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terça-feira, 20 de março de 2012

Especial 25 anos de 'The Joshua Tree' - Parte8

BILL FLANAGAN

O JOSHUA TREE TRANSFORMOU O U2 EM UMA ESTRELA DO ROCK INTERNACIONAL E ESTABELECEU UM PADRÃO COM O QUAL ELES TERÃO SEMPRE QUE VIVER E UMA IMAGEM A QUAL ELES TENTARÃO PARA SEMPRE SE LIVRAR.
AMBAS AS COISAS TÊM SIDO MUITO BOAS PARA A BANDA. COM O 'JOSHUA TREE' O U2 ALCANÇOU O TOPO DA MONTANHA. Alguns artistas chegam ao topo da montanha e depois descem. Alguns lutam para permanecer lá. O U2 alcançou o topo da montanha e usou isso como um lugar para construir uma plataforma de lançamento.
O U2 mal tinha saido da adolescência quando eles lançaram o seu primeiro álbum, BOY, em 1980. OCTOBER no ano seguinte e então WAR, com seus hinos dando socos no ar, alertando os cães de guarda do mundo do rock – rádio, imprensa e comércio – que um grande novo ator estava florescendo. O Bono lembrou que o U2 se beneficiou aqui da coincidência que a maioria das outras bandas que estavam à sua frente na cena do punk/new wave – The Clash, Talking Heads, Police, Pretenders – escolheram esse momento para tirar o pó.
Uma nova audiência para o novo rock tinha sido construida por mais de cinco anos e de repente o U2 estava na linha de frente. Eles agarraram essa energia e a usaram como combustível.
Mas primeiro eles deram um passo no caminho errado. THE UNFORGETTABLE FIRE (1984) não foi o monstro dos estádios de rock que o grupo tinha rotulado – e talvez, muitos dos seus fãs – tinham esperado e desejado. Ao invés de entrar de cabeça e fazer um álbum Who/Led Zeppelin, o U2 escolheu trabalhar com o produtor conceitualista Brian Eno e seu aliado, multi-intrumentalista Daniel Lanois, para fazer alguma coisa mais subjugada e experimental. Isso parecia ser um movimento inteligente – isso aprofundou a relação do U2 com o seu público antes do grande passo e informou que essa era uma banda com ambições maiores do que os recordes de venda. O UNFORGETTABLE FIRE foi um sucesso maior do que o U2 esperava para aquela época – o momentum do grupo estava aberto – e ele continha o seu primeiro grande single, “Pride (In The Name of Love)”
“Pride” – uma provocante celebração da visão de Martin Luther King – estava um pouco fora de lugar no THE UNFORGETTABLE FIRE, mas isso conseguiu abrir caminho, imagens americanas do JOSHUA TREE. O U2 passou um bom tempo nos Estados Unidos na primeira metade dos anos oitenta. O que eles viram através das janelas do ônibus e nos postos de gasolina, motéis e teatros ao longo do caminho, moldou as novas músicas que eles escreveram.. O Bono e o Edge foram influenciados pela devastação de músicos do oeste como Sam Shepard assim como pelo imaginário europeu perdido na América em filmes como PARIS, TEXAS de Wim Wenders. O que surgiu foram músicas que lidavam menos com a América o país do que com a América mítica da imaginação. Dessa maneira, o U2 estava seguindo os passos do seu companheiro irlandês Sean Feeney – que como John Ford fez filmes como FORT APACHE, THE SEARCHERS and THE MAN WHO SHOT LIBERTY VALANCE, que transformou as visões desérticas do sudoeste em uma paisagem para histórias sobre tentação, redenção e o poder do mito de dignificar ou destruir.
O grandes singles do JOSHUA TREE – “Where The Streets Have No Name”, “I Still Haven´t Found What I´m Looking For” e “With or Without You” todos têm títulos que soavam como linhas que o John Wayne diria em um filme do John Ford. Eles sugerem uma busca, uma jornada pelo território. E ainda por cima, o coração do álbum é duas músicas que não estavam nos singles de sucesso, mas que têm persistido por mais de vinte anos como peças centrais nos shows do U2 – “Running To Stand Still” e “Bullet The Blue Sky”. Uma é um sussuro, a outra uma explosão e juntas demonstram o quão profundo o U2 estava preparado para ir.
“Running To Stand Still” foi inspirada por uma epidemia de uso de heroína em Dublin. A história da música é sobre um casal que decide arriscar tudo em um grande negócio com drogas. Eles sabem que se entrarem nisso, eles não terão a chance de sair. “Bullet The Blue Sky” é sobre a insurreição americana que estava naquele momento tentando destituir o governo esquerdista em El Salvador. Bono e sua esposa Ali foram surpreendidos por um fogo cruzado durante sua visita à América Central, e ele voltou com a idéia para essa música – uma denúncia do poder dos Estados Unidos contra os seus vizinhos. Famosamente, o Bono pediu que o Edge colocasse a guerra através do seu amplificador.
O que faz com que essas músicas persistam por vinte anos é que você não precisa saber nenhuma dessas histórias. “Running To Stand Still” é para qualquer pessoa que se sinta presa em uma circunstância impossível com uma enorme responsabilidade. “Bullet The Blue Sky” é tão verdade para o Iraque quanto tem sido para a Bósnia, Chechênia, Ruanda ou Darfur desde que a música foi tocada pela primeira vez.
Produzido por Eno e Lanois (com alguns julgamentos do produtor original do U2, Steve Lillywhite), o THE JOSHUA TREE vendeu mais de vinte milhões de cópias, ganhou o Grammy de Álbum do Ano, alcançou o número um por todo o mundo e colocou o U2 na capa da revista Time – mas ele fez muito mais do que isso. O THE JOSHUA TREE colocou o U2 num panteão que poucas bandas da sua geração conseguiram alcançar e que nenhuma outra banda da sua geração conseguiu permanecer. Ele colocou o U2 na montanha com o The Stones, The Who, Hendrix, Springsteen e Zeppelin. Ele os colocou no topo do mundo.
É um grande crédito para o U2 que quando eles chegaram no topo da montanha, eles se recusaram a se sentar na pedra. Então, após a volta da vitória com o RATTLE AND HUM, eles miraram novos horizontes com o ACHTUNG BABY e o ZOOROPA. Perguntados sobre como seria o som do seu novo álbum em 1992, eles disseram, “É o som de quatro homens talhando a JOSHUA TREE”.
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