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sábado, 2 de junho de 2018

"Eu não costumo sair com homens que usam brincos"


Em 1993, quando o produtor Phil Ramone estava organizando 'Duets', de Frank Sinatra, ficou decidido combinar a voz de Ol' Blue Eyes em "I've Got You Under My Skin", com o vocal de Bono.
"Eu não costumo sair com homens que usam brincos", disse Sinatra para Bono. Mais tarde, quando os dois se tornaram amigos, Bono admirou uma das pinturas de Frank penduradas na parede de sua casa em Palm Springs. Sinatra então tirou a pintura e deu para Bono como um presente.

Phil Ramone faleceu em 1993. No livro 'U2 At The End of The World' de Bill Flanagan, há mais detalhes sobre a sessão do produtor com Bono para "I've Got You Under My Skin", com tradução do site Ultraviolet U2 Fan Club Brazil:

"Bono entra na pequena cabine do engenheiro de som, onde ele é apresentado ao produtor Phil Ramone e ao executivo da EMI Records, Don Rubin. Eles vieram dos Estados Unidos para este encontro para uma gravação de Frank Sinatra cantando "I've Got You Under My Skin". Bono está aqui para gravar um overdub, outro vocal ao lado de Frank, criando um dueto para o grande álbum de retorno de Sinatra. Ramone enviou a Bono um cassete da versão de Frank para que ele pudesse se familiarizar com o arranjo. O produtor, amavelmente, tinha gravado em uma fita um cantor americano fazendo um cover da sessão de Bono para dar ao nosso herói uma dica de como ele poderia abordar música.
Bono, no entanto, conseguiu (para variar) perder a fita antes de ouvi-la. Quando ele a recebeu, colocou-a no porta-luvas de seu carro, e logo em seguida emprestou o carro para George Regis, um dos advogados americanos do U2, para ir a uma viagem de pesca para o oeste da Irlanda. George voltou na última noite, Bill Flanagan se encontrou com ele em Tosca, o restaurante de Norman Hewson (irmão de Bono), onde ele disse a Bono quanto gostou da fita de Sinatra. "Ah", Bono disse, então ela estava aí!
Então Bono aparece hoje despreparado, mas implacável, com muito entusiasmo. Ele está pronto para cantar com Frank. Ramone é uma espécie de hippie da velha escola de Nova York. Nos anos setenta, ele produziu Paul Simon, Billy Joel e Barbra Streisand. Enquanto coloca a fita e toca para Bono a voz principal que lhe servirá de guia vocal ele diz: "Só como sugestão, não há roteiro aqui". Ramone tem feito que o cantor faça uma sessão vocal com a voz alta, para ficar diferente do tom sempre descendente do Chefe. Bono diz que está tudo bem, ele não tem nenhum problema com o voo acima do espaço aéreo de Frank.
O projeto de Sinatra é um pouco de um artifício. O 'Velho Olhos Azuis' não fez um novo álbum nos últimos nove anos. Ele não tem interesse em fazer algo similar. Ele diz que não há músicas novas que ele queira cantar (o que dá profundidade à tragédia por Bono ter sido incapaz de fazê-lo considerar "Two Shots Of Happy, One Shot Of Sad", ao menos o é para Bono), apesar de que pode significar que não há músicas novas que ele queira ter de aprender. Sinatra continua fazendo turnês regularmente. Algumas noites ele improvisa, de forma fantástica, inventando frases e atuando para compensar a perda da originalidade ou o alcance da voz. Em uma boa noite ele prova porque é considerado o maior cantor popular de sua época. Durante estes shows até os momentos mais foleiros são divertidos e sua famosa grosseria (apresentando o diretor da orquestra, como seu filho, Frank Jr., e, em seguida, tão logo se calam os aplausos, dizendo: "Sua mãe me fez dar-lhe o trabalho, ninguém mais o contrataria") é perdoável. Além disso, é ótimo ver as velhas senhoras de cabelo azul guinchando e gritando: "Oh, Frankie, você ainda tem o dom!" Em uma noite ruim de Sinatra ele apenas está presente. Ele passeia pelas músicas distraidamente e lê as letras de um teleprompter. Há muito que dizer de sua atitude que dá motivos para que não faça mais nenhum álbum. Se as pessoas querem comprar um disco de Frank Sinatra, existem ainda dezenas nas prateleiras. E ele certamente não fará em seus setenta anos, algo tão bom quanto as profundas obras primas que ele gravou na casa dos trinta. Por que dissolver o legado?
Bem, para fazer um monte de dinheiro, só para dizer um motivo. A EMI, possuidora do Capitol, o selo em que Sinatra fez o seu melhor trabalho na década de 1950, entrou em cena depois que Sinatra deixou sua longa associação com a Reprise Records e sugeriu esta maneira fácil de voltar a gravar. Tudo o que Frank tinha que fazer era ir para um estúdio e cantar as músicas que ele cantava todas as noites no palco. Ramone pegaria as fitas e gravaria por cima, outras pessoas famosas cantando junto com ele. Um gancho excelente de marketing! Uma maneira de chegar a todos os baby boomers, que gostariam de possuir um CD de Frank Sinatra, mas não sabem qual deles comprar. (Um tipo semelhante de estratégia de marketing parece estar sendo planejado para a gravação de um disco de Johnny Cash, para o qual todas as estrelas de rock atualmente estão sendo convidadas a escrever uma canção. Em um único período de 24 horas no mês anterior, Bono, Elvis Costello, e Mark Knopfler disseram à Bill Flanagan: "Adivinha o que estou escrevendo? Uma canção para Johnny Cash"), Bono disse aos produtores de Sinatra desde o início que não queria ser apenas mais uma "estrelinha". E outras celebridades convidadas, Carly Simon, Barbra Streisand, Kenny G não são o que há de melhor. Madonna, aparentemente, desistiu quando soube que seu dueto não seria o único no álbum."
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