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terça-feira, 7 de março de 2017
A Mensagem: O Duradouro Legado De 'The Joshua Tree' - Flashback 03
Flashback 03
Niall Stokes, Março de 2017
Durante 1986, o U2 concordou em participar da turnê Conspiracy Of Hope nos EUA com o Sting, Lou Reed, Bryan Adams, Peter Gabriel e Joan Baez, entre outros. A turnê foi para levantar dinheiro e uma expedição de construção da consciência, empreendidas em nome da Anistia Internacional.
A banda tinha desenvolvido uma estreita relação com a organização através de Jack Healey, um ex-padre irlandês-americano, que juntos criaram a turnê Conspiracy Of Hope. Ele ajudou à fazer conexões para Bono na Nicarágua e El Salvador. Agora, em diversas formas e disfarces, as preocupações da Anistia foram ressurgindo em The Joshua Tree. Bono tinha ficado atordoado pelos relatos que ele tinha ouvido dos esquadrões de morte operando sob a junta militar da Argentina através dos anos 70 e início dos anos 80. As décadas sombrias – antes da Guerra das Malvinas, precipitando um retorno à democracia – representaram um tempo durante o quais centenas de estudantes opositores do regime militar tinham sido presos e nunca mais foram vistos, vivos ou mortos. Na Argentina tornaram-se conhecidos como "The Disappeared" e uma organização chamada Mothers Of The Disappeared tinha sido formada para a campanha de divulgação completa do que tinha acontecido a quem tinha sido levado durante a "Dirty War" – e a trabalharem para a prisão e julgamento dos policiais e militares que haviam sido responsáveis por formar e executar a política estadual de tortura e assassinato.
"Mothers Of The Disappeared" continua a tradição de "40" e "MLK", de fechar um álbum do U2 com uma faixa mais comedida, reflexiva – mas essa é menos uma celebração e menos uma canção de ninar, é um lamento. Ela entra com efeitos sonoros perturbadores, cortesia de Eno, e nunca perde sua qualidade sinistra e triste. A guitarra de The Edge é de arame farpado e Bono soa como Bob Dylan em Man of Constant Sorrow, seu canto é um som alto e solitário, um lamento se alguma vez houve um. A canção é um ato de testemunho – mas não há nenhuma nota otimista de conforto, como pode ter sido atingido pelo U2 no passado, quando encerrava um álbum. Muita maldade no mundo. Algumas coisas não podem ser explicadas.
Mesmo Bono estava preparado para reconhecer aquilo agora.
Há muito tempo atrás. Muito uísque desde então. Mas essas músicas de deserto ainda ressoam com um poder surpreendente. Algumas – estou pensando nas maravilhosas, amorosas, profundamente comoventes "One Tree Hill", e "I Still Haven’t Found What I’m Looking For", e "With Or Without You", e "Running To Stand Still" e "Bullet The Blue Sky" para começar – entraram no canon. As restantes não ficam muito atrás.
Com 'The Joshua Tree', o U2 capturou a imaginação de milhões em todo o mundo, de uma forma que deve ter tomado até mesmo os membros da banda de surpresa. Isto, claro, é o motivo de você se envolver no rock n roll. Querer discos de sucesso. Você quer o número máximo de pessoas ouvindo suas músicas. Você quer ouvir a sua música. E quer ser movido.
O U2 nunca guardou qualquer segredo das suas ambições a esse respeito. Desde o início, deixaram claro que queriam ser a maior banda do mundo, e eles não iriam ser contrariados. Eles dirigiram-se para isso tanto quanto possível. Em vez de abandonar o carro no oeste, eles levaram ele ainda mais a frente, para o deserto, para a inspiração. Era tudo parte do grande plano que eles fizeram.
Exceto o tempo quando que eles chegaram lá no topo, para duelar com os Rolling Stones por esse cobiçado título, que eram um outro tipo de banda completamente diferente, e que fizeram um tipo muito diferente de sucesso global. As velhas certezas foram feitas, deflacionadas, abandonadas. Em última análise, 'The Joshua Tree' foi um álbum de grande generosidade moral e de uma angústia e dúvidas muito humanas.
O ressentimento do sucesso do U2 na Irlanda sempre me pareceu ser algo especialmente tóxico. Há pessoas que conheço que irracionalmente odeiam muito o U2. Deviam voltar e ouvir o 'The Joshua Tree' com um coração aberto e uma mente clara, livre da cegueira da animosidade. Nunca tive qualquer dúvida alguma sobre suas pretensões de grandeza. Mas muitas vezes é um registro muito bonito também.
Nunca duvidei de qualquer música que influencie as pessoas. Que pode mudar nossas perspectivas. Ajudar a curar. E trazer nossa atenção para essas coisas, sobre o qual nos sintamos inquietação e desconforto adequadamente. 'The Joshua Tree' faz todas essas coisas e muito mais além disso.
Mesmo trinta anos depois, seu legado é poderoso, duradouro e, finalmente, afirmativo. Porque, para todos aqueles que se ressentem com o U2 e o que conseguiram, fazendo um barulho incômodo, há centenas cujas vidas foram enriquecidas pelas canções e a música de The Joshua Tree e que foram inspirados por ele e pela inclinação do U2 sobre as coisas, a tomar uma posição diferente, melhor, mais engajada, posição igualitária e moral sobre o mundo e como eles devem agir, ou ser ativos. Que quis fazer a diferença, positivamente, em consequência de como tudo isso se conectou com eles.
Não existem muitas obras de arte que são definitivamente verdadeiras, que possam dizer mostrar com confiança a verdade. "Eu não posso mudar o mundo / mas eu posso mudar o mundo em mim", Bono tinha refletido em "Rejoice", uma faixa de seu segundo álbum, 'October', lançado em 1981.
Com The Joshua Tree, o U2 provou que esse sentimento está errado. Eles mudaram o mundo. E eles mudaram o mundo em mim também.
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