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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Sobre 'Songs Of Innocence' - Parte 1

O site U2 News disponibilizou a transcrição completa de uma entrevista com o U2 no "Los 40 Principales" da Espanha, feita pelo jornalista Tony Aguilar, que viajou à Londres para conversar com a banda sobre o novo álbum, 'Songs of Innocence', entre outros assuntos!

Há grandes revelações, e você confere abaixo as melhores partes da entrevista:

Embora vocês tenham dado o seu novo álbum, muitos fãs foram às lojas para comprá-lo.

Bono: Você já viu a edição em vinil? É branco, com capa desdobrável. O CD também é fantástico, e em poucos anos não haverá mais CDs. Aproveite enquanto você pode.

Após toda a confusão do lançamento, mais uma vez inovador, gratuitamente no iTunes, o álbum físico está nas lojas. E os fãs mais antigos agradecem. Ver o disco em suas mãos... tranquiliza?

Adam Clayton: Pode me chamar de antiquado se você quiser, mas eu gosto de ser capaz de colocar a mão, e ver de perto a arte da capa e encarte. A vantagem do lançamento digital é que nós podemos lançar uma semana depois de ter gravado, e foi incrível. A edição física permitiu-nos adicionar algumas canções extras de forma acústica e duas novas canções, "The Crystal Ballroom" e "Lucifer's Hands".

Bono: Além do mais, é um objeto bonito, acho que agora as pessoas entendem a magia de levar um álbum debaixo do braço, estudar os créditos, as fotos, em vez de apenas baixar as músicas. Acredito que o futuro do formato digital é que ele se tornará audiovisual, que você poderá ver a arte da capa e encarte, em seu celular, na TV, no seu iPad... Estamos muito animados com o futuro digital, ele é ainda um caminho a seguir. Mas o vinil é sagrado, colocando a agulha no disco, se sente muito poderoso. Especialmente com o disco acústico extra, há uma versão com piano de "Every Breaking Wave" que, se colocar em vinil, alterar as moléculas na sala. É mágica.

“Every Breaking Wave” será o segundo single do álbum?

The Edge: É bastante provável. Fizemos uma versão na BBC com cordas e piano, e o público enlouqueceu no Twitter.

"The Crystal Ballroom" pode ser um single? É uma grande canção (por @Bonozevolik via Twitter).

The Edge: Me encanta também, surgiu de uma forma muito natural no estúdio, mas deixamos de lado para se concentrar nas canções mais difíceis. Quando ouvimos o incrível remix que o Chad Blake fez, percebemos quão poderosa ela era. Acho que o Adam tocou uma de suas melhores partes de baixo nessa canção. Ainda não sei qual será o próximo single, mas é uma das melhores músicas do álbum, então eu não me surpreenderia se acabássemos escolhendo ela.

'Songs Of Innocence' era uma necessidade nostálgica?

Bono: Nostalgia é perigosa, tome cuidado, e sentimentalismo é ainda mais perigoso. Mas, para descobrir por que você formou uma banda, por que você gosta de ser o centro das atenções, por que você se tornou um artista, você tem que olhar para trás. Mesmo nas famílias, há coisas que não são faladas, e eu quero falar sobre elas. Neste ponto da minha vida eu precisava olhar para trás e responder a estas questões, a fim de seguir em frente, e eu sou grato a minha banda por me apoiar nisso.

Fale sobre “Cedarwood Road”.

Bono: Era uma rua comum onde viveram pessoas extraordinárias. Tenho boas recordações da minha infância lá, mas as coisas complicaram-se na minha adolescência: tornou-se um bairro mais perigoso, habitações populares foram construídas, e as pessoas foram forçadas a viver lá. Assim, a raiva deles e a minha acabaram se encontrando, e houve muita violência.
A Irlanda foi, em geral, um lugar muito violento na década de 1970, politicamente, era como uma guerra entre irmãos, aterrorizante. Depois houve violência nas casas, maridos violentos. Algumas destas memórias são difíceis, mas outras são fantásticas, como a primeira vez que você se apaixona e encontra o sexo, o que pode ser sujo e vergonhoso. É um álbum dedicado para as primeiras experiências: a primeira vez que você vai para a cidade grande, Londres, Califórnia... Todas essas aventuras: a primeira vez que vi o The Clash ao vivo, o primeiro concerto que mudou sua vida. Essas coisas que nos definem, mas no final, o importante é a música; aquela rua não significaria nada se minha banda e eu não pudéssemos ter feito a melhor música possível todos esses anos.

Adam, parabéns pelo seu trabalho no álbum. Ouvimos uma secção rítmica espetacular.

Adam Clayton: Obrigado! Brian Burton nos ajudou muito, e o Larry à mim, e estou muito satisfeito com o resultado.

Como foi trabalhar com Danger Mouse e Ryan Tedder como produtores, o que os levou a trabalhar com esses produtores?

The Edge: No início estávamos trabalhando exclusivamente com Danger Mouse, passamos duas semanas muito produtivas e divertidas com ele no estúdio e decidimos fazer o álbum com ele, é um cara especial. Ficamos atraidos com seu trabalho com bandas de rock como o Black Keys, mas também porque é perfeitamente consciente do estilo moderno de produção: inspirado pelo hip-hop, loops, teclados, eletrônica... Queríamos explorar o contraste entre o nosso som orgânico de banda e sons mais mecânicos. Às vezes, a mistura dá resultados incríveis, como foi com "Beautiful Day". Quando nós já estávamos terminando a gravação, percebemos que havia alguns elementos importantes faltando no álbum, então pedimos a ajuda de colaboradores externos. Optamos por Paul Epworth, Ryan Tedder e Flood porque os três fizeram um trabalho extraordinário nos últimos anos e sabem como construir uma boa música. Flood nos conhece muito bem e nos ajudou a criar uma sonoridade em "Song For Someone", uma das canções mais clássicas do álbum. Todo mundo trouxe algo diferente para o processo, suas contribuições foram muito importantes. De certa forma, foi uma experiência semelhante a de 'Achtung Baby', onde temos vários produtores como Brian Eno, Daniel Lanois, Steve Lillywhite e o próprio Flood. Existem discos do U2 que precisam mais do que um produtor para oferecer novas perspectivas, e este foi um deles.
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