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quarta-feira, 8 de março de 2017
Maria McKee conta histórias sobre o U2 e a The Joshua Tree Tour
Como um membro da Lone Justice, uma das várias bandas que abriram shows da turnê The Joshua Tree, Maria McKee, graças ao U2, conheceu Frank Sinatra, participou de festa com a lenda do The Clash, Mick Jones, e forneceu a inspiração para um roteiro de um filme de Bono.
A banda Lone Justice primeiro atravessou a América com o U2, e então triunfalmente foi para a Europa. Eles surgiram da crescente cena cow-punk de Los Angeles, misturaram country-rock com punk para forjar um emocionante som de rock de raízes. Mais tarde, a vocalista Maria McKee iria passar a desfrutar de uma bem sucedida carreira solo, como compositora – escrevendo hits como "A Good Heart" de Fergal Sharkey – e como um performer, atingindo o n°1 das paradas do Reino Unido com a balada "Show Me Heaven".
Naquela época, o Lone Justice era outra banda jovem com fome para o sucesso. O grupo já tinha tocado em datas na turnê de 'The Unforgettable Fire' e eram amigos do U2 quando os Dubliners perguntaram se eles queriam se juntar à banda nas viagens da turnê The Joshua Tree. Estranhamente, Maria McKee disse que ela não era uma grande fã do U2 no começo.
"Bem, é meio complicado", ela começa a se explicar. "Lone Justice foi formado como uma espécie de reação ao pós-punk e new wave - aquela coisa almofadinha, pós-Bowie, aquele new romantic mais pop que existia na época. Nós estávamos dentro das raízes do rock, country, caipira e tudo mais. Moldando aquilo em algo novo, com uma energia punk, que foi o mais importante. Nós teríamos apreciado o U2 como músicos, mas para nós eles estavam mais naquela categoria new wave/MTV, então não prestei muita atenção a eles, e eu os teria visto como parte da velha guarda."
No entanto, uma vez que Maria McKee assistiu um show, ela ficou apaixonada, como ela relata. "Quando primeiro nos convidaram para sair em turnê com eles, fomos vê-los tocar e pensei 'Uau, você sabe, tem meu respeito', porque seu show era muito de outro mundo. E a voz de Bono era incrível, ela soava muito verdadeira. Era operística, quase religiosa como um canto de igreja, reverente e transformadora. Então com certeza, me tornei uma fã. Fui criada em uma igreja cristã e eles eram tão abertamente cristãos, então houve essa conexão também."
No total, o Lone Justice abriu 57 shows para o U2, como recorda Maria McKee, e algumas noites eram mais memoráveis do que outras.
"Eu nunca vou esquecer a vez que tocamos em Las Vegas. Há um famoso comediante, Don Rickles, uma das pessoas mais engraçadas que já existiu, e o filho dele, o Larry, que já não está conosco, era um grande fã do U2. Ele arrumou para a banda ir ver Frank Sinatra tocar em um pequeno local – eu acho que foi no Caesar’s Palace e Don Rickles estava abrindo o show de Frank na ocasião. Então fomos para lá e assistimos Frank bem de perto naquele local pequeno. Todos os integrantes do U2 estavam lá e Frank estava fazendo piadinhas no palco sobre os submarinos U-2 (Unterseeboot 2) ou algo assim. Mas acho que ele sabia que essa banda era grandiaosa e que eles estavam em uma grande turnê na época. Depois, fomos para o backstage para conhecê-lo. Tenho certeza que foi aquela a primeira vez que Bono conheceu Frank. Aquela noite basicamente mudou a minha vida – eu achava que ele era o maior cantor que já existiu e Frank e eu tivemos um momento juntos (risos). Eu era muito jovem, loira, com um vestido um pouco como Grace Kelly. Ele era muito gracioso – ele me disse que eu era linda. Qualquer hora depois daquilo, quando eu estava tendo um dia ruim com meu cabelo, eu apenas lembrava de Frank e dele dizendo como eu era linda."
Maria McKee diz que se lembra da turnê pela Europa como sendo férias.
"Eu acabei chamando-a de 'U2 Lone Justice Country Club Tour' porque foi literalmente como um pacote de férias", ela ri. "Foi quando eles estavam fazendo grandes shows ao ar livre tipo festivais – e eles estavam revezando as bandas de abertura. Algumas noites seria o The Pretenders, ou Big Audio Dynamite ou Lou Reed, e algumas noites eram nós. Eu me lembro que fizemos Wembley e na Itália iríamos tocar em Roma – subir ao palco e tocar por cerca de 20 minutos e então teríamos três dias de folga. Meus roadies e eu pegávamos o trem e íamos visitar todos os lugares – foi muita loucura e muito divertido. Então eu me tornei uma parte da comitiva de Mick Jones com Don Letts e aqueles caras, eles sabiam onde eram todos os clubs underground e house parties. Eu era muito inexperiente naqueles dias - não bebia e eu ainda era virgem, mas eu também era uma punk das antigas e eu estava ansiosa para ver o que estava acontecendo. Sempre era Don Letts que dizia: 'quem está cuidando da Maria?' Eu era muito incorrompida naqueles dias."
Ela tinha alguma canção favorita do álbum The Joshua Tree?
"Meu Deus, estou tentando lembrar delas agora. "In God's Country" é linda – está entre as melhores músicas que eles já gravaram. É a perfeição. Tudo nela é tão bonito: o violão, as letras, tudo isso. Muitas vezes, se estávamos em Cleveland ou em algum lugar assim, ficávamos pelo backstage depois de nosso show e assistíamos o show deles. De repente, o gerente de turnê Denis Sheehan – que Deus o tenha, descanse em paz – chegava correndo desesperado em meu camarim, me puxando e gritando: 'Bono quer você no palco AGORA'. Ele me levava até o palco e Bono me colocava para cantar. Normalmente seria algo como 'how long, to sing this song…'. Então ficávamos em torno disso e e talvez íamos para Dolly Parton e Kenny Rogers com "Islands In The Stream", ou "Sweet Jane"."
Bono é quem fez a cabeça dela sobre a América durante esse tempo?
"Ah, não sei se ele foi minha porta de entrada para a América, ou qualquer coisa assim. Bono e eu nos tornamos amigos íntimos, e ele sabia quase tudo sobre mim. Eu me recordo que ele queria escrever um roteiro sobre uma cantora e ele queria ler meus diários. Mas eu cresci em Beverly Hills e eu era um estudante de teatro – eu não conheço exatamente o paradigma da cultura americana típica. Los Angeles é um tipo diferente de América.
Eu realmente não vejo muito o Bono agora – sua vida é muito diferente da minha. Sua esposa [Ali] ainda é minha amiga – nós chegamos a ver uma a outra ocasionalmente. Mas eu tenho uma vida inteira na Irlanda, que é sagrada para mim. Eu tenho dois melhores amigos que são casados, que conheci há quase 30 anos atrás, quando eram adolescentes. Eles têm filhos que são meus filhos também e que tornaram minha vida completa. Então, sinceramente, se não fosse por meu relacionamento com Bono e o U2, haveria uma parte da minha vida que não existiria. A Irlanda é minha segunda casa – é a minha casa longe de casa. Sinto-me quase mais em casa lá do que aqui nos EUA."
Finalmente, há uma chance remota de que Maria possa acabar no palco com o U2 em algum ponto durante a turnê de aniversário de 30 anos de 'The Joshua Tree'?
"Ah, eu duvido muito", ela ri. "Eu faria isso se eu fosse convidada? Eles são a minha família, então, sim, claro que eu faria!"
Do site: Hot Press
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