1991: o U2 até aquele momento nunca havia aceitado patrocínio corporativo: uma dúbia instituição torna-se um grande propagandista dando um monte de dinheiro para uma turnê em troca de ter autorização para fazer propaganda (até mesmo nos ingressos) que diziam "Jovan apresenta os Rolling Stones" ou "Budweiser apresenta the Who."
Assim como o R.E.M., Springsteen, e outros roqueiros de alta-classe, o U2 sempre pensava que - assim como vender músicas para serem utilizadas em comerciais - o patrocínio comia uma parte da integridade da música e degradava a relação entre o artista e audiência. Era como convidar alguém para a sua casa e tentar lhe vender Tupperware.
Mas, seguindo o espírito irônico e o flerte com a contradição que eles queriam criar para a turnê ZOOTV, o U2 brincou com a ideia de cobrir todo o palco com logos como cartazes numa rua lotada da gente. Willie Williams faz esboços de um palco recheado de logos do Burger King, Shell, Sony, Heinz, Singer, Betty Crocker, Fruit of the Loom, e uma dúzia de outras corporações, com três TVs do tamanho de casas no meio.
Uma mostrava Bono cantando, outro mostrava um homem vendendo cerveja e a terceira um close da guitarra do Edge com o slogan de uma batata frita colado lá. Willie chamou este design "Motorway Madness." Isto levantou uma questão: se eles decoraressem o palco com os emblemas de todas estas corporações, por que não deixar que as corporações pagassem por isto? Por que não simplesmente vender o palco para patrocinadores, tirando-lhe dinheiro e sarro ao mesmo tempo?
O U2 brincou com a idéia por uns tempos e então decidiram que se pusessem os logos ironicamente e, ironicamente, pegassem o dinheiro, a idéia deixaria de ser irônica. Eles atingiriam o ponto onde teriam se vendido, e nenhum exercício semântico conseguiria justificar. Então eles acabaram com a "Motorway Madness."
Do livro: 'U2 At The End Of The World', de Bill Flanagan
Tradução: Forum Ultraviolet Brasil