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sábado, 24 de novembro de 2018

The Walls relembra a noite em que abriu o show do U2 no Slane Castle


"Foi uma sensação incrível olhar para o público…"

Steve Wall relembra quando a Elevation Tour chegou na Irlanda. Ele conta para a Hot Press, com a tradução de Mariana Castro e Ultraviolet Fan Club Brazil:

"The Walls estava entre as bandas de apoio do que é muitas vezes considerado o melhor show do U2: a segunda noite no Slane Castle em 2001.
É engraçado como nosso envolvimento com a Elevation Tour aconteceu. No geral, as coisas estavam indo muito bem para o U2 naquela turnê. 'All That You Can’t Leave Behind' era número 1 pelo mundo todo e eles tocaram para mais de 2 milhões de pessoas no total e Slane era, de muitas formas, como o ápice da turnê. Os ingressos para o primeiro show estavam esgotados e nós ouvimos que eles talvez fariam uma segunda apresentação lá. Tínhamos acabado de lançar o primeiro álbum do The Walls, 'Hi Lo', e temos um amigo em comum com o U2, que estudou com eles. Nós dissemos: "Se nós lhe déssemos um kit, você entregaria para eles?"
Eles ainda estavam em turnê pelos Estados Unidos, então era meio que uma grande aposta, mas valia a tentativa. Montamos um kit para cada um deles com um CD, um pacote de batatas fritas Tayto e alguns saquinhos de chá Barry’s. E havia um bilhete escrito à mão, pedindo que tomassem cuidado com as costas quando estivessem colocando equipamento pesado na van e coisas assim.
Três ou quatro semanas antes do show, que aconteceu em 1º de setembro de 2001, recebemos uma ligação de alguém que trabalhava com o U2, perguntando se estaríamos livres para Slane. Imediatamente assumimos que era um trote. Mas eram eles mesmo e então conseguimos fazer o segundo show em Slane, ao lado de Ash, Moby, Nelly Furtado, entre outros.
Havia uma sensação de oportunidade que era inacreditável. Naquele mesmo dia, a Irlanda venceu a Holanda nas eliminatórias da Copa do Mundo, então havia uma animação incrível – o gol de Jason McArtee’s foi mostrado nos telões e acabamos celebrando com todo o time irlandês naquela noite, no Lillie’s Bordello… graças ao U2!
Naquela época, nós éramos relativamente limitados em relação a como poderíamos divulgar que faríamos o show. Se fosse hoje, teríamos isso espalhado pelo Facebook, Twitter e todo o resto. Mas exploramos o máximo possível. Nós realmente curtimos o fato de que muitos outros artistas, mais celebrados, perguntavam como o The Walls tinha conseguido o show. O álbum fora lançado por nós mesmos, não tínhamos contrato com gravadora, então era muito gratificante.
Eu me lembro de subir ao palco – foi uma sensação incrível olhar para o público. Tinha um grande número de pessoas ali. Foi um show muito bom para nós e as reações foram ótimas.
Não havíamos conhecido ninguém da banda antes, mas os encontramos naquele dia. A receptividade deles com a gente, sendo que éramos uma banda de apoio, era incomparável.Num certo ponto, eu estava saindo da tenda onde era a área de alimentação e vi Bono com muita gente em volta dele. Fui até ele e o agradeci pela oportunidade. Eu sempre lembro, ele ainda segurava minha mão quando disse: "Recebi sua fita".
E eu fiquei pensando: "Espera, nós mandamos um CD para eles!" (risadas). Ele disse: "Nós precisávamos de um trunfo para esse show e The Walls foi esse trunfo". Lembro de me virar e um jornalista me perguntar o que ele tinha dito. Então eu disse "Ele disse que o The Walls foi o trunfo do show". Bono é um verdadeiro profissional nesse aspecto: ele sempre tem um ótimo comentário para você.
Mas aquela também foi uma ocasião foi muito emocional. O pai de Bono havia falecido pouco tempo antes daquela apresentação e todos estavam cientes de como estava seu estado de espírito, sua vulnerabilidade e o quão difícil deve ter sido para ele cantar certas canções. Mas ele o fez lindamente. O público estava realmente com o U2 naquele dia e a banda fez um show fenomenal.
Nós ficamos realmente admirados com a performance do U2. Fazia algum tempo desde que os havíamos assistido, porém tínhamos passes de acesso para todas as áreas, então pudemos ficar bem na frente, no fosso, e você podia ver de perto todo aquele incrível talento e carisma. Bono viu um fotografo que estava com a gente, Allen Kiely, e o puxou para subir na rampa. Ele começou a cantar para Allen, enquanto ele o fotografava! As fotos que Allen tirou de Bono com o público ao fundo foram vistas no mundo todo – Bono é um mestre nessas coisas!
Do começo ao fim, essa foi uma experiência inesquecível – e foi um privilégio fazer parte dessa ocasião tão extraordinária".
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