19 de junho de 1992. O U2 tocou ao lado de Kraftwerk, Public Enemy e Big Audio Dynamite II no concerto 'Stop Sellafield' no G-Mex Center, em Manchester.
O concerto foi organizado com o Greenpeace para protestar contra a proposta de construção de uma segunda usina nuclear em Cumbria, na costa noroeste da Inglaterra.
Sellafield é uma usina de reprocessamento de material nuclear, e libera resíduos nucleares no meio ambiente. Os cientistas conseguiram determinar que o material nuclear de Sellafield atingiu no passado as costas da Europa e até mesmo o Pólo Norte. O número de pacientes com câncer, bebês ainda por nascer e deformados é 10 vezes a média nacional na área próxima de Sellafield.
A British Nuclear Fuels Limited (BNFL) estava planejando abrir uma segunda fábrica na instalação, que processaria o lixo nuclear de instalações de todo o mundo e aumentaria a quantidade de lixo liberado no meio ambiente por um fator de quinze.
Para ajudar o Greenpeace e um grupo local, o CORE (Cumbrians Opposed to a Radioactive Environment), o U2 concordou em fazer um show em oposição à abertura da nova instalação. O plano original era realizar um festival ao ar livre em 20 de junho de 1992, no Heaton Park, em Manchester. De 50.000 e 100.000 fãs eram esperados. Os preços dos ingressos foram mantidos baixos - 10 libras.
No entanto, a cidade de Manchester recusou a permissão para o concerto por causa dos "danos e poluição" que poderiam ser causados ao parque. O show foi então remarcado para o muito menor G-Mex Center em 19 de junho de 1992. Os planos originais eram realizar uma grande manifestação de protesto nos portões da instalação de Sellafield, que foi logo barrada pela BNFL, após o U2 anúncio oficial para participar do protesto. A declaração da U2, em parte, dizia: "A BNFL tem um orçamento anual de publicidade e de relações públicas de vários milhões, que gastam em colocar como algo aceitável no negócio dos resíduos nucleares. Numa tentativa de contrariar esta propaganda massiva, o U2 estará ajudando o Greenpeace em apresentar o outro lado de Sellafield. O U2 chegará a Sellafield em 20 de junho".
A reação da BNFL foi ir a tribunal e tentar ver se a manifestação poderia ser barrada. A objeção oficial da BNFL era que a manifestação atrairia uma grande multidão e que eles estavam "preocupados com a segurança pública". Após o anúncio da injunção, um indignado U2 criticou a BNFL através do empresário Paul McGuinness: "É bastante irônico que a British Nuclear Fuels, uma empresa que produz matérias-primas para uso em armas de destruição em massa, esteja tão preocupada com a ordem pública".
Enquanto o protesto foi interrompido, o show em Manchester continuou. Para "The Fly" as palavras no telão foram modificadas: "LEUKEMIA - DEBT - CHILD - DETERRENT - WARHEAD - KRYPTON - PLUTONIUM - DECAY - MUSHROOM - FEAR - REACT OR DIE - START A CHAIN REACTION - E = MC2 - NOBODY IS PROMISED A TOMORROW - RADIATION SICKNESS - STOP SELLAFIELD NOW".
Depois da performance, Bono comentou as ações da BNFL: "Nós íamos convidar todos vocês até os portões de Sellafield amanhã. Tivemos convites pessoais ... Eu acho que quando eles descobriram quem estava indo lá, eles não gostaram muito. Eu me pergunto o que eles têm a esconder? Eles cancelaram uma manifestação pacífica porque disseram que estavam preocupados com 'segurança pública'. Essas pessoas são responsáveis pela morte de crianças inocentes. Pelo amor de Deus, a segurança pública não chega perto deles. De qualquer maneira, toda a farsa saiu pela culatra - na última semana, eles deram ao Greenpeace mais publicidade do que jamais poderiam querer".
Lou Reed se juntou a Bono no palco B para "Satellite Of Love" - mesmo que Reed não tenha conseguido lembrar as letras, a versão foi memorável.
Após o show, Bono comentou que "se as pessoas estão interessadas no U2 e, portanto, se interessam pelas questões, isso é tudo o que importa". Mais tarde, o U2 se uniu a outros membros do Greenpeace em seu navio Solo e navegou para a costa de Sellafield à noite.
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