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domingo, 5 de julho de 2015

A entrevista de The Edge e Adam Clayton para Kyle Meredith


Kyle Meredith, da Rádio Louisville, recentemente entrevistou Adam Clayton e The Edge entre os shows do U2 no United Center em Chicago. O site U2 News disponibilizou uma transcrição.

Confira:

Kyle Meredith: Parece que ao longo de suas carreiras, não importa o quão bom é o disco ou como ele está se saindo, sempre tiveram de se defender. Como se sempre tivessem que defender o que fazem. Deve ser cansativo estar no U2.

Adam Clayton: Eu acho que significa que temos que irritar as pessoas por aí. Talvez isso seja uma coisa boa. É bom ser irritante.

The Edge: A pior coisa é ser seguro. É parte do que parece que geramos no público, um tipo de reação extrema em uma direção positiva ou negativa. Felizmente, ainda existem muitas pessoas que amam o que fazemos. Desde o início, sempre houve pessoas que simplesmente não nos suportava. Não davam abertura. Nossa música é muito frontal. Não é uma música indiferente. É apaixonada. É como ser atingido no rosto e se você estiver de acordo, e você quiser aceitá-la, então eu acho que é algo incrível. Mas algumas pessoas simplesmente não estão preparadas para isso. Minha atitude é que se você não gosta do U2, você simplesmente não está fazendo esforço o suficiente.

Kyle Meredith: Tem havido muitos sons diferentes ao longo dos anos. Com este álbum, 'Songs Of Innocence', muito da temática é de revisitar o passado ou celebrar a juventude. Quando estão fazendo isso, e talvez seja mais lírico com o que Bono está fazendo, acha que haverá um fim, quando têm de reviver sua adolescência repetidamente outra vez toda noite na turnê? Parece que haverá um ponto onde essa porta deverá ser fechada.

The Edge: Acho que as músicas tomam um significado diferente quanto mais você se envolve com elas. É engraçado como uma música como "I Will Follow" começou como uma letra bastante abstrata. Ninguém sabia muito bem de onde ela veio ou do que se tratava. Olhando para trás agora você pode ver claramente, esse foi o momento em que Bono perdeu a mãe e se transformou, como ele diz durante os shows, em um artista. É provável que ele incita a ambição que tem e a sensação de usar a música como uma forma de dar sentido ao mundo e definir a si mesmo. Esta canção cresceu em profundidade como nosso entendimento sobre ela ao longo dos anos. Acho que este disco não é diferente. Há muitas canções que são muito pessoais, mas há nuances e letras que nós ainda estamos entendendo. As músicas estão realmente tomando vida própria da maneira que sempre acontece, mas estão se tornando poderosas no contexto do ao vivo. O show é ponderado para novas músicas e está se sustentando. Isso é realmente emocionante. São músicas novas, mas elas estão em pé juntamente com nosso melhor trabalho. Nós criamos com esse show, momentos realmente novos e únicos ao vivo, onde as músicas começam a chegar de uma maneira muito evocativa e poderosa.

Adam Clayton: Eu acho que de alguma forma estar no U2, é como ter um diário da vida, porque sempre que você olha para as primeiras canções, lembra-se exatamente quais foram suas experiências, o que você pensava na época, e o que estava fazendo. E agora, quando retornamos para essas canções e tocamos elas com uma perspectiva diferente, é como: "Ah, tudo bem. Agora sei porque estou aqui. Agora sei do que se trata." E de certa forma tocamos essas músicas melhor agora do que quando nós escrevemos elas. Certamente, com uma energia diferente.

Kyle Meredith: Desenvolve-se como um jogo em um show ao vivo, e parecem que estavam pensando em fazer deste jeito. Com isso em mente, musicalmente, se você chega no disco pensando 'isto deve ser o que nós estamos fazendo tematicamente', vejo uma canção como "Every Breaking Wave" que soa como aqueles velhos sons do U2. Há um pouco de 'The Joshua Tree' lá. Sei que não tem que ser como ele, porque esta versão acústica soa diferente. Isso faz parte? Vocês disseram 'vamos fazer esses pequenos truques divertidos'?

The Edge: Eu acho que, na verdade, fizemos a maior parte ao contrário. Tentamos evitar referências diretas. Mas são estes os quatro caras e a música que nos excita, e o que foi tão formativo para nós significa que vamos sempre se mover em uma direção particular na composição e produção. Nós gostamos de tentar manter as coisas o mais legal possível. Se as coisas começam a soar como os álbuns anteriores, é quase o oposto do que estamos tentando alcançar.

Kyle Meredith: Vocês são conhecidos pela inovação. Pela tecnologia, pelo estilo de música. Eu tive uma discussão com um amigo falando sobre o U2 possivelmente ser a banda maior de todos os tempos, no sentido de que se nós formos colocar contra outra banda, deve ser com os Beatles, que mudaram o mundo duas vezes, com seu primeiro disco e também com Sgt. Peppers. Assim como vocês fizeram com 'The Joshua Tree', 'Achtung Baby' e 'All That You Can't Leave Behind'. Ter isso em seus ombros, tentando constantemente inovar musicalmente, e com tantos outros novos sons aqui como a música que fizeram com Lykke Li, e com as que deixaram de lado "Lucifer's Hands" e "Crystal Ballroom". Como fazem isso? Como decidem e em seguida: "Ok, nós temos que lançar algo novo, temos que ser U2"?

The Edge: Em primeiro lugar, nos comparar com os Beatles é uma ideia incrível e eu não acho que qualquer um poderia ser comparado com uma banda como os Beatles. Eles, para mim, destacam-se em outro universo, mas só de estar na mesma frase que eles é simplesmente incrível para mim. Mas em termos internos do nosso grupo, sempre procuramos por esse sentimento de novidade e algo fresco. Praticamente o único momento em que podemos realmente começar a nos entusiasmar muito em um estúdio ou ao vivo, é quando nos sentimos únicos e diferentes. Isso é exatamente o que fazemos desde o início, eu acho, porque viemos daquela época da música punk, onde tudo foi sendo reinventado. Nós nunca confiamos nos conhecimentos tradicionais do rock and roll. Na realidade, tentamos evitá-los na maioria das vezes a todo o custo. Algumas exceções, como em 'The Joshua Tree', que definitivamente estávamos tocando alguns blues e 'Rattle And Hum', mas a maioria do nosso trabalho é dedicado a um novo ponto de vista que não havia sido explorado antes, e passando por nossa produção ao vivo e muitas outras coisas que fazemos.
Rock and roll como uma forma é bastante simples. Quando ouvimos novamente nossas primeiras gravações, o álbum 'Boy' em particular, ouvindo suas nuances e composições, penso "de onde vem isso? Isso é algo externo no âmbito do rock and roll." Eu não consigo pensar em uma referência para isso. Lembro-me que naquela época, muito daquilo era nós em uma sala tentando encontrar algumas idéias. Sabíamos tão pouco sobre composição musical, que tentamos muitas experiências. Foi através deste divertimento, tentativa e erro, que chegamos em novas idéias de composições que vieram de mundos completamente diferentes e ainda são localizadas neste disco com facilidade. Acho que foi aquele momento onde a música era, realmente, tudo o que estava em jogo. Regras tinham sido quebradas, então foi só ver como poderia ser feito.

Kyle Meredith: Com tudo o que foi dito sobre 'Songs Of Innocence', críticas, boas, ruins, tudo isso, acha que agora se está dirigindo ou redirecionando em como eles estão olhando para 'Songs Of Experience', à medida que avançam com isso?

Adam Clayton: Acho que não. Estamos muito felizes com o que este álbum e com essa coleção de canções. 'Songs Of Experience', obviamente, será de uma perspectiva diferente. Tentamos fazer o som mais cru, um pouco mais de produção crua. Mas até que estiver feito, é realmente difícil de comentar sobre o assunto.
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