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quarta-feira, 1 de março de 2017
30 Anos de 'The Joshua Tree': se embriagando de americanismo e iniciando as sessões na mansão georgiana localizada nas encostas das Montanhas Wicklow, na parte sul de Dublin
Foi na primavera de 1985, enquanto estavam se apresentando pela turnê 'The Unforgettable Fire' nas principais cidades dos Estados Unidos, que o U2 começou a cair de amores fortemente pela América. Viajando em ônibus fornecidos pelo estrelas do país - com interiores de um carvalho escuro, como Adam Clayton recorda, "parecia um pouco um bar do extremo oeste... inevitavelmente teriam um chifre de vaca pendurados em alguma parte", os membros da banda atravessaram milhas e milhas deste vasto continente.
Olhando para esse cenário épico e infinito, vendo seus rostos refletidos no vidro das janelas dos ônibus da turnê, eles começaram a se perguntar como eles se encaixavam neste grande quadro. "Não só chegamos, tocamos nas cidades da moda, aquela coisa", diz Bono. "Nós amamos as paisagens por onde passamos. Aquela América mítica, acredito que nós perdemos aquilo."
Para passar as suas horas de inatividade, a banda se embriagava de americanismo: leituras de Flannery O'Connor, Norman Mailer e Raymond Carver, sintonizando estações de rádio locais para ouvir blues e country, parando em paradas de caminhões que vendiam chapéus de cowboy e coletes de couro. "Nós fazíamos parte do movimento pós-punk", diz Edge, "que era a negação do blues e influências americanas. Era como uma fonte de inspirações que poderíamos aproveitar."
Ao mesmo tempo que seu público crescia ao nível de Arena e 'The Unforgettable Fire' alcançou o número 12 nos Estados Unidos, os hits não funcionavam para o U2, com "Pride (In The Name Of Love)" decepcionantemente estacionando na posição 33 na Billboard Hot 100. "Nós tentamos chegar no rádio e impor uma canção", admite o ex manager da banda Paul McGuinness, "e não tive sucesso fazendo isso."
Então, no verão de 1985, aconteceu o Live Aid, no qual o U2, inicialmente, acreditava que eles haviam arruinado tudo. Bono desapareceu do palco durante "Bad" - elegia de toxicodependentes de 'The Unforgettable Fire' - enquanto estava envolvido em um esforço de retirar uma garota do meio do público para dançar com ela. Entretanto, o tempo de apresentação da banda evaporou, forçando-os a cortar "Pride (In The Name Of Love)" do set. No entanto, o drama estava acontecendo na frente de quase 2 bilhões de telas de televisão e foi esta atuação que mudou tudo. "Teve um enorme efeito sobre a carreira do U2", disse McGuinness. "Todos os seus discos atingiram o ranking no dia seguinte."
Então o U2 teria um novo disco. Em janeiro de 1986, após uma experiência positiva em locais como o Castelo de Slane, perto de Drogheda com Brian Eno e Daniel Lanois em 'The Unforgettable Fire', a mesma equipe ia para Danesmoate, uma mansão georgiana localizada nas encostas das Montanhas Wicklow, na parte sul de Dublin. Removendo a porta entre suas salas de estar e de tetos altos e substituí-la por uma placa de acrílico, formaram um ambiente de gravação onde iria ser libertados das pressões do tique-taque do relógio do estúdio.
"Edge se encontrou... acho que ele precisava de mais espaço, mais salas para o seu equipamento de guitarras", brinca Larry Mullen. "Foi algo diferente, com poucas distrações. A casa tinha uma atmosfera especial."
Em contraste com a fortes e crescentes produções digitais dos anos 80, Edge recorda que a parte da inspiração sônica para The Joshua Tree veio a partir do disco de 1985 do Nick Cave & The Bad Seed, 'The Firstborn Is Dead', gravado em uma câmara de reverberação no Hansa Studios em Berlim. O U2 recrutou seu co-produtor, Mark "Flood" Ellis, para suas sessões. "Pensamos, é isso o que queremos... o som de uma sala", diz o guitarrista. "Esse ambiente, essa sensação não clínica."
"Foi nossa oficina de som", diz Adam Clayton. "Nós só chegamos, fizemos barulho e deixamos que a química da banda, Brian e Danny, acontecesse."
Então, como agora, o U2 foi uma banda sem uma fórmula criativa, a fim de ajudá-los ou dificultar-lhes. Brian Eno admitiu, em 2006, que às vezes era uma maneira complicada de operar. "Eles estavam se movendo em direção a uma forma de trabalhar mais exploratória", lembrou. "[Mas] então você entra nesse problema de ir para o estúdio e não há realmente nada por onde começar, e isso é um pouco assustador."
"Para nós a magia acontece naqueles momentos onde ninguém está prestando atenção", diz The Edge. "É a experimentação, exploração e descoberta."
Revista MOJO - Edição N° 281
Do site: U2 News (noticierou2.blogspot.com)
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