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quarta-feira, 6 de setembro de 2017
Nas sessões de gravações de 'Songs Of Experience' em Dublin - Parte 1
Por Jon Pareles, para o site New York Times:
Em março de 2016, o U2 estava em Killiney, um luxuoso subúrbio à beira-mar de Dublin, imerso em sessões para a sequência de 'Songs Of Innocence', o seu álbum de 2014. A banda tinha alugado uma mansão vitoriana branca e equipou ela como um estúdio de gravação, com equipamentos instalados no salão com janelas para a Baía para que a banda pudessem fazer jams juntos.
Larry Mullen tinha uma segunda bateria aninhada em uma escadaria com um eco rugindo - uma técnica de gravação que foi feita pelo Led Zeppelin. Um dia antes de eu ir visitá-los, Larry e a Edge tinham adaptado uma linha de baixo de uma canção da banda Haim em um riff de guitarra inicial, e Bono imediatamente começou a cantar algumas letras.
Quando cheguei, o U2 e um de seus produtores, Jolyn Thomas, reuniram-se para reproduzir a nova canção, juntamente com meia dúzia de outras destinadas ao álbum. Havia gravação ao vivo para ser feita também. Bono, com muita energia sempre, anunciou que tinha acordado às 5 da manhã com um refrão inteiramente novo para uma canção. "Eu sonhei, então pode ser horrível", advertiu.
Com o backtrack da faixa colocado muito alto na sala - sem fones de ouvido ou cabine vocal para Bono - ele cantou a nova letra, em takes rápidos um atrás do outro. Um breve silêncio, e então Bono pediu para aqueles na sala, suas opiniões. "Parece uma coisa mais crível", disse The Edge, e havia acenos de aprovação. As coisas pareciam estar se movendo rapidamente.
Mas isso foi há mais de um ano, e essas letras não fariam parte do último corte do álbum. As outras canções que ouvi naquele dia também passaram por muitas metamorfoses antes do álbum ser finalizado: mudanças de estrutura, tempo, sons.
E então, quando o álbum estava finalizado, as eleições britânicas e americanas sacudiram o mundo, atrasando o álbum novamente e, eventualmente, trazendo uma escuridão, assuntos diretamente mais políticos para algumas das letras. "Precisávamos de alguma distância disto", disse Bono. "O mundo mudou. Precisávamos dar uma pausa no que estávamos fazendo para assumir a escala da mudança." O álbum, 'Songs Of Experience', agora está programado para ser lançado no dia 1° de Dezembro de 2017.
Ele aparece em um momento em que a cultura popular está reunindo seu espírito de justiça e resistência - um momento que poderia muito bem ser adequado para o U2, cujas guitarras cortantes e batidas marciais, através dos anos, se tornaram a assinatura rock n roll sônica do idealismo. 'Songs Of Experience' funde reflexões pessoais com notícias mais amplas do mundo, e pede compaixão, empatia e retidão. "A maldade no mundo, nós apenas deixamos ela perfurar o álbum", disse Bono. "Mas ainda tinha que ser um álbum muito pessoal, não uma polêmica."
Ele acrescentou: "as eleições foram um choque para o sistema de maneira pessoal e um choque para o sistema de maneira política, não apenas na América, mas na Europa. Esta é a minha resposta lírica a ambos os choques. Eu me inclinei mais sobre o pessoal do que o político, mas a política está lá para colocar as músicas pessoais no contexto do tempo, da história."
Bono estava ao telefone direto do Sul da França, há mais de uma semana. "Eu olho pela janela, no mar Mediterrâneo que é tão tranquilo hoje", disse ele, "e eu vejo as famílias jovens se molhando nele. E do outro lado, bem distantes, estão as pessoas que estão lidando com as suas vidas em pedaços de madeira e criando estas flotilhas humanas para escapar do que ainda é uma guerra em todo o caminho. Eu queria escrever sobre isso."
O U2 lançou um videoclipe de uma performance de "The Blackout" no final de agosto. É vibrante, uma batida rock que começa dizendo "O dinossauro se pergunta por que ele ainda caminha na Terra" e mais tarde a pergunta "é este um evento de extinção?". A canção também observa que "estátuas caem/democracia é deixada para trás." Ao escrever e reescrever a música, Bono disse: "Eu escrevi isso sobre a democracia, não sobre uma velha estrela do rock".
O U2 se recusa a apressar os lançamentos de seus álbuns. Cada vez mais ciente de seu status único como uma banda de rock que começou sua quinta década com sua formação original - e ainda está esgotando shows em arenas e estádios - o grupo pesa constantemente seu passado e sua determinação em avançar. Suas ambições são altas e grandemente dimensionadas. A sua atitude continua ser sincera, paciente e artesanal.
"Nós ainda realmente acreditamos que podemos fazer um grande disco", disse The Edge no mês passado por telefone de Dublin, onde ele estava trabalhando a seqüência final de canções de 'Songs Of Experience' e trabalhando em sons de guitarra para a próxima turnê do U2, construída em torno deste álbum. "É uma motivação muito diferente entrar para fazer um álbum, do que pensar: 'bem, nós temos que fazer algo logo e lançar para os fãs.'"
É um sentimento que o Bono ecoaria. "É quase impossível ser grande", disse ele. "É por isso que chamamos de grandioso. E essa é a nossa droga preferida. Muito bom é o inimigo do grandioso - há muito disso. Mas quem quer estar em uma banda muito boa neste momento? O que quer que você pense da nossa obra, ou o que você pense do grupo U2, nós ainda estamos tentando chegar além de nós mesmos."
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