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terça-feira, 4 de novembro de 2014

Hot Press: A Grande Entrevista - Parte 1 (The Edge)


A edição de novembro da Revista Hot Press traz uma extensa entrevista com o U2, feita por Olaf Tyarasen quando a banda estava à caminho da Alemanha para a gravação de uma apresentação promocional de divulgação do novo disco, 'Songs Of Innocence'; e o site U2 NEWS disponibilizou a íntegra em seu site.

Confira abaixo as melhores partes desta matéria, com grandes revelações sobre 'Songs Of Innocence':

Tematicamente, 'Songs Of Innocence' é, em grande parte, sobre os anos 70 em Dublin. Como abordam isso musicalmente?

The Edge: Bem, ouvimos a música daquela época para nos lembrar daquele ambiente, e o que foi a trilha sonora daquele momento especial em nossas vidas, tanto pessoal quanto para a banda. Nós não propusemos a fazer um álbum 'tributo', é claro. O que encontramos foi uma força de vida incrível daquela época musical. E também algumas composições incríveis, como os Buzzcocks. Grandes músicas e um trabalho muito interessante. Os Ramones também. Então, isso foi inspirador. Mas de modo algum é uma tentativa de recriar o som da época.

Por que decidiram olhar para o passado?

The Edge: Era para reconhecer quando a música se tornou o foco e particularmente o Bono estava falando 'ok, qual é o terreno lírico que queremos ir aqui?' Ambos sentiram que o ponto de vista centrado em Dublin era fresco e válido. Minha opinião era que ele acreditava que seria interessante pensar em Dublin, numa perspectiva de olhar para o futuro, não tanto para o passado, mas Bono disse: 'Não, eu acho que nós temos que ir lá, eu acho que nós temos realmente que olhar para o passado, olhar para o que nós formamos'. Então fomos nessa direção. Quando nós terminamos nós pensamos nisso como um trabalho de duas partes, a primeira metade é 'Songs Of Innocence'.

Você dividiu a composição de letras com Bono desta vez.

The Edge: Bono é realmente quem escreve elas, e eu o acompanho. Às vezes é difícil. Eu tenho um papel de apoio lá. Bono tem de fazer e acreditar naquilo e colocar isso quando ele canta. Isso nunca vai acontecer se você não tem o compromisso de posse.

Vocês finalizaram o álbum uma semana antes do iTunes dá-lo...

The Edge: Finalizamos o disco por nossa conta, em Malibu. Declan Gaffney estava com a gente. Para dizer a verdade, o disco foi entregue uma semana antes do lançamento e depois tivemos uma pequena crise. As 10 músicas gravadas foram soando um pouco desequilibradas e acrescentamos "Volcano" no final. O motivo dela não estar na mixagem original, foi porque o dia limite chegou e dissemos: 'bem, não podemos ter isso no disco. Não está completa. Não está feita!' Mas conseguimos persuadir a Apple para nos dar um par de dias à mais e depois destes dias finalizamos "Volcano" e fizemos o corte, algo do qual me sinto muito contente. Equilibrou o disco em uma maneira geral.

O U2 faria um álbum acústico?

The Edge: É engraçado você dizer isso. É que assim que nos propusemos o desafio de fazer algumas versões acústicas de 'Songs Of Innocence', depois que finalizamos o disco, tivemos muito pouco tempo. Foram cinco dias apenas. Então acabamos fazendo cinco canções, uma por dia. Foi uma revelação, porque todos nós começamos a encontrar um novo caminho para as músicas. Devido ao nosso processo ligeiramente distorcido, as canções não estavam realmente prontas até nós as mixarmos, que é quando você tem uma versão master definitiva. Pela primeira vez, pelo menos que eu me lembre, fomos capazes de pegar canções finalizadas e fazê-las em um novo formato.

O lançamento do álbum sofreu atrasos. Foi a mudança de gestão, Paul McGuinness para Guy Oseary, responsável pelo atraso?

The Edge: Um pouco. Era algo monumental para nós. Queríamos fazê-lo bem: em honra do Paul e fazer que ele funcionasse para Guy Oseary que estava chegando, então definitivamente levou muita energia e concentração para fazer bem para os dois.

O álbum é dedicado a Paul McGuinness.

The Edge: Sim. Paul ainda está por aqui, ainda nos dá conselhos, apoio e sabedoria. Mas chegou um momento em que ele queria aproveitar a vida em um ritmo diferente e não poderíamos discutir isso. Há uma energia frenética ao tentar gerenciar o U2.

Quantas canções tinham para escolher?

The Edge: Cerca de 25, das quais as últimas cinco eram muito rústicas, cruas, e provavelmente não-editáveis. No último mês, mais ou menos, houve um monte de conexão e decidimos não trabalhar mais em algumas delas, porque nós sentimos que elas não se encaixavam.

A violência de rua em Dublin na década de 1970 foi tratada em algumas das canções. Mas não é apenas Dublin. Quando a Hot Press estava preparando North Side Story [um livro encomendado especialmente para os assinantes do U2.com], nós desenterramos um relato sobre um dos primeiros shows do U2 em Ballina, que terminou em uma luta corpo a corpo. Lembra daquela noite?

The Edge: Lembro-me, vividamente. Dublin e Irlanda durante esse tempo era um lugar onde havia uma boa quantidade de violência nas ruas e você tinha que descobrir você mesmo e sei como isso funcionava. Não era algo que necessariamente lhe surpreenderia, ou que lhe fazia pensar profundamente, mas era parte da realidade da época. Isso, mesclado com outro mais grave, mais preocupante, da violência paramilitar da luta no norte, tinha sido um pano de fundo para o nosso crescimento. Não quero enfatizar isso mais porque não é que estávamos correndo por nossas vidas diariamente ou qualquer coisa assim.

Já há conversas de um novo álbum intitulado 'Songs Of Experience'. Qual é o plano?

The Edge: Uma vez que demos conta que se tratava de Dublin e de nossa conexão lírica com a cidade, esta espécie de salão de jogos... começamos a trabalhar em idéias e tornou-se claro que realmente iríamos ter um conjunto de duas gravações em foco. 'Songs Of Experience' seria uma visão do futuro, talvez um pouco mais experimental, uma visão futurista das coisas. Bono tem brincado com algumas idéias líricas muito interessantes, um dos quais o Bono mais velho e o Bono mais novo tem em algumas conversas, que eu acho que é uma ótima idéia.

Houve algum ponto onde o U2 considerou se separar nestes últimos cinco anos?

The Edge: Não, na verdade não. Nós ainda somos uma unidade muito forte. Fazer o disco foi um desafio incrível, porém foi um desafio de criação própria. Nós decidimos fazer um álbum que pode ser visto ao lado do nosso melhor trabalho.

Sentem-se mais unidos neste álbum do que em 'No Line On The Horizon'?

The Edge: Não acredito que perdemos a união no último disco. Era apenas um tipo de disco diferente na abordagem. Sempre foi um disco mais experimental, é sempre um pouco arriscado. Nós fomos facilmente seduzidos pela idéia de fazer algo que nunca tínhamos feito antes. É o nosso estímulo.

Como surgiu a idéia de dar o álbum de presente?

The Edge: Tivemos muitas conversas sobre a tentativa de lançar o disco de uma maneira única. Que emergiu como a mais potencialmente interessante e revolucionária idéia de lançamento. O que foi realmente atraente para nós foi que pensamos que poderíamos persuadir a Apple que pegasse uma das nossas canções e fizesse uma campanha de publicidade enorme, que é o que eles fizeram no final. Todos os valores que têm sido relatados sobre o que nos pagaram são, na verdade, completamente imprecisos. O que estavam fazendo era recolher todo o dinheiro envolvido no que a Apple pagou à Universal Records pelo privilégio de dar nosso álbum, mais o que a Apple gastou filmando e produzindo o anúncio de TV e o que eles gastaram em redes de televisão para que elas passassem o anúncio. As pessoas rapidamente tiram conclusões, mas o que eles não entendem é que a Apple estava gastando a maior parte de tudo isto, estando nós envolvidos ou não. Eles têm um determinado orçamento para as suas campanhas de publicidade. A idéia de que nós recebemos 100 milhões de dólares... só precisa parar e pensar por um segundo para entender o quanto ridícula é a idéia.

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