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domingo, 20 de março de 2022

Vendas de música em mídias físicas aumentam pela primeira vez em 26 anos


De acordo com um relatório da Recording Industry Association of America (RIAA), as vendas de CDs nos Estados Unidos aumentaram pela primeira vez desde 2004. Combinado com discos de vinil, as vendas de música física aumentaram pela primeira vez desde 1996.
A indústria da música moderna existe principalmente devido aos serviços de streaming, mas não se pode mais ignorar o fator dos amantes e colecionadores de música. As remessas saltaram de 31,6 milhões (em 2020) para 46,6 milhões em 2021. A receita foi impactada (muito) positivamente, e foi de US$ 483,2 milhões para US$ 584,2 milhões.
Obviamente, essas quantidades ainda são muito inferiores ao que era encontrado no início da década de 2000, quando quase 1 bilhão de CDs foram comercializados nos Estados Unidos.
Mais do que outros, é claro, as lojas de música estão felizes com essa tendência. Doyle Davis, co-proprietário de uma das lojas de varejo, confirmou à Axios que o vinil é o líder entre as mídias físicas, embora os CDs estejam se mantendo. Ele observou que os novos álbuns de CD estão mostrando vendas consistentemente fortes, especialmente quando as editoras lhes dão uma janela antes dos lançamentos em vinil. "Acho que é tudo sobre jovens que descobriram que gostam de cópias impressas de álbuns na era digital", comentou Davis sobre a nova tendência.
Na década de 1990, os CDs eram o principal formato de música e suas vendas atingiram o pico em 2000, quando suas receitas combinadas foram de US$ 13,2 bilhões nos Estados Unidos. E então houve uma revolução. O Napster e vários serviços de streaming pirata estabeleceram um novo formato e abriram o caminho para serviços de streaming legais, que só nos Estados Unidos geraram US$ 8,6 bilhões em receita no ano passado.
A nova tendência também é bem-vinda por artistas cujos lucros das vendas de streaming são complementados pela venda de discos de vinil e CDs. "Acho que no geral está ótimo. Isso fala da saúde e do retorno geral dos portadores físicos", diz o Sr. Davis.
Mesmo com esses resultados absolutamente positivos, ainda não tem como comparar com a fonte de receita gerada pelos serviços por assinatura pagos, que excede US$ 8,6 bilhões. Com o ressurgimento de vendagens consideráveis de mídias físicas, que sentiram o primeiro aumento de vendas em 26 anos (como um todo, entre CDs e vinis e outros), fica difícil competir com a acessibilidade e a facilidade das músicas em alta qualidade que são encontradas.
As vendas combinadas de vinis e CDs representam alto em torno de 11% da receita medida pela RIAA. Já as geradas pelas assinaturas representam 57,2% da receita. Mesmo sendo muito mais fácil e conveniente ouvir as suas músicas favoritas diretamente do seu celular (ou outros aparelhos similares), podendo atingir qualidade altíssima, colecionadores de mídia física têm à disposição produtos que podem ser admirados, e também podem ser consumidos irrestritamente, sem a necessidade de renovar planos mensais - que podem até não ser caros, mas são gastos mensais fixos (ou anuais, dependendo do seu pacote).
No Brasil, não há um levantamento oficial das vendas de CDs e o mercado de música física é baseado em discos usados, embora a comunidade de colecionadores de LP tenha se aquecido também.
O músico Jack White diz estar cansado de assistir calado enquanto artistas encaram filas intermináveis e a falta de insumos para lançar novos álbuns no formato vinil. 
Conforme publicado pela Pitchfork, o músico fez um apelo em vídeo às gravadoras por uma fabricação própria de discos, atualmente dependente de serviços terceirizados e incapazes de incorporar o "crescimento insano da demanda" por esse tipo de mídia física, que possui uma longa fila de espera para novos pedidos. 
White é dono de uma gravadora e possui uma fábrica de discos desde 2017, por isso recebe muitos pedidos de ajuda de artistas e outras pessoas do ramo. No vídeo, o músico aparece na fábrica da Third Man Records e faz um apelo para as três maiores gravadoras globais, Warner, Sony e Universal, para investir nessa área. 
"Em um mundo tão dependente de ser atual e cronometrado na hora certa (um single, um álbum, uma turnê etc.), essa [espera pelos discos] matam o timing, a alma, a expressão artística e, muitas vezes, dos meios de subsistência. Algo precisa ser feito", disse. 
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