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segunda-feira, 20 de abril de 2020

Alvaro Pereira Junior: "Não sou fã do U2. Não odeio a banda, reconheço o imenso valor jornalístico de entrevistá-los"


Folha De São Paulo - São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

Alvaro Pereira Junior

E-mails de leitores indignados com a bagunça das filas para o U2 inundam a caixa postal de "Escuta Aqui". "Total falta de gerenciamento", acusa Rodrigo Arijon. Bernardo Barlach fulmina: "Não entendo a falta de vocação de empresários brasileiros para organização de shows".
Por trás de tanta revolta, está a adoração pelo U2, sentimento muito mais forte do que jamais poderia imaginar. E, na contramão dessa história, conto minha experiência recente com a banda.
Em maio passado, entrevistei o U2 em Chicago (EUA), numa arena de basquete e hóquei com 21 mil lugares. Foram três conversas. Na primeira, Adam Clayton (baixo) e Larry Muller Jr. (bateria). Depois, sozinho, o guitarrista The Edge. Bono ficou por último - falou por cerca de 20 minutos. Todos muito simpáticos, com zero de ego. Articulados, entendem muito de música. Bono deu palpites sobre rock, o novo papa e até sobre células-tronco!
Bom, essa é a parte que deixa os adoradores do U2 contentes. Mas tem mais...
É que, tenho de revelar, não sou fã do U2. Não odeio a banda, reconheço o imenso valor jornalístico de entrevistá-los. Mas esse rock grandioso não é a minha. Daquela época, eu gostava de Smiths, New Order.
Pousei em Chicago um dia antes do encontro com o U2. Missão da primeira noite: ver o show, para fazer uma entrevista mais embasada (eles tocariam quatro noites na cidade).
Fui. Poltrona cedida pela gravadora, ótima localização. Gostei. Mas não vibrei. Quando iam começar o bis, zarpei rumo a alguma refeição exótica em Chinatown (não deu muito certo - o motorista do táxi era, na verdade, músico, não conhecia caminho nenhum).
No dia seguinte, as entrevistas. E, na seqüência, mais um show que, prometia o staff da banda, seria bem diferente do da noite anterior. Gravamos a primeira música, a única que a banda liberou, bem na boca do palco.
Uma equipe da TV espanhola, que também estava lá, ficou em animação total, para ver a apresentação até o fim. Eu não. Saí para comer.
Você promete não querer me esganar?
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