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segunda-feira, 16 de abril de 2018

21 anos depois, Howie B conta sobre seu trabalho na produção de 'POP' do U2 - 2° Parte


Qual canção do 'POP' finalizado, que você diz que realmente tem seu carimbo nela?

Eu diria "Miami". Simplesmente porque ela seria descartada. Foi a única música que eu não gravei com eles, mas eu adorava ela. Havia algo sujo nela. Tinha um frescor e era desarticulada; era desconcertada, mas tinha algo para mim. Então eu disse: "caras, me forneçam outra sala". Então eu fui para outro estúdio por três dias. Foi tudo manual. Mesmo eu estando em outro estúdio, todos nos encontraríamos para o jantar. Eu voltei um dia, e todos estavam prontos para comer, e eu fiquei tipo: "Pessoal, ouçam essa porra". E eu coloquei "Miami" e aquilo explodiu enquanto estávamos comendo e todos ficaram loucos pra caralho! Eles disseram: "Que porra você fez aqui?" E foi parar no disco.
Eu amo muito essa música - eu sei que algumas pessoas têm problemas com ela, mas foda-se o que aconteceu - é muito real aquela música.

Qual é a sua faixa favorita no álbum?

Minha faixa favorita é a versão single de "Please" que eu produzi sozinho. Estávamos na turnê Popmart, e tocamos por quatro meses na América, e eu disse para os caras: "Acho que devemos gravar "Please" de novo, porque vocês estão tocando muito bem agora em turnê. Eles disseram: "O que você quer dizer?". Eu disse: "Vamos pegar meu companheiro Craig Armstrong, que fez todas as cordas para o Massive Attack". Então nós entramos com a banda em um estúdio, e em outro estúdio, nós colocamos a orquestra. Nós mudamos o arranjo e refinamos a música, e isso se tornou algo monstro!
Nós gravamos na Holanda por vinte e cinco minutos do começo ao fim. Naquele momento, eles estavam em turnê por alguns meses, e eles estavam com a agenda apertada - foi brilhante. Foi um prazer absoluto para mim. Acho que fizemos isso no segundo ou terceiro take, sem drop-ins, sem overdubs, sem nada! Também foi experimental, porque nós tivemos duas salas diferentes, todas alimentando a mesma máquina de fita - foi ótimo. Então minha música favorita não está no álbum, que é essa "Please".

O U2 disse que eles nunca terminaram o álbum corretamente depois que a banda permitiu que Paul McGuinness agendasse sua próxima turnê PopMart em 1997, antes do álbum ser concluído. Foi um pânico tentar finalizar o disco com a banda ficando sem tempo?

Sim, eu acho que nós tínhamos três ou quatro prazos, e entre o primeiro prazo e o último, havia seis meses. Estava ficando louco, mas foi aí que Flood e eu realmente ficamos sossegados porque Flood estava dizendo "Olha Howie, estamos fazendo um disco do caralho, e não temos que ter questionamentos sobre esse disco". Foi o que fizemos.
Sim, Paul McGuinness (empresário do U2) estava nos dando prazos. Mesmo quando se tratou de masterizar o registro. Nós estávamos masterizando em Nova York com Howie Weinberg. Nessa fase, todos nós estávamos com materiais do disco, e todos voamos para Nova York com as fitas master. Normalmente, para masterizar um álbum, leva um ou talvez dois dias - Ok, a primeira semana nisso eu estava perto de um colapso nervoso, porque esse trabalho continuava e não parecia ter fim. Não foi cortado. Um dia eu estava no meu quarto no hotel e recebi um telefonema dizendo: "Howie, é Bono, eu não estou feliz com a abertura do álbum". Eu disse: "O que você quer dizer com você não estar feliz?" Ele disse: "Não é dramático o suficiente", eu disse: "Bono, estamos masterizando o álbum agora, que porra eu posso fazer?" E Bono disse: "Eu trouxe as fitas comigo". Então, lá fomos nós para o estúdio Sound Factory o dia seguinte. Bono havia trazido não apenas as fitas master, mas também as multi-tracks atualizadas, e eu estava mixando a faixa de abertura do álbum novamente - a primeira faixa que foi "Discothèque".
Mas, novamente, o que eu aprendi com eles e com Flood é: "não comprometer". Isto é o que você é, isso é o que você faz, e é isso que você vai ouvir todos os dias pelo resto de sua vida. Se você tem uma pergunta, tem que ser respondida, então eu estava respondendo a pergunta de Bono naquele dia.

Bono disse: "O 'POP' nunca teve a oportunidade de ser devidamente finalizado. É realmente a sessão demo mais cara na história da música". Você acha que isso seria uma boa ideia, de revisitar o registro e regravá-lo ou deve ser deixado como é?

Sim! Porque eles me deram a oportunidade de tocar com eles na turnê Popmart, mas também me deram esse outro papel de produzir o show que significava ensaiar eles todos os dias. Eu estava ensaiando-os nas situações mais estranhas, eu tinha eles ligados em um amplificador de guitarra que Bono e Edge estavam compartilhando, e a voz de Bono estava passando pelo amplificador também. Então nós tivemos um amplificador para o baixo e um para a bateria do Larry. E era assim que eu ensaiava com eles todos os dias. Esse foi o ponto de virada na minha relação com eles e a sua relação comigo. Nós pegávamos as músicas como eram, tendo o que eu tinha aprendido com eles, mas depois eu devolvia para eles dizendo: "Ok caras vamos tocar essas músicas do caralho agora desta maneira". Tanto que eles disseram: "Ok, vamos lá e vamos regravar "Please". E foi o que fizemos. Custou uma fortuna o que fizemos, mas eles tocaram brilhantemente. Eu acho que nós poderíamos aumentar o custo um pouco regravando o álbum, mas eu faria isso de forma diferente, eu iria ensaiar muito e ensaiar novamente e depois gravar.

Pessoalmente, eu acho que o álbum tem envelhecido muito bem e é melhor ouvido agora do que era quando lançado. Acho que deveria ser deixado como é.

Sim, eu concordo totalmente, mas eu não estou dizendo que vai ser melhor, eu estou dizendo que seria diferente. Eu sei que Edge e Larry falaram sobre isso, de fazer novamente, e eu entendo isso. Seria apenas a banda fazendo um cover deles mesmos. Não é blasfêmia. Seriam eles dizendo: "Ei, aqui está outro take sobre isso". É muito simples, para ser honesto. Eu escuto esse álbum agora e penso "Foda-se, é um tiro certeiro."

Trabalhar com o U2 afetou seu trabalho depois?

Sim, totalmente. Eu tenho o conceito de assinatura deles. De uma dica de produção musical, é o que eu ainda carrego comigo até hoje.
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