgulhoso do álbum. Você tem todas essas coisas mal-humoradas, mas você também tem humor, em "The Blackout", "o dinossauro se pergunta por que ele ainda caminha na terra. Um meteoro promete que não vai doer." Isso é engraçado, mas "Landlady" também é, e é por isso que "Landlady" funciona. Espero que tenha apenas o humor suficiente e humildade para não ser uma porra dolorosa.

Deixe-me perguntar sobre "Summer Of Love", que é sobre a Síria e os refugiados. De onde veio essa música, musicalmente?

Tem um cara trabalhando com Ryan Tedder, que escreveu uma bela parte da guitarra. E isso foi Edge passando por sua pequena excitação, dizendo: "Oh, se você quer alguma coisa, é só pedir. Como hip-hop, vamos usar um sampler. Vamos samplear, ou reproduzir isto". Era uma grande liberdade para ele. Isso também fazia parte do espírito deste disco. Era como: "vamos olhar em lugares que você normalmente não olha." E então nós temos esse belo humor, e nós temos esse estilo melódico de uma quase ode aos Beach Boys e The Mamas And The Papas, e então encontramos o toque. E a reviravolta é a costa oeste da Síria. E não a costa oeste da Irlanda ou da Califórnia, como muitas pessoas têm escrito em reviews do disco.

As paradas destes novos dias são dominadas por atos mais jovens. Quase tudo no Top 40 é hip-hop ou pop. O rock já não está no centro da nossa cultura. Onde é que o U2 se encaixa neste novo mundo?

Houve uma mudança. Agora, streaming está no modelo baseado em anúncios. E isso é muito, muito jovem, e é muito, muito pop. É dominado pela frequência das reproduções, mas isso não é realmente uma medida do peso de um artista. Quando você se move de um modelo baseado em anúncio para um modelo de assinatura, uma coisa engraçada acontece. Então, o artista que irá fazer você se inscrever é realmente mais valioso.

Aquele que você paga?

Aquele que você paga. Se você é um adolescente e você está ouvindo o que quer que seja que o ato pop faça, você provavelmente está ouvindo-os 100 vezes por dia. É uma paixão adolescente, mas daqui a um ano não vai mais se importar com isso. Mas os artistas que têm uma conexão com você e sua vida, você paga para o serviço de assinatura. Na verdade, vamos presenciar uma revolução na forma como os artistas e seus fãs interagem. Chance the Rapper, que tem uma alma bonita e uma mente para combiná-la, não tem gravadora. Ele está fazendo isso sozinho, e ele é bem sucedido ao ponto onde ele pode dar um milhão de dólares para o sistema escolar de Chicago.
Mas se a sua música está na Apple ou no Spotify, você pode falar diretamente para as pessoas. O que você precisa das gravadoras são recomendações e, você sabe, ajudar com a forma como você gerencia sua banda ou marca ou o trabalho artístico e os vídeos e tudo isso. Este é realmente um período de transição. Tem sido muito hostil para muitos artistas. Eu sabia que o Spotify viria através de pessoas, mas muitos dos meus amigos estavam com raiva por acreditar em mim, porque eles disseram: "Estamos apenas recebendo micro-pagamentos." Eu disse que as coisas iam mudar quando isso atingisse à escala, e vai demorar um pouco. Vai ser desagradável. Não é uma boa hora para ser Cole Porter neste momento.

Spotify está começando a pagar?

À medida que ele escala. . . se as gravadoras não compartilham o que estão recebendo da Spotify, os artistas irão ignorar as gravadoras e ir direto para o Spotify ou a Apple.

E assim, na ecologia disto, onde você se encaixa?

Nós demos nosso último álbum; ou melhor, a Apple deu. E muito generosamente, eu acredito. Mas o álbum antes desse, 'No Line On The Horizon' era muito adulto, fora dos dados demográficos que estão interessados em streaming. Então, estamos apenas indo para isso agora. Ainda não começamos.

Então você acha que a música que você está fazendo agora é mais amigável para streaming?

Sim. É muito, muito interessante, no entanto. Estamos de volta aos anos 50 agora, onde o foco está em canções ao invés de álbuns. O U2 faz álbuns, então como sobrevivemos? Fazendo as músicas melhores. E tendo, espero, a humildade de aceitar que precisamos redescobrir a composição, que é uma razão pela qual Edge e eu e eu assumimos 'Turn Off The Dark', o musical do Homem Aranha, para entrar no teatro musical, o aspecto de Rodgers e Hammerstein na composição de músicas - muitos dos músicos americanos vieram de musicais. Começamos a entrar no que você pode chamar de composição formal.
Perguntamos ao Paul McCartney: "onde é que você arranjou aqueles acordes incríveis nas canções dos Beatles?" E ele disse: "bem, você sabe, nós éramos uma banda rock & roll, mas para conseguir bons shows nós tivemos que fazer casamentos. Como casamentos chiques. Tivemos que aprender Gershwin, todas essas coisas." E eu disse: "não, eu não sabia." E Paul disse: "Oh, sim, nós conseguimos shows mais bem pagos." E eu: "Ah!" Foi como: "Nota para Bono e Edge: Vamos entrar no teatro musical. Vamos pensar sobre isso".
Eu diria que no meio do caminho de 'Songs Of Innocence', nós realmente começamos a pensar de forma diferente sobre a composição, sendo mais formal sobre isso. E agora essas novas músicas têm melodias que você pode ouvir do outro lado da rua, ao virar a esquina. Quando elas são boas, você pode ouvi-las através das paredes.

Como você descobre novas músicas?

A banda está sempre ouvindo música, e eu tenho meus filhos. Jordan é uma pretensiosa musical, uma esnobe indie. Eve é hip-hop. Elijah está em uma banda, e ele tem sentimentos muito fortes sobre a música, mas ele não faz qualquer distinção entre, vamos dizer, o The Who e o The Killers. Ou, você sabe, Nirvana e Royal Blood. Não é geracional para ele. É o som e o que ele está vivenciando. Ele acredita que uma revolução do rock & roll está ao virar da esquina.

Você acredita nisso?

Acho que a música ficou muito feminina. E há algumas coisas boas sobre isso, mas o hip-hop é o único lugar para a raiva masculina jovem no momento - e isso não é bom. Quando eu tinha 16 anos, eu tinha muita raiva em mim. Você precisa encontrar um lugar para ela e para guitarras, seja com uma bateria eletrônica - eu não me importo. No momento em que algo se torna preservada, está fodido. Você poderia muito bem colocá-la em formol. No final, o que é rock & roll? A raiva está no coração dela. Alguns grandes do rock & roll tende a ter isso, e é por isso que o The Who foi uma banda tão grande. Ou Pearl Jam. Eddie tem essa raiva.

E, portanto, você acha que há espaço ainda disponível....

Vai retornar.

Você concorda com Eli?

Seu ângulo de visão era, se a revolução rock & roll não está acontecendo, nós vamos iniciá-lo.

Como você acha que o público do U2 é? Anos atrás, você estava dizendo que tinha que sair e ter um público mais novo, mais jovem, teve que sair em uma pequena turnê em locais pequenos, teve que reinventar.

O experimento da Apple realmente ajudou nisso. Larry tinha sido muito cético sobre isso. Mas, mais tarde, ele estava dizendo: "Olha, eu estou sentado na minha bateria nos shows. Eu posso ver o que você não pode ver, e eu posso ver que o público é mais jovem." Perguntei-lhe como sabia que estava relacionado com a experiência da Apple. Ele disse: "bem, porque eles não sabem as letras de "Beautiful Day", mas eles sabem as letras de "Every Breaking Wave"." E à medida que vamos em frente com este álbum, estamos no rádio - é incrível. Eu não posso pensar em outro artista em seus anos 50 anos que está tocando nas rádios. Na rádio mainstream. Consegue pensar em algum?

Não. Nem o Bruce, nem os Stones...

Você conhece essa música que Bruce escreveu em 2007, "Girls In Their Summer Clothes"? Ouvi essa música e disse: "Esta música deve estar no rádio, por que isso não é totalmente sobre rádio?" Eu falei com alguém recentemente, um fã de Bruce, e eu disse: "Você conhece essa música? É a música mais perspicaz sobre o envelhecimento. É uma música de experiência na verdade". E ele disse: "Não, eu não sabia disso". Então, essas músicas, elas podem escorregar pelas rachaduras da cultura. É por isso que o U2 vai vender nossos produtos da mesma forma que fizemos com nosso primeiro álbum.

Como você vai medir o sucesso para 'Songs Of Experience'?

Eu gostaria de ter canções famosas, de modo que quando nós tocarmos em nosso show ao vivo as pessoas não vão perguntar, "qual é essa? Devemos ir ao banheiro agora?"

Que canções você acha que vai se tornar famosas?

Eu sei que "You're The Best Thing About Me" será uma delas. Eu acho que "Get Out of Your Own Way" será uma delas. A maior de todas poderia ser "Love Is Bigger Than Anything In Its Way", mas pode ser que isso é o que as pessoas do rádio estão nos dizendo. Poderia ser algo inesperado como "The Showman" ou, você sabe, "Red Flag Day, "Summer Of Love"... eu não sei.

Qual é a parte mais difícil de estar no U2 agora, em 2017?

Obter consenso.

Por exemplo?

Algumas pessoas, de uma forma muito sã, estão pensando: "por que você quer fazer isso? Por que você quer nossas músicas no rádio? E eu digo que, se nós acreditamos em nossas canções, nós temos que usar todo o meio que nós pudermos encontrar para alcançar as pessoas. Não precisamos fazer isso por dinheiro. Não precisamos fazer isso por nada. E, é claro, nossa banda poderia fazer turnês pelo resto de sua vida apenas sobre o que temos. Estou pedindo-lhes para colocar um monte de energia para gravar essas novas músicas e, em seguida, vender nossos produtos, colocando tudo sobre a mesa, como fazíamos quando éramos jovens. Só que não somos jovens.

Então, há um pouco de uma divisão existencial quanto à sua ambição, que é tão quente quanto sempre.

Sinto uma compulsão para as músicas. Se você vai chegar até aqui, você deve seguir todo o caminho. E não sei se isso pode durar para sempre. Mas, uau, nós temos as músicas agora. Chegando aqui no carro, em uma estação, ouvimos "You're The Best Thing About Me". Em outra estação, chamada Wave, ouvi "Bullet Uhe Blue Sky". Uma jornada. . . por cerca de 30 anos.

Como o resto da banda se sente sobre as novas músicas?

Eu diria que Edge parece ser alguém que quer estar na banda mais do que nunca. Certamente mais focado nela como um todo. Eu acho que os dois últimos álbuns o lembraram que os pontos fortes do U2 - acima dos atmosféricos e da inovação e todas essas coisas que ele ama - são grandes melodias e pensamentos claros. Foi aí que entramos. A melodia do verso em "The Best Thing" foi um retorno à forma dele. Eu estava chamando de Punk Motown, mas eu era o Punk e ele era definitivamente o Motown.
Adam está sampleando eras mais antigas e deixando-as em novas eras como um artista pós-moderno. Ele é o nosso carteiro pós-moderno. Warhol começou essa coisa de samplers, ele gostaria que o visse assim. Certas músicas trazem a sensação de que ele é influenciado por outra pessoa. Adam nos vê como obras de arte. É como se ele estivesse caminhando pelo mercado de arte e sempre procurando algo interessante. Não sei se Larry sabe o que fazer do álbum. Ele adorou a turnê, mas ele e eu provavelmente somos os mais difíceis em todas as gravações do U2. Depois que terminamos o 'The Joshua Tree', lembro-me de ir à casa de Chris Blackwell na Jamaica. Nós dois estivemos no bar todas as noites, comemorando toda aquela confusão que passamos. Ele tem esse tipo de coisa irlandesa de ser pessimista com tudo o que é novo. Eu já tive isso também algumas vezes, mas não com este álbum. Mas, você sabe, somos exatamente assim. É difícil de explicar.

A Longa Entrevista Na Rolling Stone: Bono fala sobre o U2, sobre o mundo e o que ele aprendeu ao quase morrer - Parte 1


Em 1985, pouco depois de o U2 estourar na América, a Rolling Stone nomeou-os a "banda dos anos 80". Ao longo de 30 anos e 16 histórias de capa, a revista tem criado um relacionamento profundo com o U2. O novo álbum da banda, 'Songs Of Experience', foi para o topo das paradas no início de dezembro, o que significa que o U2 agora tem um álbum número um em cada década a partir dos anos 80.
A primeira entrevista de Jann S. Wenner com Bono aconteceu em 2005, quando conversaram por 10 horas durante um longo fim de semana em Cancún, México, iniciando um diálogo íntimo sobre rock & roll, justiça social, fé e o propósito da arte. Esta entrevista retoma de onde a outra parou, embora desta vez as estacas são muito maiores. A eleição de Donald Trump e uma onda crescente de fascismo na Europa abalou Bono, que teve uma experiência de quase-morte sofrida durante a fase de gravações de 'Songs Of Experience'. Enquanto ele ainda acha difícil falar sobre seu "evento de extinção", como ele chama, Bono abriu sobre o seu profundo efeito em sua vida e e no novo álbum.
A entrevista foi conduzida ao longo de duas sessões na mesa da cozinha do apartamento de Jann S. Wenner em Nova York, ao virar a esquina de onde Bono tem uma moradia na cidade. Pessoalmente, Bono é caloroso, engajado e atencioso, mesmo discutindo assuntos difíceis. O que brilha tanto quanto qualquer coisa é a sua ambição, que queima tão brilhantemente como sempre. O U2 permanece faminto – para novas abordagens de composição, para encontrar seu lugar na era de streaming, para uma nova turnê prevista para a primavera. Bono continua a derramar sua energia em causas globais, encontrando-se com líderes mundiais e trabalhando em nome de sua One Campaign, que luta contra a pobreza extrema. Ele é o mais raro dos astros do rock – um artista e um ativista na mesma medida. Como sempre, ele continua a ser um otimista - e um dos maiores comunicadores do rock, cheio de sagacidade e sinceridade e poesia.

Você acabou de terminar a turnê de 'The Joshua Tree'. Nostalgia é algo que o U2 gosta de evitar, então como foi sair e tocar um velho álbum todas as noites?

A postura que tomamos foi [agir] como se tivéssemos acabado de lançar 'The Joshua Tree' na semana anterior. Então não havia nenhum filme antigo de Super 8 ou qualquer coisa para dar a sensação daquele tempo. Sentimos que a sua força era o que ele tinha significado, talvez até mais significado agora do que antes. Essa foi a presunção, e ficou cada vez melhor. Terminamos com quatro noites em São Paulo, na frente, eu acho, de quase 300.000 pessoas, e foi um grande crescendo.
Mas se eu sou honesto - e eu provavelmente deveria ser nesta entrevista - eu não me recuperei muito disso. Eu me entreguei ao canto de novas formas, mas não havia muito essa coisa de sair e descobrir os lugares que estávamos tocando, as cidades que estávamos tocando, o que eu realmente gosto de fazer. Entrar nas músicas foi mais uma provação do que eu imaginava. Elas são muito exigentes em termos de seu emocional - que palavra estou procurando... franqueza. E então estávamos nos preparando para 'Songs Of Experience'. Toda essa promoção exige muito mais trabalho do que eu me recordo, mas se você acredita nas músicas, você tem que defendê-las e apresentá-las.

'Songs Of Experience' estreou no número um na parada de álbuns, o que significa que você teve um álbum no topo das paradas em cada década a partir dos anos 80. Por que você ainda busca tanto por hits?

Quero dizer, não é para todos - e não pode ser para nós o tempo todo. Mas pareceu-me correto. Estes dois últimos álbuns misturam o pessoal e o político de modo que você não sabe de qual deles você está falando. Isso é uma espécie de truque de magia, e percebendo que, naturalmente, todos os problemas que encontramos no mundo exterior são apenas manifestações de nós, você sabe, o que temos dentro de nós, em nossos mundos interiores. O maior filho da puta, o maior idiota, o maioral, o mais sexista que podemos ser, o mais egoísta, maldoso, astuto, todos os personagens que você vai vê-los no espelho. E é aí que o trabalho de transformação tem que começar primeiro. Não é isso que a experiência nos diz?

Como você visualizou 'Songs Of Experience' em relação a 'Songs Of Innocence', seu álbum companheiro de 2014?

Eu tive esta ideia do seu eu mais novo que fala a seu eu mais velho há um bom tempo. É um interessante dispositivo dramático. [Vários anos atrás] eu estava em uma exposição de fotografias de Anton Corbijn em Amsterdã, e alguém me perguntou o que eu diria para uma foto lá, acho que era uma foto minha aos 22 anos. Eu pensei sobre isso, e então eu disse, "Pare de duvidar de si mesmo. Você está certo."
E então a pessoa perguntou o que o meu eu mais jovem diria para o meu eu mais velho. Fiquei um pouco nervoso. Eu não tinha certeza. Eu tomei essa hesitação como um sinal de que talvez eu não estivesse confortável com onde eu estou agora. Eu estava começando a perceber que eu tinha perdido um pouco daquela ferocidade. Alguma daquela clareza, esse ponto de vista em preto-e-branco.

Mas agora parece que você está em outro lugar inteiramente. Parece que você tem mais clareza, que você aprendeu mais.

Estou menos inseguro sobre assumir riscos políticos ou riscos sociais. Quando eu me tornei um ativista, as pessoas diziam: "tem certeza?" Mas elas eventualmente aceitaram isso. Então comecei a me interessar pelo comércio e a maquinaria, do que tirava as pessoas da pobreza e da prosperidade. E então algumas pessoas disseram: "você não pode realmente ir lá, pode?"
Eu disse: "mas se você é um artista, você deve ir lá." Você e eu tivemos a conversa ao longo dos anos: o que o artista pode fazer? O que o artista não pode fazer, e existem limites? Agora, eu diria para o meu eu mais jovem: "Experimente mais e não deixe que as pessoas o coloquem dentro de uma caixa. Não há nada que você não possa colocar em sua tela, se é parte de sua vida". Nós temos essa ideia na cultura que saiu dos anos 60 e 70, de que os artistas estavam de alguma forma acima da briga, ou deveriam estar acima da briga.

Que eles têm uma desculpa para não participar.

Eu tinha uma desculpa para não participar. Mas eu sabia que algumas pessoas que têm empregos regulares são tão valiosas como os artistas, talvez mais valioso. E há mais idiotas por metro quadrado entre os artistas dos EUA. Lembro-me de encontrar Björk, e ela disse que na Islândia, fazer uma cadeira é um grande negócio. Tipo, uma música não é mais importante que uma cadeira. E eu: "bem, dependendo da cadeira, o povo irlandês sabe que isso é verdade." Então, se isso é verdade, então pare com esse absurdo que um artista é uma pessoa de mais alto nível.

Uma coisa é que este disco parece ser sobre a sobrevivência. A sobrevivência do mundo, e do nosso sistema político. Mas vamos falar sobre sua própria sobrevivência. No meio da gravação, você teve uma experiência de quase-morte. Diga-me o que aconteceu.

Bem.... eu não quero falar sobre isso.

Eu entendo. Eu tive minha própria experiência recentemente. As pessoas querem perguntar sobre a minha saúde, e eu hesito em falar sobre isso. Por que me sinto assim? Estou envergonhado? É a fraqueza que estou tentando encobrir?

É apenas uma coisa que... as pessoas têm esses eventos de extinção em suas vidas; pode ser psicológico ou físico. E, sim, foi físico para mim, mas acho que me poupei de toda aquela novela. Especialmente com este tipo de obsessão com celebridades, com as minúcias da vida das pessoas - eu quero me distanciar disso. Quero falar sobre o problema de forma que as pessoas preencham os espaços em branco sobre que passaram, entende?
É uma coisa você falar sobre isso em um lugar que registre isso, como a Rolling Stone, mas quando isso chega ao tabloide local é simplesmente horrível. Torna-se a questão que todos estão perguntando.

Mas vamos falar sobre isso em um sentido elíptico. Quero dizer, é central para o álbum.

Sim. Este apocalipse político estava acontecendo na Europa e na América, e ele encontrou uma rima perfeita com o que estava acontecendo na minha própria vida. E eu tive muitos golpes ao longo dos anos. Você recebe sinais de aviso, e então você percebe que você não é um tanque, como minha esposa Ali diz. Edge tem essa coisa que ele diz sobre mim, que eu olho para o meu corpo como uma inconveniência.

Em 2000, você teve um susto com um câncer de garganta, certo?

Não, foi um exame para ver se tinha algo. Um dos especialistas queria biópsia, o que teria colocado em risco minhas cordas vocais - mas acabou bem.

Há alguns anos, eu visitei você no hospital com o seu braço numa espécie de estrutura da Ponte George Washington.

Depois do meu acidente de bicicleta, fingindo que havia sido um acidente de carro.

Pareceu ruim, e depois essa última coisa. Foi um monte de pinceladas com a morte.

Há uma tragédia cômica com um acidente de bicicleta no Central Park - não é exatamente James Dean. Mas a coisa que me abalou foi que eu não me lembro. Eu tive amnésia. Não faço ideia de como aconteceu. Isso me deixou um pouco desconfortável, mas as outras coisas acabaram realmente me atingindo. Foi como: "você pode me dar uma dica?"

Você está fazendo o álbum e, em seguida, de repente você teve que lidar com o seu problema de saúde. Como isso afetou o álbum e sua visão?

Bem, curiosamente, a mortalidade ia ser um assunto de qualquer maneira, apenas porque é um assunto que não é muitas vezes coberto. E você não poderia escrever 'Songs Of Experience' sem escrever sobre isso. E eu tive alguns desses choques para o sistema, vamos chamá-los assim, em minha vida. Como o acidente de bicicleta ou a lesão nas costas. Então, sempre será o assunto. Eu só não queria ser um especialista nisso.
Conheci um poeta chamado Brendan Kennelly. Eu o conheço há anos. Ele é um poeta inacreditável. E ele disse: "Bono, se você quiser chegar ao lugar onde a escrita vive, imagine que você está morto." Não há ego, não há vaidade, não se preocupe com quem você vai ofender. É um ótimo conselho. Eu só não queria ter que descobrir fora de uma excursão mental. Não queria descobrir da pior maneira.

Então, como a idéia de mortalidade entrou em jogo?

Gavin Friday, um dos meus amigos da Cedarwood Road [em Dublin], escreveu uma das minhas músicas favoritas. É chamada "The Last Song I'll Ever Sing", sobre esse personagem em Dublin, quando estávamos crescendo, chamado Diceman, que morreu aos 42 anos, cinco anos depois de ter sido diagnosticado com HIV. Percebi recentemente que "Love Is All We Have Left" é a minha tentativa de escrever essa música.

Pode ser mais preciso? Tipo, essa músicas você acha que vieram diretamente do seu momento de quase-morte?

Não são tanto as canções como...

O estado de espírito disso.

Eu acho que.... quero dizer, como esta: "The Showman" - essa é uma música leve, uma música divertida, e tornou-se uma música realmente importante. Não se render à melancolia é a coisa mais importante se você estiver lutando para sair de qualquer canto em que você esteja. Auto-piedade? Os irlandeses, nós somos campeões mundiais nesse nível. É nossa característica nacional menos interessante. E eu nunca quis me render a isso, então o punk rock, o tempo de algumas músicas, de repente tornou-se realmente importante.
Mas o segundo verso é a chave, e tem a melhor linha do álbum, que é a seguinte: "É o que é, mas não é o que parece. Esta coisa sem sentido é a coisa dos sonhos. Eu apenas possuo uma auto estima baixa o suficiente para me levar para onde eu quero ir". Eu queria poder dizer que isso é meu, mas foi Jimmy Iovine que disse isso. Um amigo meu estava provocando ele, e eu disse: "Oh, está um pouco inseguro, Jimmy?" E Jimmy virou-se e disse: "Eu tenho uma auto estima baixa o suficiente para me levar para onde eu quero ir".

Isso soa como uma avaliação realista de você e suas bobagens.

Os artistas são pessoas muito inseguras. Gavin Friday, a sua linha para mim anos e anos atrás foi "insegurança é a sua melhor segurança para um performer." Um performer precisa saber o que está acontecendo na sala e sentir a sala, e você não sente a sala se você é normal, se você estiver inteiro. Se você tiver um grande senso de si próprio, você não será tão vulnerável para as opiniões dos outros ou o amor e os aplausos e a aprovação dos outros.

No entanto, o evento todo enriqueceu o álbum - fale sobre uma experiência.

Mas não é muito bom? Eu pensei que 'Experience' seria mais contemplativo, e tem esse lado, mas o coração do álbum é o spunk e o punk e o impulso disso. Há uma espécie de juventude sobre isso. Um monte de ritmos são para cima. E eu tenho algumas das linhas mais engraçadas, penso eu. "Um dinossauro pergunta por que ele ainda caminha pela Terra". Quero dizer, eu comecei essa linha sobre mim.

Sendo um dinossauro?

Sim, claro, mas então eu comecei a pensar sobre isso em termos do que está acontecendo em todo o mundo. E eu pensei, "Deus, a democracia, a coisa que eu cresci com toda a minha vida... isso é o que realmente enfrenta um evento de extinção."

Em uma entrevista que você e eu fizemos em 2005, você disse isso: "nossa definição de arte está abrindo o peito, com certeza. Apenas uma cirurgia de coração aberto. Eu gostaria que houvesse uma maneira mais fácil, mas as pessoas querem sangue, e eu sou um deles."

Vida, morte e arte... todos esses negócios sangrentos.

Como sua fé o conduziu através de tudo isso?

A pessoa que escreveu melhor sobre o amor na era cristã foi Paulo de Tarso, que se tornou Saint Paul. Ele era fudido, durão. Ele é um cara superintelectual, mas ele é feroz e ele tem, naturalmente, a experiência Damasceno. Ele sai e vive como um fabricante de tendas. Ele começa a pregar, e ele escreve esta ode ao amor, que todo mundo conhece de sua carta aos Coríntios: "o amor é paciente, o amor é bondoso.... O amor carrega todas as coisas, o amor acredita em tudo "- você ouve isso em muitos casamentos. Como você escreve essas coisas quando você está no seu momento mais difícil? Porque eu não consegui. Não o fiz. Eu não me aprofundei em mim mesmo. Eu estou olhando para alguém como Paul, que estava na prisão e escrevendo essas cartas de amor e pensando: "como é que isso acontece? É incrível."
Agora, isso não o cura de tudo, do que ele pensa de mulheres ou pessoas gays ou qualquer outra coisa, mas dentro de seu contexto, ele tem uma visão incrivelmente transcendente do amor. E eu acredito que na escuridão é onde aprendemos a ver. É quando nos vemos mais claramente – quando não há luz.
Você me perguntou sobre a minha fé. Tive uma sensação de asfixia. Eu sou um cantor, e tudo o que faço vem do ar. Energia, vem do ar. E nesse processo, senti que estava sufocando. Essa foi a coisa mais assustadora que poderia acontecer comigo porque estava sofrendo. Pergunte a Ali. Ela disse que eu não notaria se tivesse uma faca saindo das minhas costas. Eu falaria: "ahh, o que é isso?" Mas, no ano passado, eu me senti muito sozinho e muito assustado e incapaz de falar e incapaz de explicar o meu medo, como......

Quando você sentiu como se estivesse sufocando?

Sim. Mas, você sabe, as pessoas tiveram coisas muito piores para lidar, de modo que é outra razão para não falar sobre isso. Você humilhar todas as pessoas que, você sabe, nunca passaram por isso ou não conseguiram atendimentos para sua saúde.

Você sente que teve sorte?

Tive sorte? Sou o homem mais sortudo do mundo. Não achei que tivesse medo de deixar este mundo tão rapidamente. Eu pensei que seria inconveniente porque eu tenho alguns álbuns para fazer e as crianças para ver crescer e esta linda mulher e meus amigos e tudo isso. Mas eu não era esse cara. E de repente você é aquele cara. E você pensa: "Eu não quero ir embora daqui. Há muito mais para fazer". E eu sou abençoado. A graça, e algumas pessoas realmente inteligentes me fizeram passar através disso, e minha fé é forte.
Leio os Salmos de Davi o tempo todo. Eles são incríveis. Ele é o primeiro bluesman, gritando com Deus: "por que isso aconteceu comigo?" Mas há honestidade nisso também.... E, claro, ele se parecia com o Elvis. Se você olhar para a escultura de Michelangelo, você não acha que Davi se parece com Elvis?

Ele é uma beleza incrível.

Também é irritante que ele seja o judeu mais famoso do mundo e eles lhe deram um incircunciso. Isso é apenas uma loucura. Mas, de qualquer forma, ele é um personagem muito atraente. Dançar pelado diante das tropas. Sua esposa chateada com ele por fazer isso. Você sente que você pode gostar dele, mas ele faz coisas terríveis enquanto ele perambula por quatro fases - servo, poeta, guerreiro, rei. Coisas terríveis. Ele é uma figura bastante moderna em termos de suas contradições. . . . Isso é chato?
Mas se você voltar para seus primeiros dias, Davi é ungido por Samuel, o Profeta Samuel, e, acima de tudo, seus irmãos mais velhos, um pastor presumivelmente cheirando a merda de ovelhas, ele é informado: "Sim, você vai ser o rei de Israel." E todo mundo está rindo, como, "você tem que estar brincando - esse garoto?" Mas apenas alguns anos depois, Saul, o rei, é relatado como tendo um demônio e a única coisa que vai acalmar o demônio é a música.... Faz sentido para mim. Davi pode tocar harpa. Enquanto ele está caminhando até o palácio, ele deve estar pensando: "é isso! É assim que vai acontecer." Ainda melhor, quando ele encontra o rei e começa a ser amigo do filho do rei, Jonathan. É como, "Uau, isso definitivamente vai acontecer! O velho profeta Samuel estava certo." E depois o que acontece? Em um momento de fúria demoníaca, Saul se volta contra ele, tenta matá-lo com uma lança, e ele é, de fato, exilado. Ele é perseguido, e se esconde em uma caverna. E na escuridão daquela caverna, no silêncio e no medo e provavelmente no fedor, ele escreve o primeiro Salmo.
E eu queria que isso não fosse verdade. Eu gostaria de não saber o suficiente sobre arte para saber que isso é verdade. Que às vezes você só tem que estar naquela caverna de desespero. E se você ainda está acordado... há essa parte muito engraçada que vem em seguida. Então Davi, nosso herói, está escondido na caverna, e o exército de Saul vem procurando por ele. Na verdade, o rei Saul entra na caverna onde Davi está se escondendo... ah... use as instalações. Eu não estou inventando isso - isso está nas Sagradas Escrituras. Davi está sentado lá, escondido. Ele poderia apenas matar o rei, mas ele diz: "não, ele é o ungido. Eu não posso tocá-lo". Ele apenas corta um pedaço do manto de Saul, e então Saul fica em seu cavalo enquanto eles vão. Eles estão no vale, e então Davi sai e ele diz, "seu rei, seu Saul, eu estava tão perto."
É uma bela história. Eu pensei sobre isso toda a minha vida, porque eu sabia que era a origem do blues.

O videoclipe de "The Sound Of A", canção de Alice Cooper com Larry Mullen na bateria


O novo álbum de Alice Cooper, o 27° de estúdio, intitulado 'Paranormal', traz Larry Mullen em 9 das 10 faixas no disco.
Foi lançado o videoclipe do novo single do disco, "The Sound Of A", canção em que Larry toca!

A Trilogia De 'Three'


'Three', ou U2 3, é o primeiro lançamento do U2. Onde tudo começou! O EP de três músicas foi gravado e comercializado em 1979, com produção da própria banda e de Chas de Whalley, e inicialmente feito em vinil de 12 polegadas para o mercado irlandês, com 1000 cópias numeradas à mão. Posteriormente, uma versão em compacto 7 polegadas também foi prensada.
A ordem de execução foi determinada por uma pesquisa com ouvintes do programa de rádio de Dave Fanning. Eles determinaram que a vencedora seria "Out Of Control" para ser o Lado A do registro, com "Boy/Girl" e "Stories For Boys" constituindo o Lado B do registro.
O U2 tocou ao vivo todas as músicas de 'Three' ao vivo regularmente nos anos de formação da banda. As primeiras apresentações conhecidas de "Out Of Control" e "Stories For Boys" ocorreram em agosto de 1979.
"Out Of Control" foi escrita no décimo oitavo aniversário de Bono. "Boy/Girl" também pode ter sido tocada nesta época: uma canção daquela fase, chamada "In Your Hand" pode ser relacionada de alguma forma com "Boy/Girl", mas não existem gravações conhecidas disto.
A primeira performance conhecida de "Boy/Girl" aconteceu em outubro de 1979.
Todas as três canções foram regularmente tocadas na turnê 'Boy' em 1980-1981, embora "Boy/Girl" apareceu menos nos setlists do que as outras. "Stories For Boys", que estreou em uma data desconhecida em agosto de 1979, foi usada para abrir os concertos algumas vezes antes de ser colocada para o final do setlist principal, mais perto de "Out Of Control", que era quase sempre a última canção do set principal. Em meados de março de 1981, as três canções foram colocadas juntas para fechar o set principal. "Stories For Boys" era tocada primeiro, seguida por "Boy/Girl", e então "Out Of Control". Esta trilogia de 'Three' durou até o final da turnê.



ALEXA 65 gravou as imagens de maior proporção e de maior resolução existentes para os shows da 'The Joshua Tree Tour 2017' do U2


DP Sebastian Wintero colaborou com o diretor Anton Corbijn em visuais gigantescos para a 'The Joshua Tree Tour 2017' do U2.
A turnê, revisitando o imensamente bem-sucedido álbum de 1987 do U2, exigiu um pano de fundo de imagens em movimento que se conectassem com essa herança e correspondessem à escala épica das performances. Sem surpresa, a banda voltou-se para o diretor / fotógrafo Anton Corbijn, que havia fotografado a icônica capa do álbum 30 anos antes. Corbijn trouxe Sebastian Wintero, que gravou com o exclusivo sistema de câmera ALEXA 65 da ARRI Rental com uma proporção especial de imagem de 4.5: 1, criando as maiores imagens e de maior resolução já exibidas em uma turnê de concertos.
Wintero conta como foi trabalhar com ALEXA 65.

"Quando Anton e eu começamos a falar sobre a filmagem do U2, nós só tínhamos trabalhado juntos anteriormente em um único projeto: uma gravação muito íntima e de mais baixa tecnologia em Berlim. Isto acabou por ser completamente o oposto, uma vez que o formato de projeção era para o telão de fundo do U2 para a sua próxima turnê, uma das maiores telas já construídas, com uma largura impressionante, capaz de projetar uma resolução surpreendente de 7200 x 1560.
Os filmes em si estavam servindo como pano de fundo para a música de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, e elas foram destinadas a ser na maior parte cenas single-take, gravações wide com ação limitada, mas ainda forte o suficiente para segurar por cinco ou seis minutos sem expirar visualmente.
As poucas vezes que tive a chance de trabalhar com telões de LED, eu sempre vim com uma certa relutância, por causa dos compromissos visuais que às vezes trazem com eles - artefatos, a banda ou problemas técnicos que o distraem da experiência de visualização, fazendo você estar ciente de que você está assistindo uma tela reproduzindo uma imagem ao invés de apenas poder mergulhar na imagem real.
Por um lado, tivemos que chegar a um formato de gravação que era tecnicamente sofisticado o suficiente para atender a todas essas especificações diferentes. Por outro lado, os filmes deveriam combinar e respeitar a abordagem de Anton — que estabelece um alto padrão para a estética e a presença humana — e o enorme impacto emocional da música, sem ficar no caminho de qualquer um deles.
A necessidade de entregar em mais de 6K sugeriu uma gama muito estreita de câmeras, e testes rapidamente nos fez cair de amor com ALEXA 65, basicamente porque oferece qualidade impressionante sem se sentir como uma câmera "técnica", uma vez que normalmente eles tendem a priorizar contagem de pixels e mera resolução sobre a qualidade real da imagem, o que é um elemento complicado para definir ou articular.
Conhecer e admirar o estilo e método simples, mas insistente, de Anton, focado no assunto e no momento, fez da ALEXA 65 uma escolha óbvia em termos do processo criativo. Isso nos deu espaço para usar a intuição mais do que qualquer outra coisa; poderíamos considerar a imagem, as pessoas na frente da lente, a luz natural, de uma forma que eu acho que nós dois apreciamos.
Isso trouxe o meu instinto de volta para gravar em filme, onde você automaticamente se concentra mais no disparo, a iluminação e a composição do que a câmera e como capturar tecnicamente, e que é realmente o melhor testamento para qualquer câmera, na minha opinião. A película significou que você poderia confiar no meio como uma ferramenta ativa que capturasse o que você viu, com uma riqueza e um impacto que adicionassem à imagem final, e a ALEXA 65 teve o mesmo tipo de liberdade. Era tão simples de trabalhar, eu acho que nós dois achamos libertador - o fato de que você pode trabalhar dentro de uma resolução digital tão brilhante, e ainda usar intuição simples para chegar à imagem.
Considerando os fundos em preto e branco de Anton na fotografia dos filmes, ele também introduziu outra característica interessante: a capacidade de manter o grau de vida e projetar LUTs para monitorar no set. Isso resultou ser uma grande vantagem, já que a maioria das cenas deveria terminar em preto e branco. Isso nos deu o controle total sobre a imagem, abrindo um playground criativo, onde nós poderíamos experimentar e auditar infinitamente vários looks de "impressão", então carregá-los na câmera e inspirar-se neles, ao contrário do monitoramento em um LUT padrão como Rec 709.
Fazer isso ainda nos permitiu reagir em um nível mais intuitivo para a imagem e composição. Porque você está assistindo a interpretação da realidade já na sua frente (em vez de tentar imaginar o que poderia parecer depois de uma DI final), você acaba reagindo a ela um pouco diferente. Adicionou à facilidade e ao imediatismo do processo criativo, e fez isso de forma que se sentia intuitivo em oposição ao técnico, o que era uma grande vantagem."






Do site: arrirentalgroup.com

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Por dentro de 'U2 7'


U2 7 é um EP lançado com exclusividade pela Target Stores nos Estados Unidos em 2002, pela Interscope Records, a gravadora do U2 nos EUA. É uma coletânea de b-sides dos singles do álbum 'All That You Can't Leave Behind' de 2000, já que a banda não lançou nenhum single do disco nos Estados Unidos. O título se refere ao número de faixas. Da mesma forma, no momento do lançamento de 7, foi fixado o preço em torno de sete dólares americanos. O título é também uma homenagem a 'Three' (1979), o primeiro EP do grupo.
7 foi lançado em todas as 1.055 lojas da Target nos Estados Unidos, em 22 de janeiro de 2002. Nas lojas, foram originalmente vendidos no preço de US$6,99.
A foto utilizada na capa é semelhante à uma foto dos Beatles nos anos 60:

Tudo o que resta: "Fé, esperança e amor. Mas o maior destes é o amor"


Steve Stockman, autor do livro 'Walk On: A Jornada Espiritual Do U2', em seu blog Soul Surmise:

A primeira faixa no 14° álbum de estúdio do U2, 'Songs Of Experience', define a cena e aponta o caminho.
"Love Is All That We Have Left" é uma balada espiritual, que anseia, é esparsa, com um ambiente atmosférico. Tem Bono cantando tão intimamente e nu como ele quer estar no resto dessas músicas ou como ele diz nas notas do encarte: "Eu quis mergulhar nu em 'Songs Of Experience'. Não apenas nadar nu, mergulhando com os que eu amo. Eu queria tirar a minha pele". Ele está sendo canalizado através de algum processador para soar como Stephen Hawking.
Embora talvez estivesse tão nu como jamais esteve, reconhecendo sua mortalidade, imaginando se ele nunca vai ouvir as músicas que ele está escrevendo, Bono também está se cobrindo nas Escrituras, estabelecendo a base para o resto do registro.
Começar no final é uma das ambições desta coleção. Então, o que está no final? Bono encontra sua resposta nas escritas de Saint Paul. Em 1 Coríntios 13, Paul fica lírico sobre o amor. Sua sabedoria bíblica permeia tudo em 'Songs Of Experience'. Paul conclui que, de fato, o amor é tudo o que nos resta: "E agora estes três permanecem: fé, esperança e amor. Mas o maior destes é o amor".
Bono também parafraseia pensamentos de Jesus sobre a vida e o fim de tudo. Jesus disse aos seus discípulos "de que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro, se se perde e se destrói a si mesmo?" (Lucas 9:25). Bono é tentado por esse mundo. Talvez a tentação de uma guitarra dourada em "Lights Of Home" traia esse desejo por coisas. Jesus, no entanto, oferece algo mais e quando você olha para trás do fim das coisas é muito mais gratificante:

"Eu queria o mundo, mas você sabia melhor do que ninguém
E tudo o que temos é imortalidade"

Esta é uma boa meditação à medida que se tem a primeira audição de 'Songs Of Experience' enquanto se lança o Advento. O bebê que se espera aparece logo na música. O amor que é tudo o que nos resta no final, não é um pensamento poético etéreo agradável. Aquele amor tem substância.
Bono sempre falou sobre a poesia do Natal:

"... o amor precisa encontrar forma, a intimidade precisa ser sussurrada. Para mim, faz sentido. Na verdade, é lógica. É pura lógica. A essência tem que se manifestar. É inevitável. O amor tem que se tornar uma ação ou algo concreto. Teria que acontecer. Deve haver uma encarnação. O amor deve ser feito de carne."

E aqui estão estes pensamentos transformados em letra:

"Amor, e o amor é tudo o que nos resta
Um bebê chora na porta
O amor é tudo o que nos resta"

Não há espaço interno, o amor que Deus nos enviou, a carne, está na soleira da porta. É quase uma canção de Natal! No final para Bono, será tudo o que lhe resta.
Vendo o mundo e tudo o que está nele a partir deste lugar final, e espaço, Bono pode então nos sugerir que todos os nossos argumentos sejam pessoais ou políticos, poderiam ser evitados por esta sabedoria espiritual final:

"Você argumenta porque não pode aceitar
O amor é tudo o que nos resta"

Como o prólogo do Evangelho Segundo João, tudo o que se segue é densamente embalado na aparente leveza política do toque lírico.

domingo, 24 de dezembro de 2017

Aquela 'pincelada com a mortalidade' tirou Bono da sessão busking de caridade em Dublin na véspera do Natal de 2016


Há uma tradição de Natal muito esperada pelos fãs do U2, que é Bono e seus amigos na Grafton Street, centro comercial de Dublin, na véspera de Natal, para uma sessão busking de caridade pela falta de moradia em Dublin.
Isso acontece desde 2009, mas Bono neste ano de 2017 não compareceu. Outros dois anos em que ele não esteve presente foi em 2014, quando se recuperava de um grave acidente de bicicleta ocorrido no Central Park, e no ano de 2016, que ninguém sabia o motivo. Mas agora parece que tudo começa a se encaixar.
Bono: "Eu meio que tive alguns sustos ao longo dos últimos anos, alguns deles cômicos e sem importância. Mas alguns foram um baque para minha mortalidade. Tive um acidente de bicicleta e machuquei minhas mãos. Desde então, tive outros problemas. Então eu disse 'o que está acontecendo aqui?'
Bono não entrou em detalhes, mas disse que o grande golpe veio no Natal de 2016, onde ele pensou: "Ok, eu posso não ser indestrutível. Um momento eu parei e, naquela pausa, pensei: eu vou olhar para a mortalidade e como ela afeta a maneira como vejo minha família, amigos e fé".
Como resultado, 'Songs Of Experience' - que vê Bono seguindo o conselho dado pelo poeta irlandês Brendan Kennelly para "escrever como se estivesse morto" - é amplamente concebido como uma série de cartas finais para sua família, amigos e fãs. "É apenas um daqueles momentos em que nada mais importa", diz ele. "Então, o que você quer dizer a si mesmo e o que você quer dizer às pessoas que o amam?"
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