Bono tem um hobby incomum: desenhar capas falsas de revistas. Especificamente a da Atlantic.
Bono gosta de fanfic de capa da Atlantic - tanto que foi convidado para ilustrar a capa de junho da revista com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, para um artigo que argumenta como 2023 trará um ponto de virada para a luta da Ucrânia pela liberdade e a responsabilidade do Ocidente para aquela luta.
O editor-chefe Jeffrey Goldberg descobriu o curioso hábito de Bono ao visitar o cantor em sua casa em Dublin no ano passado. A revista traçou o perfil do vocalista do U2, e Bono queria mostrar a eles como ele estava expandindo suas ambições artísticas para as artes visuais. "Ele apenas anda por aí com um iPad e desenha tudo", lembrou Goldberg.
Por e-mail, Bono escreve: "Aprendi a desenhar e pintar em fotografias com meu pai, que coloria as polaroids em preto e branco de minha mãe".
Os sketches de Bono incluem representações de canções do U2, publicadas em seu livro de memórias de 2022 'Surrender', bem como desenhos de suas influências musicais que a Atlantic publicou como parte de seu perfil de Bono. Mas elas também incluem sua opinião sobre a arte da capa da Atlantic para a peça de Ed Yong sobre cognição animal, que apresentava uma imagem impressionante de uma coruja. Bono é um assinante. Goldberg ficou lisonjeado, impressionado e se divertiu.
"É uma coisa deliciosa e estranha", pensou Goldberg na época, "ter um dos maiores astros do rock do mundo passando o tempo em seu iPad redesenhando suas capas".
Bono confirma que já "desenhou e pintou sobre as capas da The Atlantic antes … desfigurado é outra palavra para isso, mas é com muito carinho. Sou fã de seu formato de jornalismo".
Goldberg perguntou a ele: Por que não fazer uma real? Então ele fez.
Como artista freelancer, ele não recebeu tratamento de astro do rock. Ele conversou com o diretor de arte da revista, Oliver Munday, em 15 a 20 iterações diferentes da imagem - o que é típico - e começou como um simples desenho riscado de Zelesnky.
As capas de revistas de notícias fazem mais do que apenas transmitir o tom de uma matéria. Eles já serviram como a principal forma de atrair os clientes a realmente comprar uma cópia em uma banca de jornal. Na era digital, as capas se tornam virais pela forma como respondem com urgência e criatividade a um momento de notícias.
Para Goldberg, a capa de Bono não apenas transmite a mensagem da peça (que Goldberg co-escreveu com Anne Applebaum) "e é esteticamente agradável", mas também ajuda a destacar uma questão global complexa que pode estar saindo da primeira página dos jornais diários.
"Não foi difícil chamar a atenção para a história da Ucrânia nos primeiros dias do conflito, porque foi muito chocante", disse Goldberg. "Mas, como qualquer outra coisa, os leitores se acostumam com as histórias à medida que avançam. E como editor de qualquer coisa, você quer chamar a atenção máxima para as histórias que seu pessoal está fazendo".
"Então, sim", disse ele, "fazer Bono esboçar um retrato de Zelesnky não é ciência do foguete".
Bono pode ser conhecido tanto por seu envolvimento em assuntos globais quanto por sua música; ele é comum no circuito de líderes mundiais, defendendo causas relacionadas à AIDS e às mudanças climáticas. Goldberg disse que eles conversaram longamente sobre Zelensky e a Ucrânia. Bono tem uma afinidade com Zelensky; ele viajou com The Edge, para se apresentar no metrô de Kiev no ano passado, a convite de Zelensky.
"Nós sobrecarregamos [Zelensky] com expectativas impossíveis – e incrivelmente, ele não nos decepcionou", escreveu Bono em seu e-mail. "Acho que é porque o presidente Zelenskyy não é mais uma pessoa, ele é o povo ucraniano. Como você desenha isso? Bem, você não pode. Então, tentei fazer um ícone do rosto dele. Alguns rabiscos e simplesmente saio do caminho".
Mas os editores do Atlantic ficaram impressionados com o estilo característico de Bono e sua dedicação ao empreendimento. Cartazes políticos e arte de protesto inspiraram a ideia da imagem, Munday escreveu por e-mail. "Decidimos que essa capa da Atlantic deveria, até certo ponto, parecer inspirada nessa tradição. Deveria parecer quase não-revista nesse sentido.
Bono esboçou de forma rápida e prolífica", escreveu Munday, e eles gravitaram em torno de versões que apresentavam um "Zelensky simplificado, renderizado quase como um recorte de estêncil".
Outras versões eram em preto e branco e azul e branco antes de definir o amarelo e azul, evocando a bandeira ucraniana.
A capa é amarela brilhante e Zelesnky é contornado em azul ucraniano. Bono sugere que as cores sejam mais brilhantes. A citação "A escolha é entre a liberdade e o medo", foi escrita com a caligrafia de Bono.
Sim, a revista pagou a Bono sua taxa usual para ilustrações de capa.
0 Comentários
