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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Amor, em vez de ódio: Bono relembra Nelson Mandela

"Era como se ele tivesse nascido para ensinar à nossa era uma lição de humildade, humor e acima de tudo, paciência.
No final, Nelson Mandela nos mostrou como amar ao invés de odiar, não porque ele nunca se rendeu ao ódio ou violência, mas porque ele aprendeu que o amor faria um trabalho melhor. Mandela lidou com os mais difíceis. Ele colocou sua família, seu país, seu tempo, sua vida na linha, e ele venceu a maioria dessas competições. Foi obstinado até o fim, por todas as razões certas, e sentiu que ele quase superou sua própria marca.
Finalmente, ele fechou os olhos. E choramos sabendo que nossos olhos estão abertos desse jeito graças à ele."

Em um artigo de opinião publicado na "Time World", Bono conta vários episódios e histórias sobre o antigo presidente da África do Sul, Nelson Mandela, cuja morte foi anunciada esta quinta-feira pelo atual Chefe de Estado, Jacob Zuma.
Um desses fatos sobre a vida do histórico líder sul-africano é que, devido ao trabalho nas minas durante os anos de cativeiro, Mandela ficou com os ductos lacrimais bloqueados e, por isso, não conseguia chorar, uma situação que corrigiu com uma cirurgia em 1994.
"Um homem com tal visão e que não conseguia produzir lágrimas num momento de dúvida ou de mágoa", descreve Bono, que se tornou amigo e apoiante de Nelson Mandela - ou "Madiba", o nome de clã por qual era conhecido.
"Mandela seria lembrado como um homem notável por aquilo que aconteceu - e por aquilo que não aconteceu - na transição da África do Sul [para um regime sem apartheid]. Mas, mais que ninguém, foi ele que lançou a ideia de África de um continente em caos para uma visão muito mais romântica", recorda Bono.
Para o cantor irlandês, conhecido também por sua ligação a causas humanitárias, o antigo presidente sul-africano era também um "realista prático, como demonstrava a sua política econômica", era "um idealista sem ingenuidade", que "criava compromissos sem se comprometer". Bono sustenta que Mandela foi "grandioso".
"O seu papel no movimento contra a pobreza extrema foi crítico. Ele agiu para um cancelamento da dívida mais profundo, para o dobro da assistência internacional na África subsariana, pelo comércio e investimento privado e pela transparência para combater a corrupção", afirma o vocalista do U2, que desde 1979 já condenava o "apartheid".
Bono pergunta: "Sem a sua liderança, será que o mundo teria, na última década, aumentado o número de pessoas a receber medicação para a AIDS para 9,7 milhões e diminuído as mortes de crianças para 2,7 milhões por ano? Sem Mandela, África estaria a atravessar a sua melhor década de crescimento e de redução da pobreza?"
O cantor destaca ainda o lado bem-disposto de Mandela. "Ele tinha intrinsecamente humor e humildade e era mais esperto e mais engraçado do que o cortejo de líderes mundiais que o procuravam. Costumava lançar aos seus convidados: 'O que é que um poderoso homem como o senhor quer de um velho revolucionário como eu?'".

Agradecimento: Jornal de Notícias
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