O U2 forneceu aos fãs de Nova York algo que não poderia ser resumido em um slogan, escreveu Isaac Guzman, do New York Daily News.
Os nova-iorquinos compareceram ao show do U2 em Outubro de 2001 no Madison Square Garden em busca de uma motivação. Mas a banda que aclamou milhões com hinos em defesa dos direitos civis e da espiritualidade deu a eles algo mais atencioso, algo que não poderia ser resumido em um slogan.
Os fãs estavam ansiosos por qualquer sinal de compaixão ou empatia que o U2 pudesse oferecer após a tragédia de 11 de setembro. Sem avisar, a multidão explodiu em gritos de "U-S-A" e "Vamos lá, Yankees".
Bono, no entanto, manifestou exibições mais sutis. Quando um fã deu a ele uma bandeira americana durante "Sunday Bloody Sunday", ele não marchou com ela como fez com uma bandeira branca de rendição. Em vez disso, o cantor simplesmente abraçou as estrelas e as litras e a devolveu com reverência.
Ele também declarou a noite uma celebração, observando que o I.R.A. decidiu desmontar seu arsenal. Sua lembrança dos "dias sombrios e feios" de ataques terroristas em Belfast e Londres ressaltou a compreensão da banda sobre a dor e o medo dos americanos.
Durante "One", o U2 usou um enorme monitor de vídeo para exibir uma lista rolando com os nomes das vítimas de 11 de setembro: aqueles que morreram nos quatro aviões sequestrados e os bombeiros e policiais mortos. Os nomes dos outros desaparecidos nos escombros do World Trade Center foram projetados na plateia, onde lançaram sombras fantasmagóricas.
Foi uma peça teatral poderosa, especialmente quando combinada com a letra de Bono: "Somos um, mas não somos os mesmos / Temos que carregar um ao outro, carregar um ao outro".
Dias antes em Chicago, Bono falou em "One": "Obrigado, realmente não gostaria de estar em nenhum outro lugar agora. Também quero agradecer o apoio que vocês nos deram na campanha Drop the Debt - depois de 11 de setembro toda a campanha tornou-se cada vez mais importante porque esses lunáticos e fanáticos malucos alimentam-se da pobreza na África, eles estão se alimentando disso e estão agitando isso e nós vamos enfrentar e vamos tomar as ruas e vamos enviar cartas para congressistas e senadores, vamos fazer o mundo o tipo de lugar em que todos nós gostaríamos de viver e isso é o que eu chamaria de cortar o suprimento de oxigênio para o fanatismo ... Eu quero dizer que nossos corações e nossas orações estão com vocês, qualquer um de vocês que têm irmãs, irmãos no exército, nossas orações estão com vocês, nossas orações também estão com crianças inocentes e pessoas no Afeganistão que também não querem esses idiotas malucos. Eu li o Alcorão e não vejo do que eles estão falando no Alcorão. 'Ele está perto de Deus que faz seus amigos rirem' - eu gosto dessa frase do Alcorão".
Após o final da turnê, Bono disse: "A raiva é algo simples. Qualquer artista sabe que pode fazer isso com um pincel preto. Isso é o que o rock é no momento. É uma coisa fácil de fazer: pintar de preto. A alegria é outra coisa. É muito mais difícil de criar porque você está lidando com algo muito mais profundo e muito mais emocional. É uma conexão com o público que beira a fé, acreditar em algo juntos.
Acho que as pessoas estavam procurando por esse espírito antes de 11 de setembro, mas ele se intensificou desde então. As pessoas não querem mais apenas atitude na música. Eles querem algo mais genuíno porque algo mudou no mundo. Acho que os jovens querem isso tanto quanto qualquer outra pessoa. Na primeira parte da turnê, percebi que o público era composto principalmente por fãs regulares. Mas na segunda etapa, o público foi bem mais jovem.
A violência real agora é apenas um erro crasso para todos. Todo o núcleo de uma cidade pode ser retirado por uma mala cheia de alguma bomba nuclear suja. Isso faz com que o tipo de angústia suburbana que tem sido uma parte tão grande do rock ultimamente pareça algo bem pequeno - o cara que está dizendo: 'Estou tão zangado com o mundo que vou me machucar'. É o suficiente para fazer você rir. As apostas são muito maiores agora".
0 Comentários
