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quarta-feira, 11 de outubro de 2017
O produtor Jacknife Lee conta sobre seu trabalho nas canções de 'How To Dismantle An Atomic Bomb' do U2 - 2° Parte
O produtor Jacknife Lee (nascido em Dublin com o nome de Garret Lee), foi guitarrista na banda neo punk Compulsion. Quando eles se separaram, ele assinou com a Pussyfoot Records de Howie B, adotou o nome Jacknife Lee e em 1999 lançou seu single "Cookies", seguido pelo disco de estreia 'Muy Rico' e mais tarde 'Punk Rock High Roller' em 2001.
Considerado "novo" no mundo da produção, Steve Lillywhite e o U2 mostraram para ele uma mixagem inicial do disco 'How To Dismantle An Atomic Bomb', antes de o chamarem para compor a equipe.
Jacknife Lee conta sobre seu trabalho em 'How To Dismantle An Atomic Bomb':
"Se você passa 16 horas por dia com alguém, você se conecta um com o outro. Seu mundo se torna a gravação, e todo mundo está no mesmo caminho mental, emocional ou espiritual. E o U2 conduz isso.
É como um quebra-cabeças: você está pegando pedaços de um take de outra pessoa - um momento incrível, e juntando isso com seu trabalho, esperando que você termine com algo grandioso. Os grandes saltos são feitos de pequenos momentos.
Houveram grandes takes. Uma música que eu estava trabalhando bastante foi "One Step Closer" - que era uma música muito longa, uma coisa meio country que Danny Lanois tinha feito - e eu estava tentando algo fora dela. Bono veio e fez um vocal e foi incrível - realmente emocional.
Ele ficou lá e dançava e cantava, suando, e colocando tudo nela. A maioria dos cantores não fazem isso. Mas ele tem audiências também no estúdio. As pessoas vão lá. Às vezes, o vocal foi feito apenas em um take na frente de todas as pessoas da empresa discográfica que iriam ver o progresso.
"One Step Closer" originalmente tinha cerca de oito minutos de duração. Eu me livrei de todas as coisas que eu não gostava - todas as guitarras, alguns versos e middle eights - e acabei deixando apenas o vocal. Eu estava tentando encontrar a essência sobre a qual a música era.
Eles tocaram de novo e eu processei as guitarras para que não ficasse óbvia do jeito que ela era. A banda continuou fazendo piadas com o que eu estava fazendo - dizendo que soava como insetos. Mas eu gostei muito disso. Faz a música parecer como se pudesse rastejar sozinha.
A maior parte do vocal usado permaneceu desde a primeira vez que ele cantou ela, quando ele estava trazendo as palavras junto com a música. Muitas delas ficaram. Mesmo quando você passa por todos esses processos, a essência permanece.
Então essa música foi realmente mexida, mas eu não acho que parece como se tivesse sido despedaçada.
"A Man And A Woman" começou originalmente como uma grande canção épica do U2. Mas nós mexemos nela. Eu queria fazer algo como os Isley Brothers.
Ela poderia ter ido para aquele caminho "pipe-and-slippers", mas teria sido muito sentimental. Há uma tensão real nela agora. Tem um violão acústico - é um som tão humano. Você pode ouvir isso sendo tocado.
Eu diria que "Love And Peace Or Else" tem mais do meu trabalho. Passei muito tempo nela.
Eu adoro a introdução de "Miracle Drug". Essa foi uma das primeiras coisas que eu fiz. Sempre adorei a música, desde o começo. Eu queria seguir o caminho vocal, que começa baixo, em seguida, se espalha e é expansivo e bonito. Não há nada melhor do que o som de uma banda em pleno vôo. Eu queria que soasse como uma boa trilha sonora tocada em um filme - como o início de 'ET' ou 'Os Bons Companheiros'.
Então eu peguei o que eles tinham gravado, processsada através de filtros diferentes, e coloquei os meus "barulhos de insetos" nela. Com o U2, geralmente, você não coloca seus próprios sons lá (embora eu tenha colocado um som de um glockenspiel de brinquedo nela...) Você manipula mais sons tradicionais para fazê-los soar incomuns.
Eu fiz um arranjo de cordas - violoncelos e outras coisas -e Edge tocou guitarra de maneira fantástica em cima disso.
Com o U2, ajuda ter uma equipe. Todos trabalham de maneiras diferentes. Torna as coisas mais excitantes quando as ideias estão fluindo. Você imagina que haveria egos, mas não aconteceu nada disso. Eu teria pago para aprender as coisas que aprendi com Steve e Flood.
Estou orgulhoso do que fiz naquele álbum. É um disco muito bom, acho que é um dos melhores. E para uma banda com uma carreira longa como a deles, lançar um disco que é tão bom quanto ele é, e estar com fome, é bastante surpreendente.
Eles quebraram o modelo. Não há nenhuma banda que seja como eles. Todos os seus contemporâneos ficaram uma droga em um ponto, mas Eno foi importante para eles. E se eles não tivessem explorado as coisas nos anos noventa, eles não seriam reconhecidos agora. Isso abriu caminho para eles.
Quando eles estão gravando uma música, eles estão pensando: 'como isso vai soar em frente de 60.000 pessoas', sabendo que elas vão ter que colocar algo junto com "Beautiful Day" ou "Where the Streets Have No Name". Os padrões são muito altos.
O U2 tem um impacto enorme quando você assiste eles, e eles conseguem unificar as pessoas sem que seja porcaria. Não é muito sentimental. É inteligente.
Eu passei um tempo depois disso, trabalhando em outras coisas para o U2 - cinco músicas para o Box Set do iTunes, além de "Ave Maria" com Bono e Pavarotti e o Club Mix de "Vertigo".
Eu sei que parece muito Hollywood, mas eu fiz muitos bons amigos. É incomum terminar um disco e as pessoas ainda estarem falando por telefone. Equipe e todo mundo. Eles estão juntos há tanto tempo que eles têm pessoas genuinamente boas ao redor deles, você sabe, que cuidam um do outro. É raro."
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