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terça-feira, 17 de agosto de 2021

Quando Bono pediu a liberdade para David Hicks, o 'talibã australiano'


No ano de 2006 quando o U2 estava com sua Vertigo Tour na Austrália, Bono pediu a liberdade de David Hicks, o talibã australiano, detido na base americana de Guantánamo.
Durante o show em Brisbane, Bono disse que Hicks, detido cinco anos antes por suposto crime de terrorismo, deveria ser julgado em seu país de origem. O pedido fez parte da agenda de Bono na Austrália, que incluiu a intenção de se reunir com o primeiro-ministro, John Howard.
Hicks primeiramente se declarou inocente das acusações de conspiração em crimes de guerra, tentativa de assassinato e ajuda ao inimigo durante a invasão dos Estados Unidos ao Afeganistão, em 2001.
Bono queria que o governo de Howard aumentasse a ajuda ao Terceiro Mundo e se unisse aos países que dedicavam 0,7% de seu PIB (Produto Interno Bruto) ao desenvolvimento das nações pobres.
Howard respondeu por meio da rádio ABC que só se reuniria com Bono se ele abrisse mão de impor os temas da reunião. "Não me comprometo antecipadamente com os empresários neste país e certamente não o faço com ... artistas irlandeses de alto nível", disse o primeiro-ministro.
No show do U2, durante "Sunday Bloody Sunday", Bono disse ao público: "Aos 20 anos, costumávamos trabalhar muito para a Anistia e esta noite ainda estamos trabalhando para eles", referindo-se à campanha do grupo de direitos humanos Amnistia Internacional com sede em Londres para pôr fim ao encarceramento de Hicks.
"Estamos pedindo que David Hicks seja trazido de volta à Austrália para enfrentar um julgamento justo aqui", disse Bono para um público de 50.000 pessoas.
John Howard se recusava a pedir a Washington que repatriasse Hicks, argumentando que ele não podia ser julgado na Austrália porque as atividades terroristas que ele era acusado de realizar no Afeganistão em 2001 não eram proibidas pela lei australiana naquela época.
Em 2007, um tribunal militar americano condenou David Hicks a nove meses de prisão por apoiar o terrorismo.
Depois de a junta de oficiais militares recomendar a pena máxima de sete anos, o juiz coronel Ralph Kohlmann revelou que um acordo com os advogados de Hicks, no qual o réu se declarou culpado das acusações de terrorismo, previa o máximo de nove meses de reclusão.
O australiano se declarou culpado das acusações de "apoio material ao terrorismo" em uma audiência preliminar.
O chamado talibã australiano, um tratador de cavalos convertido ao Islã, foi acusado de participar dos campos de treinamento da rede terrorista Al-Qaeda no Afeganistão e conhecido Osama Bin Laden.
Em 2015, o Tribunal da Comissão Militar de Revisão dos Estados Unidos anulou de forma unânime, a condenação por apoio material à Al-Qaeda imposta contra David Hicks. Por unanimidade, os três juízes de apelação anularam sua condenação a sete anos de prisão, dos quais cumpriu apenas nove meses, em conformidade com um acordo com a promotoria. "O governo não tem intenção de apelar", declarou à AFP um porta-voz do Pentágono, Myles Caggins. "O senhor Hicks foi repatriado à Austrália em 2007, pouco depois de se declarar culpado", acrescentou. Segundo o texto da corte, os juízes militares apoiaram sua decisão em outra pronunciada recentemente por um tribunal civil de apelações de Washington, que anulou a condenação de outro preso de Guantánamo ao estimar que "o apoio material ao terrorismo" não era considerado um crime de guerra, razão pela qual podia ser julgado por um tribunal militar. 
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