Por Geoff Wilson do site www.atu2.com
Uma coisa engraçada parece ter acontecido durante a 'The Joshua Tree Tour 2017': enquanto "Bullet The Blue Sky" mantém a intensidade que teve durante os seus 30 anos de existência, parece haver uma nova saída para a raiva e paixão do U2, uma não vista ou ouvida desde os anos 80.
"Exit" é a nova "Bullet The Blue Sky".
A canção não tinha visto a luz do dia (ou escuridão da noite) ao vivo desde 14 de Outubro de 1989, em Melbourne, Austrália. Embora nenhum membro da banda tenha dito isso até hoje, a música poderia nunca ser tocada ao vivo novamente devido à sua inclusão no julgamento de Robert John Bardo, o homem condenado por assassinar a atriz Rebecca Schaeffer no mesmo ano, que disse que foi levado pela letra da canção à cometer o assassinato. Claro, quando o U2 se comprometeu a tocar 'The Joshua Tree' na íntegra para esta turnê, seu retorno tornou-se inevitável.
Mas quase ninguém viu o que estava vindo nas sombras. Ou, mais precisamente, no Homem Sombra (Shadow Man). Adornado com um chapéu reminiscente de um que ele usava com freqüência na turnê original em 1987, Bono, literalmente, coloca a roupa de um personagem de uma forma que ele realmente não fazia desde o trio de personagens que ele criou na turnê ZooTV. Mas diferente de The Fly, The MirrorBall Man e Mr. Macphisto; o Shadow Man é muito mais perigoso, porque ele parece muito mais real.
Ele pode compartilhar a mesma ocupação que o MirrorBall Man, mas ele é mais um descendente direto do original "pregador no The Old-Time Gospel Hour" da turnê de 'The Joshua Tree' de 1987, que ficou famoso no discurso no filme-concerto 'Rattle And Hum' (ainda outro retrocesso para "Bullet"). Mas há uma reviravolta: os pregadores nessa linha do negócio estão nele porque querem o dinheiro das pessoas. Ver o Shadow Man de perto, ouvir suas palavras fora da letra da canção, torna-se rapidamente evidente que ele não está interessado em seu dinheiro - ele quer a sua alma.
"Ofereça sua mão", ele implora repetidamente com Edge rompendo através do primeiro solo da canção, enquanto Adam e Larry continuam o seu ataque rítmico. Então o Shadow Man faz uma pausa à medida que a música fica mais calma depois deste crescendo. Dramaticamente, porque... bem, isso é o que os pregadores fazem.
"De onde você vem, desapareceu", ele continua, canalizando Hazel Motes em Wise Blood de Flannery O’Connor . "Onde você pensou que estava indo nunca está lá. Onde você está, não é bom, a menos que você possa se afastar disso."
Onde estamos exatamente? Como qualquer boa arte, é aberta à interpretação. Mas para os propósitos do fã do U2, estamos dentro do mundo de 'The Joshua Tree', 30 anos depois. Talvez haja um ponto a ser feito aqui sobre o título original de trabalho do álbum, 'The Two Americas'. Talvez nós viemos da primeira América, que Bono está constantemente dizendo que não é apenas um país, mas uma ideia. Já se foi? É onde nós estamos indo até lá para começar? E onde estamos agora não é bom - estamos na segunda América, onde os ideais dos nossos antepassados dá lugar ao pragmatismo de agora e à procura de poder por causa do poder? Podemos ficar longe disso, ou é tarde demais?
Parece que a batalha para o U2 em 1987 foi através da política e da ação coletiva - fazer "Bullet The Blue Sky", com suas referências diretas ao envolvimento dos EUA na América Central, o lugar lógico para expressar raiva e rancor. E serviu bem nas suas turnês seguintes. Agora a batalha voltou com "Exit". É mais individual. Mais espiritual. Mais pessoal.
A citação de Hazel na obra de Flannery O’Connor termina com: "Onde existe um lugar para você estar? Não há um lugar ... nada lá fora, você pode lhe dar qualquer lugar ... em si mesmo agora é todo o lugar que você tem."
"Coloque as suas mãos contra a tela", Shadow Man implora, invadindo talvez o espaço mais pessoal que agora possuímos em nossa cultura - o nosso espaço digital. "Ponha as mãos contra a tela!" Então, tão rapidamente como ele apareceu, o Shadow Man volta para as sombras.
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