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quinta-feira, 30 de agosto de 2018
Popmart Tour: a prova mais definitiva do que computadores e multimídia poderiam fazer para um show de rock
A turnê Popmart Tour do U2 percorreu o mundo nos anos de 1997/1998, e ofereceu uma chance de dar uma olhada na prova mais definitiva do que computadores e multimídia poderiam fazer para um show de rock.
Misturando música, luz e tecnologia, em um show que a banda chamou de "marketshop de ficção científica", enfocando a evolução humana desde suas origens até o período do "ávido consumo atual", a apresentação funcionou como uma espécie de videoclipe em tempo real, no qual computadores, discos rígidos, máquinas de efeitos especiais, câmeras de vídeo e uma enorme tela, trabalharam em conjunto como um suporte para a música que estava sendo tocada. Um verdadeiro show multimídia, no vasto sentido da palavra (embora pouca interatividade), o que não seria possível sem o uso de computadores.
Os computadores foram usados pela primeira vez para projetar o palco, cuja área ia além dos 1000 metros quadrados. Uma coleção de plataformas, torres e várias outras estruturas, cuja complexidade pode ser comparada a qualquer edifício, foi desenhada em um aplicativo CAD (que já era uma prática comum naqueles dias para qualquer concerto de médio a grande porte). Havia três palcos completos e separados (cada um levando cerca de seis dias para ser montado) que se alternavam entre os locais dos shows.
Embora fundamental para a funcionalidade do show, o palco se tornou ofuscado pela verdadeira estrela das noites da PopMart: o enorme telão, que projetava as imagens que complementavam a música.
O uso de grandes telões em concertos musicais era uma prática comum, mas de acordo com KeithWood, um dos responsáveis pela produção da série, "ninguém jamais desenvolveu um estilo de tela de vídeo tão grande assim". O tamanho e o peso falavam por si: cerca de 700 metros quadrados e cerca de 30 toneladas. divididos em pequenos pedaços para facilitar o transporte.
A tela era composta por 900.000 LEDs (Diodos Emissores de Luz) e tinha uma resolução de 150.000 pixels, não muito em termos absolutos, mas impressionante para uma tela daquele tamanho. Cada pixel era feito de seis LEDs de cores diferentes, "o que permite uma grande flexibilidade em termos de cores dos gráficos exibidos, quando vistos de alguma distância", disse um dos técnicos responsáveis pela montagem da tela. Esse era um problema importante quando a área de exibição da tela era dividida em três partes, ou mais, permitindo mais de uma imagem por vez, sem perder a qualidade.
O videowall era a faceta mais visível de todo o trabalho duro que era realizado em uma sala instalada em frente ao palco, em meio ao público, que controlava todos os aspectos do que era visto. A equipe de produção usava grande parte dos equipamentos que geralmente acompanhavam a banda, como mesas de mixagem de som e luz, geradores de feixes de laser e até mesmo um estúdio de televisão completo. Ali era onde os computadores desempenhavam um papel fundamental.
Três notebooks da Fujitsu, equipados com um processador Pentium 120, 1,2 GB de disco rígido e 64 MB de RAM, foram a base de operações para todos os gráficos apresentados durante o show.
Através do Arty, um programa de apresentação de multimídia do Windows 95, eram feitas várias pastas, nas quais todas as informações referentes à "coreografia" das imagens a serem projetadas, eram armazenadas. Durante o show, tudo podia ser controlado manualmente ou automaticamente de acordo com qualquer sequência programada desejada. A seleção de qualquer uma dessas pastas permitia o acesso a imagens estáticas ou em movimento, armazenadas em dois sistemas de disco rígido Tektronix Profile PDR 100, com capacidade para 4,5 horas de imagens com qualidade de transmissão. Enquanto um notebook controlava como e quando as seqüências de imagens deveriam ser apresentadas, outro aplicava efeitos diferentes, e ainda um terceiro agia como um backup no caso de um deles falhar.
Tanto os notebooks quanto os discos rígidos eram conectados através de uma rede Ethernet, que também era conectada a duas máquinas de efeitos especiais Abekas Dveous da Scitex que eram usadas para criar as divisões de imagem do videowall. Embora fosse mais fácil automatizar todo o sistema, mudanças constantes na programação do show tornavam necessário criar novas soluções gráficas o tempo todo.
Depois que as seqüências eram criadas, as informações passavam pela rede e entravam em um console de mixagem, como as usadas nos estúdios de televisão. Nessa fase, a diretora Monica Caston selecionava quais imagens seriam projetadas, incluindo aquelas capturadas ao vivo a partir de seis câmeras espalhadas pelo local. Era assim que Bono, por exemplo, podia ser visto se apresentando ao vivo no videowall misturado com fotos de Marilyn Monroe, Jimmy Hendrix, foguetes, carrinhos de supermercado e, claro, uma própria Lara Croft.
Cerca de 35 km de cabos, 21.000 circuitos integrados e 120.000 conectores permitiram que todo este maquinário funcionasse, num total de cerca de 10.000 toneladas de equipamentos, incluindo: estrutura, luzes, alto-falantes, computadores e outras máquinas. Complementando toda essa tecnologia estavam os equipamentos mais rudimentares, porém necessários: 100 banheiros portáteis, porque o homem nunca deixa a natureza para trás...
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