A morte do pastor e ativista norte-americano Martin Luther King Jr. completa 50 anos nesta quarta-feira. Em entrevista para a Rolling Stone em 2005, Bono explicou o que o atraiu tão profundamente em Martin Luther King:
"Corte para 1980. O grupo de rock irlandês, que passou pelo fogo de um certo tipo de renascimento, um renascimento estilo cristão, vai para a América. Ligue a TV na noite em que você chegar lá, e todas essas pessoas falarão das Escrituras. Mas eles são, obviamente, devotos lunáticos.
De repente você pensa, o que é isso? E você muda o canal. Lá está outro. Você muda o canal e há um vendedor de carros segunda mão. Você pensa, oh meu Deus. Mas suas palavras soam tão parecidas. . . para as palavras de nossas bocas.
Então o que acontece? Você aprende a calar a boca. Você diz, ué, o que está acontecendo? Você fica estranhamente quieto e mais quieto. Se você falar assim por aqui, as pessoas vão pensar que você é um desses. E você percebe que estes são os comerciantes - como os comerciantes - no templo.
Até você ir à igreja de negros, e você vê que eles têm ideias semelhantes. Mas a religião deles parece estar envolvida na justiça social; a luta pela igualdade. E um jornalista da Rolling Stone, Jim Henke, que acreditou em você mais do que ninguém até agora, lhe entrega um livro chamado Let the Trumpet Sound - que é a biografia do Dr. King. E isso muda sua vida.
Mesmo sendo crente, ainda acho muito difícil estar perto de outros crentes: eles me deixam nervoso, me fazem tremer. Eu tenho que cuidar com o que está atrás de mim. Exceto quando estou com a igreja dos negros. Eu me sinto relaxado, me sinto em casa; meus filhos - eu posso levá-los lá; há cantos, há música."
Em 1987 para a mesma Rolling Stone ele disse:
"Eu não sei. Como eu disse antes, o fato de ser atraído por pessoas como Gandhi e Martin Luther King é porque eu era exatamente o oposto disso: eu era o cara que não dava a outra face."
Bono disse que a mensagem de paz e justiça de King o influenciou muito na adolescência, enquanto a Irlanda do Norte foi tomada pela violência. "Ele não estava apenas falando sobre o sonho americano. Era uma ideia muito maior, na verdade, uma ideia que poderia se encaixar em um sonho africano, um sonho irlandês. E certamente não era um sonho. Foi um chamado à ação."
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