Bono subiu ao palco pela última vez acompanhado de Jacknife Lee (Teclados), Kate Ellis (Violoncelo, Backing Vocal) e Gemma Doherty (Harpa, Teclados, Backing Vocal) para contar sua história, e encerrou sua turnê solo 'Stories Of Surrender' com uma apresentação no Teatro San Carlo em Nápoles, Itália.
Uma performance extra de "Torna A Surriento" aconteceu no final do show, como material para o filme oficial que está sendo gravado pelo diretor Andrew Dominik. Esta performance é a que deverá ser usada no final do filme.
Bono estava em lágrimas quando terminou a primeira performance da noite de "Torna A Surriento", devido o local remeter a duas figuras-chave em sua vida: seu pai Bob e Luciano Pavarotti.
O palco do show foi o Teatro San Carlo, uma casa de ópera em Nápoles, com capacidade para 1386 pessoas. O local é a casa de ópera mais antiga do mundo, inaugurada em 1737.
Um apresentação especial do show 'Stories Of Surrender' aconteceu em Nova York no The Beacon Theatre para este filme, com um grupo de fãs convidados, e a exibição do produto final acontecerá em um serviço de streaming. O site U2 Songs escreve que os rumores são que é para o Apple Plus ainda este ano.
A maior parte da filmagem foi feita na apresentação especial no The Beacon Theatre, mas não com o setlist completo padrão da turnê, e com filmagens adicionais de músicas sendo registradas.
O show contou a história do U2, claro, mas sobretudo a de sua família de origem, a da família construída com sua esposa Ali e depois a de compromisso político e amizade com Luciano Pavarotti.
Bono perdeu a mãe quando tinha apenas 14 anos. Iris sofreu um aneurisma durante o funeral de seu pai, avô de Bono. Desde então, diz ele, nunca mais se falou dela em casa.
O espetáculo alternou histórias e canções, momentos públicos e pessoais.
Todas as histórias que Bono conta são intercaladas com diálogos que aconteceram ao longo do tempo com seu pai Bob, em um canto do Finnegan, seu pub favorito em Dublin, que ele chama de Sorrento Lounge. Às vezes são diálogos hilários, às vezes dramáticos. Bob finge não se importar com a vida de estrela do rock de seu filho, Bono tenta gritar cada vez mais alto para seu pai ouvir. Como quando ele apareceu anunciando que havia telefonado para Luciano Pavarotti (que é frequentemente referido como o maior cantor da história da humanidade) e foi questionado pelo pai se por acaso não ligou errado.
O público participa (também graças à proibição do uso de smartphones, que são lacrados na entrada e alguns trechos do show foram legendados para o público italiano), mantém o ritmo durante as partes cantadas, respira fundo quando a história fica mais tensa e a voz de Bono mais profunda. As músicas são apresentadas na versão do último álbum do U2, 'Songs Of Surrender', com novos arranjos e até algumas palavras trocadas aqui e ali, enquanto os desenhos feitos pelo cantor rolam ao fundo. Muito poucas improvisações.
Bono cita Ramones, The Clash, Patty Smith e Bob Dylan como as divindades tutelares da banda. Ela admite que ele não sabia tocar, assim como Adam Clayton, e nem conseguia cantar no início. Ele gosta de tirar sarro de si mesmo e de seu irmão, mas leva muito a sério uma coisa: quando fala sobre as campanhas que se engajou e os trilhões de dólares arrecadados, ele saindo por aí conversando e tirando fotos com pessoas que ele nunca gostou (políticos) só para trazer para casa um resultado, a luta contra a pobreza e a propagação da AIDS.
Também o encontro com Pavarotti foi um sinal de compromisso, aquele levado adiante com Pavarotti And Friends. Bono foi com The Edge e seus respectivos pais. Na ocasião também aconteceu o episódio mais hilário da noite, quando o pai de Bono (católico e sempre hostil à família real) literalmente se derreteu ao ver a princesa Diana. "800 anos de opressão esquecidos em 8 segundos", comentou Bono.
Perto do final, Bono explicou por que o show se chama Stories Of Surrender: a rendição de que ele fala foi para os outros, para aqueles que ele amava, aqueles que ele se fechava. Na política, foi a rendição ao compromisso. Na música foi rendição aos outros 3 integrantes da banda. Uma rendição com sabor de mudança, a evolução, a envolvimento contínuo.
E só para provar (mais uma vez) algo ao pai que sempre o considerou "um barítono que se acha tenor", Bono fechou o show com uma intensa interpretação de "Torna A Surriento". De fato, após a ovação do público, as interpretações se tornarão duas, já que (talvez por necessidades de filmagem) Bono pediu desculpas e voltou a interpretar a mesma música.
A saída do palco ocorreu entre cantos de estádio e aplausos muito longos.