Em novembro de 2004, a renomada jornalista Chrissy Iley entrevistou o U2 em Cote d'Azur por conta do lançamento de 'How To Dismantle An Atomic Bomb'.
Chrissy escreveu:
"Adam Clayton não esteve conosco em uma noite. Em parte porque ele vive do lado errado de Nice e não gosta de dirigir no escuro após a operação à laser em seus olhos. E em parte, eu suspeito, para não estar perto de bebida alcoólica. Ele já esteve perdido em um vórtice autodestrutivo. Ele agora é cuidadoso ao extremo.
Adam cresceu em Oxfordshire. Quando ele chegou na Irlanda ele se sentiu mal porque, embora fosse o único na classe que falava suaíli, ele não sabia falar gaélico.
A banda sobreviveu a milhares de acessos de raiva ou até mais, vários dramas de partir o coração, e eles seguiram em frente por causa do amor e respeito que todos têm um pelo outro.
Às vezes parece que Adam Clayton sempre foi um estranho, mesmo dentro da banda. Mas no mundo dos extremos do U2 sempre se encontram. De muitas maneiras, ele é a força motriz. Foi ele que com "fé cega e ignorância inegável" disse: "Vamos ser maiores do que os Beatles". Foi no momento em que eles só tinha tocado um par de shows, em disparate e selvageria.
Nós nos encontramos depois em um café na cobertura em Nice. Ele vive um pouco diferente dos outros membros, embora ache que isso possa mudar em breve. Ele pede um expresso duplo, embora tenha recentemente desistido da cafeína. Isso é apenas quem ele é. Preocupado em revelar muito, mas ansioso para que eu chegue ao núcleo dele. Eu digo a ele que os outros membros da banda se lembram mais do que o momento dos Beatles claramente. "Naquela fase eu realmente não sabia o que estava dizendo, mas sei que você tem que entrar nisso com paixão, e essa foi a minha paixão, fazendo isso de verdade. O Punk veio mais ou menos ao mesmo tempo e deu a sensação de que você poderia fazer a diferença através da música. Eu me envolvi nisso. Não era sobre ser um flash de fim de semana. Era sobre ser um fenômeno mundial".
Ele diz que este álbum "foi uma experiência muito diferente. Não é como se estivéssemos correndo como loucos sem dormir". Embora Bono raramente durma mais de quatro horas por noite. Ele não acha que ele está indo rápido, só que o resto do mundo vai devagar. O tempo de Adam Clayton tocando seu baixo e dizendo para Bono: 'Toque você isso então', e indo para um céu ou inferno com seu vício, já se foi há muito tempo. Aconteceu alguma coisa para torná-lo mais harmonioso agora? "Minha percepção pessoal é que evoluímos muito nos últimos dois ou três anos e isso traz uma mudança. Você pode olhar para o quão bem a banda tem feito e que ótima a banda é. Você não pode deixar de se sentir bem sobre isso", diz ele.
"Não são muitas pessoas que chegam a 25 anos em um casamento ou parceria de negócios. Você sabe, coletivamente, acho que tivemos um punhado de decisões ruins. Nós sobrevivemos a elas, e a sobrevivência é como você lida com suas más decisões tanto quanto com as boas decisões". Qual foi o seu maior problema? "Eu suponho que o que eu estou mais desconfortável é como nos conduzimos as coisas com o álbum 'POP'. Nós nos concentramos muito em sair em turnê e projetar o palco do show, o que foi incrível, mas nós nos esquecemos de terminar o álbum".
Na época, 'POP' foi criticado. Foi saudado como a desgraça e morte. Agora, em alguns círculos, parece um clássico peculiar. "Eu acho que acabamos de perder o nosso caminho e agora é apenas parte da nossa história". Foi quando você perdeu o seu caminho? "Não, eu estava bem ali, isso veio muito antes".
O período muito antes foi o noivado com Naomi Campbell. Um astro do rock precisa de uma supermodelo. Eu sempre senti que era uma pena eles se conhecerem quando ele estava fora dos trilhos. Mas o verdadeiro Clayton é carinhoso e educado, super sensível, e em muitos aspectos eles eram bons juntos. Seu caso com Campbell fez dele a celebridade que ele sempre tentou não ser, apesar de eu apontar que houve tempo para a foto da capa de 'Achtung Baby'!
"Ainda assim as pessoas não reconheceram meu rosto. Eu tive sorte então. Eu sempre fui um pouco tímido com a câmera".
Cada um dos quatro conhece os pontos fortes e fracos e os extremos muito bem. "De certa forma, não somos extremamente íntimos uns com os outros, mas há uma tremenda tolerância, espaço e compreensão e amor e todas as coisas que apoiam as pessoas. Há intimidade, mas a maior parte do tempo é uma situação de trabalho e depois todos voltam para suas famílias. É mais adulto. Não são os quatro caras que você estava na parte de trás de uma van no trânsito por dois anos e meio. Mas como posso resumir onde estamos agora? Não há sinais de abrandar ou de ser diluído. De certa forma, estamos no auge de nossos poderes".
Você me disse uma vez que é impossível ser uma ex-estrela do rock e que você iria continuar para sempre. "Hummmm, isso foi há alguns anos atrás. Eu não posso culpar a ingenuidade. Mas sempre há essa questão. O que o U2 se tornará? Uma paródia de si mesmo? Uma versão diluída? Estamos buscando continuar a ter dignidade e respeito. Não está ficando mais fácil, mas estamos melhorando em lidar com isso".
Você é sua própria família? "Essencialmente sim. Mas eu estou tentando filtrar o romantismo do que você acabou de dizer com o pragmatismo disso". Em todas as famílias de vocês, há alguns elementos faltando que vocês encontraram um no outro. "Sim, nós somos nosso próprio mecanismo de sobrevivência. Dependíamos uns dos outros em nossos vinte anos de uma maneira que você não poderia em qualquer outro modo de vida. Nós fomos erguidos e forçados juntos. Foi uma panela de pressão até 'The Joshua Tree' e então o calor começou a ser liberado. As pessoas tinham mais opções em suas vidas e suas vidas eram mais complicadas com sucesso, dinheiro, opções e família. Então ficou mais difícil estar junto naquela mesma unidade. Envelhecer significa que é mais difícil manter as mesmas disciplinas que você tinha em seus trinta anos".
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