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quarta-feira, 22 de novembro de 2017

The Sunday Times: Bono fala sobre morte, impostos e o novo disco do U2 - Parte I


The Edge sobre Bono em entrevista ao The Sunday Times:

"Quando seu amigo passa por um trauma que poderia ter sido fatal, é claro que você passa a estar preocupado. Estamos numa idade em que temos de pensar no nosso bem-estar, porque quando vemos tanta gente morrendo, não muitos, mas vemos, é como: vamos lá... Você passa a colocar os cintos de segurança pela primeira vez."

O novo álbum de U2 é uma obsessão com a morte - mas é um sucesso. Bono, sob fogo cruzado por seus assuntos tributários, responde aos seus críticos e também coisas sinceras sobre sua família - Parte 01

O artigo do The Sunday Times, com uma entrevista com Bono e The Edge realizada em São Paulo durante a passagem do U2 com a 'The Joshua Tree Tour 2017':

Recentemente, Bono tem se preocupado sobre como ele será lembrado quando ele morrer. "A perda de David Bowie me afetou profundamente", diz ele. "E Leonard Cohen, que eu não conhecia tão bem quanto David, mas eu conhecia Leonard."
Ambos os cantores receberam despedidas vibrantes, e os tributos foram 99% positivos. Isso não vai acontecer com Bono.
"No seu funeral, ninguém fala sobre o que você conseguiu", ele diz com um pouco de tristeza. "Eles falam sobre se você era engraçado ou não? Se você era gentil com seus filhos? Então, estou me afastando de me preocupar muito com o meu legado, no que diz respeito ao U2 ou ao meu próprio trabalho, para estar mais preocupado com o que meus filhos e amigos pensam sobre mim."
O encontro com Bono ocorreu no terraço do hotel, um dia antes de um show da banda onde uma mulher no público desmaiou, modelos levantaram-se para os selfies, e Owen Wilson com uma calça arrojada cheia de flores, cantava de coração aberto e com lamento, "With Or Without You".
Bono tem uma memória confusa: as respostas chegam, mas isso leva tempo. 57 anos, vestido dos pés à cabeça, com óculos escuros polarizados.
Duas semanas depois da entrevista, a bomba do Paradise Papers estourou. Ele foi nomeado neles por usar uma "empresa com sede em Malta para investir em um shopping lituano". Foi uma acusação de evasão fiscal contra o "cara famoso do poster" pelos super-ricos moralizadores.
Sua porta-voz insistiu que não havia crime, mas ele ainda é rotulado de hipócrita. Por email, Bono explicou: "Eu acredito totalmente na transparência e não tenho interesse em meus investimentos escondidos, na Lituânia, Malta ou em qualquer lugar", ele respondeu. "Este investimento foi em 2006 e meu nome foi visível para as autoridades relevantes". Ele acrescentou que fez parte em 2013 de uma iniciativa para dar acesso à imprensa para quem possui o que e onde. "Eu não queria antes, e muito menos agora, ser cúmplice de um sistema que está fora de controle em termos de sua obscuridade. Eu acho que você pode ser um investidor, bem como um ativista - não há nada de errado em ser alguém que causa problemas".
Você tem que admitir que o trabalho de Bono com a (RED) produziu mais de 465 milhões de dólares para o trabalho contra a AIDS na África. Alguns de seus impostos poderiam ter sido evitados, é claro, mas, por outro lado, ele distribui fundos para as causas em necessidade.
Há pessoas desesperadas o suficiente para descartar todo o trabalho de Bono, apenas porque odiaram aquele momento em que um álbum indesejável do U2 apareceu no iTunes. "Eu fingi no passado que isso não feria meus sentimentos, mas poderia", diz ele quando perguntado sobre a percepção pública dele e sua banda. "Mas eu não acho que isso incomoda à alguém mais".
Para aqueles que não são fãs, ele é visto como um santo de duas faces. Para os fãs, francamente, eles não se importam. O U2 tocou para 2,7 milhões de pessoas com a 'The Joshua Tree Tour 2017', são populares, ricos, e tiveram que sair do show em São Paulo escoltados devido ao enorme número de fãs, e fecharam um hotel com exclusividade para terem privacidade. Neste mesmo hotel, Adam Clayton estava de kimono pelo lobby.
O papo com Bono  aconteceu antes do Paradise Papers, mas parecia que ele esperava por algo. Bono parece fragilizado? Há pistas de seu estado de ânimo em 'Songs Of Experience', o 14º disco do U2, que tem músicas compostas para quem mais ele se interessa: sua esposa Ali; seus quatro filhos; Jesus. São letras obscuras, cheias de alusões à morte, que resistem.
"Eu sofri alguns golpes", admite Bono, quase como em um sussurro durante grande parte da entrevista. Um grave acidente de bicicleta em 2014 foi amplamente divulgado, seguido das mortes de Bowie e Cohen. Foram os golpes mencionados?
"Não, houve algumas coisas, mas não vou entrar em detalhes", diz ele, antes de parar, pensar, se recuperar novamente. Ele faz muito isso. "Todo mundo tem um toque de mortalidade, e eu não quero entrar nisso como em uma novela, mas eu disse:" Ok, eu posso não ser indestrutível. Um momento para parar e, naquela pausa, pensei: eu vou olhar para a mortalidade e como ela afeta a maneira como vejo minha família, amigos e fé".
Neste ponto, essa linha incrível na fantástica "Lights Of Home" - "Oh, Jesus, eu ainda sou seu amigo" - é difícil de ignorar. O toque de Bono com a morte o afastou de Deus? "Minha curiosidade me leva a lugares perigosos, e eu tenho sido indiferente à respeito", ele admite. "Em parte por causa da minha fé, mas então senti que a fé estava fora do alcance. Foi no último Natal, e fiquei surpreso. A crença é absurda, mas eu tenho, e eu pensei: "Estou com medo". Foi algo novo, e percebi que não queria morrer. Quero passar tempo com meus filhos. Há músicas que eu quero escrever, coisas pelas quais eu posso ser útil. Então, quando eu reconheci meu medo, minha fé voltou".

Dos sites: The Times - U2 News
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