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sexta-feira, 13 de outubro de 2017
A Entrevista: The Edge e Adam Clayton falam para o Clarín da Argentina - Parte 02
─ Vocês tocam juntos por quase 40 anos, sem pausas na carreira, brigas ou impasses, algo incomum em uma banda de rock. Como você explicaria isso?
The Edge: Não existe uma razão única. Eu acho que o principal é que somos completamente ineficazes. Tocamos no U2: o que mais podemos fazer?
Adam Clayton: Quando começamos estudando juntos aos 16 anos, o compromisso não foi: "Vamos fazer isso até que nos convenha". Era: "Vamos fazer isso e ver onde nos conduz". E isso nos levou a conhecer todo mundo, conhecer pessoas incríveis e criar excelentes músicas que fazem parte do nosso legado. E bem, melhor que isso, impossível. Não há nada mais excitante e fortalecedor do que o que o U2 fez conosco. E acho que é isso que nos manteve juntos. Eu acho que todos nós temos um respeito muito saudável também. Somos um grupo de pessoas inteligentes e cuidadosas. E nunca caímos em coisas triviais. Discutimos as coisas importantes.
─ Você se lembra de algum episódio em que essa amizade ou comunhão esteve em perigo?
The Edge: Eu acho que sempre há momentos desafiadores. Cada turnê, cada álbum traz pontos de estresse. Mas a pergunta que eu faço é: alguém já questionou alguma vez as amizades verdadeiras na banda? Eu creio que nunca. Elas são mais fortes do que qualquer coisa. É a pedra fundamental e provavelmente a amizade excede no U2.
─ Adam, você agradeceu recentemente a Bono, The Edge e Larry por se juntarem e apoiá-lo na sua luta contra o vício do álcool. Quão difícil foi essa luta para todos?
Adam Clayton: Bem, a parte difícil é aceitar o problema. O vício é tão inteligente que ele engana você e leva você a pensar que vai cuidar de você, que irá protegê-lo. E esse não era o caso. Eu estava me afundando e também a banda; não estava dando todo o meu potencial. A banda me apoiou em todos os momentos, eles viram minha deterioração na minha qualidade de vida e nas minhas habilidades. E no momento certo nós confrontamos isso e eles me disseram para não me preocupar, que a banda continuaria, que meu lugar na banda estava garantido, mas que eu tinha que resolver isso. Foi difícil, mas é o que formou a pessoa que sou hoje, por isso estou muito grato por isso.
"O próximo disco poderia lutar contra 'The Joshua Tree' em termos de qualidade da música", disse The Edge.
Ele fala sobre 'Songs Of Experience', o novo álbum do U2 que será lançado antes do final do ano. Um material muito aguardado, já que a banda tinha ele pronto para o final do ano passado, mas alguns eventos importantes como o Brexit e a presidência de Trump nos Estados Unidos motivaram a banda a reescrever algumas músicas.
"O álbum estava quase finalizado no final do ano passado, e nós poderíamos ter nos apressado e lançado em fevereiro deste ano, mas quando nos aproximamos desse prazo, muito aconteceu: a escolha de Trump e algumas questões desafiadoras que Bono estava enfrentando", diz ele.
E ele acrescenta: "Então nós decidimos nos dar a chance de interromper a gravação e reconsiderar o material. Além disso, nesse período, fizemos algo que sempre prometemos fazer, mas nunca tínhamos conseguido, e é ter as músicas prontas, tocá-lasao vivo em uma turnê de seis meses, e depois lançar o disco. Nós não fizemos isso totalmente, mas nós voltamos para o estúdio para ensaiar e mudar os arranjos, ritmos, alguns dos sons, e então nós combinamos isso com o que nós já tínhamos gravado com produções mais do século 21."
─ Então, como vocês definiriam 'Songs Of Experience'?
The Edge: É uma ótima síntese da qualidade orgânica de uma banda de rock and roll, mas com a disciplina, foco e clareza de uma gravação do século 21, muitas das quais criadas usando a tecnologia atual: baterias programadas, bases de teclados, muito poucas guitarras, muitos sintetizadores. Então, é uma produção muito focada no vocal e com poucos elementos. Eu acho que queríamos fazer parte do movimento e cultura dance e eletrônica, mas também colocar o que apenas as bandas de rock têm e ninguém mais pode fazer. E em algumas músicas, você pode literalmente ouvir as duas coisas: o baixo ao vivo e a bateria muito estruturadas, e vice-versa, loops muito focados. Em resumo, para nós a música é quem manda: queremos que as músicas brilhem. Seja qual for o som do álbum, ele tem que servir as músicas, tem que servir as vozes, as melodias e as letras. É muito fresco para nós, muito diferente.
─ O título do álbum se conecta diretamente com o anterior, 'Songs Of Innocence'.
The Edge: Sim, mas raramente, alguns aspectos do novo álbum são mais apropriados para 'Songs Of Innocence'. Existem músicas de 'Songs Of Experience' que são uma grande reminiscência do U2 no início e há músicas de 'Songs Of Innocence' que deveriam estar no novo álbum. Então é uma mistura de ambos.
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