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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Toda a ternura de uma canção de amor.................

Durante a ZooTV, o U2 tinha entrado em outro tipo de zona de celebridade. 'Achtung Baby' tinha sido o álbum mais dançante até a data, requerendo para eles um lugar no (que era percebido como sendo) o contemporâneo cortando o limite do rock.
O sucesso dos remixes de Paul Oakenfold para ‘Even Better Than The Real Thing’ e ‘Mysterious Ways’ tinha dado ao U2 um novo culto de respeitabilidade nos clubes. Eles tinham se afastado de algum jeito do ‘hombre do sombrero’ do 'The Joshua Tree'. Com a abertura da boate “The Kitchen” no menu, eles tinham partido na procura dos melhores clubes do mundo para inspiração. Eles tinham começado a entender o apelo do glamour, da fantasia. O glamour tinha começado a entender o apelo do U2 também. Adam tinha se ligado à Naomi Campbell, o que foi, por um tempo, um dos mais famosos e ilustres relacionamentos do rock and roll.
Kate Moss e Christy Turlington tinham se tornado amigas da banda, visitando Dublin freqüentemente. E quando Bono estava vendo o sumário das revistas de Steve Turner, lá estava ele, em fotos suas em pleno Fly PVC rock star chic, na capa da Vogue na companhia de Christy Turlington como ela mesma?
“Magazine girls, my head’s in a whirl / To be a superman”, Bono invocou em ‘Alone In The Night’, uma música escrita em 1977 mas jamais gravada,  que previu pelo menos dois dos temas de Zooropa. De certa forma foi uma derivação natural. Quando você está operando em alta altitude, você tende a fazer amigos com pessoas que estão operando na mesma esfera rarefeita. Mas – da parte de Bono, pelo menos - também foi uma decisão consciente.
Você pode abraçar essa coisas ou ter vergonha delas. O que havia pra se envergonhar?
Muito melhor viver a contradição e se reportar sobre ela.
‘Babyface’ – “garota da capa com graça natural” - poderia ter sido escrita com qualquer uma das novas amigas da banda em mente, The Edge explica. Mas foi feita com um giro. Bono sempre tinha ficado intrigado com a maneira pela qual os meios de comunicação transformam os consumidores em voyeurs. Teve destaque a cobertura pela CNN da Guerra do Golfo, que tinha reduzido uma terrível catástrofe humana ao nível de um pegar ou largar do jogo de vídeo game. O que tem na televisão esta noite? Merda, eles estão mostrando mais bombas em Bagdá. Desliga. Chato. Primeiro te faz cúmplice, sentado em sua sala assistindo ao abate. Então te deixam insensível. Você foi para a cama com uma sensação incômoda de que você estava desligando-a, não porque o que estava acontecendo era ultrajante, mas porque havia muita ação.
Por comparação, pornografia – transmitida para dentro da sua casa pelo satélite de televisão – poderia parecer uma chamada benigna. Na narrativa de Zooropa, a câmera move-se longe do par na música de abertura e vai através de uma janela em um dos prédios altos na cidade imaginária do futuro. Há um cara lá dentro, assistindo uma televisão. Ele tem um controle remoto e vai abrandando as imagens. Ele aumenta o contraste e brinca com ele. “É uma música sobre observação e não sair na foto”, Bono diz. “Sobre como as pessoas jogam com imagens, acreditando que você conhece alguém através de uma imagem – e achando que por manipular uma máquina, que na verdade controla você, você pode ter algum tipo de poder. É sobre a ilusão de estar no controle”.
A ironia é que ‘Babyface’ é entregue com toda a ternura de uma canção de amor. E, do seu próprio jeito, talvez seja o que ela é.

Agradecimento: Rosa - Achtung Zoo
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