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sexta-feira, 10 de novembro de 2017
A História Não Contada: quando o U2 esteve em Brasília
Na segunda noite de shows do U2 no Brasil pela 'The Joshua Tree Tour 2017', Bono falou ao público: "que país maravilhoso vocês têm", antes de contar que a banda esteve no famoso Edifício Copan em São Paulo, citando o arquiteto Luiz Oscar Niemeyer e que dali era possível ver toda a cidade.
A banda admira a história e arquitetura de Brasília.
Em 2006, Bono esteve em Brasília para um compromisso oficial, em um encontro na Residência Oficial da Granja do Torto com o Presidente.
Em 2011, Bono voltou à Brasília, e dessa vez trouxe os outros três integrantes da banda. Antes do encontro oficial com a Presidente, o quarteto fez um passeio pela capital. Conheceu alguns dos principais monumentos e surpreendeu os fãs, parando para fotografias e autógrafos.
Em ambas as visitas, Renato Alves do Correio Braziliense conseguiu entrevistas exclusivas com Bono. Na primeira, quando saía da Base Aérea, em um carro, na companhia de dois seguranças e do então Ministro da Cultura, Gilberto Gil. O líder do U2 pediu para o veículo parar, desceu, conversou e posou para fotos com meia dúzia de fãs que faziam plantão no principal acesso da área militar.
Na segunda, em 8 de abril de 2011, Renato e um colega fotógrafo acompanharam, com exclusividade, o passeio da banda pela Esplanada dos Ministério. Bono concedeu uma rápida, mas emocionante entrevista. Entre outras coisas, ele falou sobre a importância de Oscar Niemeyer para a arquitetura mundial e o recente massacre de crianças em uma escola do Rio de Janeiro.
Mesmo sem estar no roteiro da turnê mundial da banda, Brasília foi a primeira parada do U2 no Brasil em 2011, onde a bandaria faria shows em São Paulo. O grupo desembarcou na Base Aérea, vindo de Buenos Aires (Argentina), onde fez três apresentações na semana anterior. Em duas vans, escoltadas por três carros particulares e motociclistas da Polícia Militar do Distrito Federal, os músicos, assessores e apenas quatro seguranças seguiram pela L4 Sul. Mas, em vez de pegar a pista que leva ao Palácio da Alvorada, onde a Presidente esperava a banda para o almoço, a comitiva fez um retorno e foi em direção à Esplanada dos Ministérios.
A carreata parou em frente ao Palácio do Planalto para ver o prédio desenhado por Niemeyer, mas ninguém desceu. A parada seguinte ocorreu na Catedral Metropolitana. Acompanhados só pelos quatro seguranças particulares e pela equipe do Correio Braziliense, Bono, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. deixaram a van e ficaram admirando outra obra de Niemeyer. Logo, duas turistas capixabas perceberam a presença das estrelas. "Não acredito, não acredito. Moço, aquele é o Bono do U2!?", indagou para a repórter Priscila de Alcântara.
Educadamente, Bono pediu à moça e à amiga, afoitas por uma foto e um autógrafo, para esperá-lo do lado de fora da Catedral. "Vou rezar e volto", avisou. Ao lado de The Edge, Bono desceu a rampa da Catedral. No caminho, o guitarrista se abaixou para deixar notas de dinheiro no chapéu segurado por uma moradora de rua e disse algo a ela. A mulher agradeceu, em português. Assim que entraram no templo, Bono e The Edge olharam para os vitrais e não esconderam o deslumbramento. O vocalista se ajoelhou perto de um dos bancos e orou por cerca de dois minutos.
Na saída, encontram Priscila e outros sete fãs, que estavam ali por acaso e acabaram encontrando com os ídolos. Atenderam todos os pedidos de autógrafo e fotos. Como bons turistas, Bono e Adam Clayton ainda pediram ao fotógrafo do Correio Braziliense para registrar uma imagem de ambos em frente à Catedral.
Em seguida, o líder da banda atendeu o pedido de entrevista do repórter. Primeiro, falou do motivo do tour pela capital.
"Sempre ouvi falar de Brasília por causa das obras de Oscar Niemeyer. Sempre quis conhecer as obras desse arquiteto. Não consegui fazer isso há cinco anos. Mas hoje está sendo um belo dia, pois trouxe todos os amigos (da banda)", ressaltou Bono.
Em tom sereno, Bono falou também sobre as mortes de 11 crianças em Realengo, no Rio de Janeiro: "Não tenho muito a dizer. Dizer o quê? É difícil dizer algo perante uma barbárie como essa. Estou muito triste, como o seu país todo deve estar". Depois, adiantou que a banda preparava uma homenagem às vítimas da tragédia na escola carioca. "Sim, estamos pensando em algo. Não sabemos direito o que será, mas faremos uma homenagem."
Da Catedral, o grupo foi até o Congresso Nacional, mas, novamente, não desceu ninguém dos veículos, pois eles estavam atrasados para o encontro com a Presidente.
Não só a Presidente esperava pelo U2. Cerca de 100 fãs da banda faziam plantão em frente ao Palácio da Alvorada, ao lado de um grupo de quase 30 jornalistas. Ao avistarem a escolta, por volta das 12h45, os seguidores do grupo irlandês começaram uma gritaria. Ninguém deixou os veículos, mas, de dentro de uma das vans, Bono acenou, para o delírio deles.
Bono comanda a organização ONE, que arrecada fundos para a compra de medicamentos contra o vírus da Aids e a malária na África. E foi sobre esses temas que ele conversou nesta reunião, além da erradicação da pobreza — de acordo com o blog do Palácio do Planalto, o músico disse que todo Presidente deveria priorizar o combate à miséria.
Após apresentar os colegas de banda à Presidente, Bono lamentou a tragédia na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, RJ. "Esse é um dia muito triste para o Brasil", disse à Presidente, conforme vídeo divulgado no blog oficial da Presidência da República. Nenhum repórter teve acesso ao encontro, que durou duas horas e meia. Cinegrafistas e fotógrafos entraram no palácio apenas para rápidas imagens da banda com a Presidente.
Fora do palácio, o número de fãs só aumentava. Além de adultos, havia adolescentes e até bebês, levados pelos pais. E ainda mais de 150 crianças de duas escolas, em uma excursão cívica por Brasília. Todos gritaram juntos assim que a comitiva do U2 cruzou os portões do Alvorada. Mesmo diante da multidão, os músicos não se acanharam e desceram das vans, para desespero dos seguranças particulares e da presidência. Na medida do possível, Bono, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr., atenderam todos os fãs.
Agradecimento: Renato Alves - Correio Braziliense
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