PARA VOCÊ ENCONTRAR O QUE ESTÁ PROCURANDO

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Em booklet do álbum 'The Joshua Tree', Adam Clayton cita a canção outtake “Underneath The Weather Girl”

ADAM CLAYTON (Do booklet 'The Joshua Tree' Deluxe)

NÓS SOMOS PESSOAS MUITO INQUIETAS NESSA BANDA E A IDÉIA DE NOS REPETIRMOS OU NÃO TERMOS UM NOVO DESAFIO EM ESTÚDIO, NÃO É UMA COISA QUE QUEREMOS PRA NÓS.

A METADE DOS ANOS OITENTA FOI UM DESSES MOMENTOS QUANDO NÓS ESTÁVAMOS EM UM PROCESSO DE REINVENÇÃO DO U2, um período que tinha começado com o ‘The Unforgettable Fire’ e que não teria sido possível sem o Brian e o Danny.

FOI POR ISSO QUE NÓS OS CONVIDAMOS, para bagunçar com o que estávamos fazendo, para mudar o nosso curso.
Nesse período nós começamos a tentar escrever coisas que nós conscientemente achávamos que não tinha nenhuma relação com o U2. Por exemplo, nós escrevemos “Trip Through Your Wires”, uma música chamada “Womanfish” e nós estávamos mexendo com algumas outras peças extremamente corretas. Nós tínhamos versões anteriores de “Bullet” e “Red Hill Minning Town”, e alguma coisa que mais tardiamente se tornaria “Still Haven´t Found...” um trecho ritmico com um final robusto que nós chamávamos de “Underneath The Weather Girl”!
Nós interrompemos as gravações para a ‘Conspiracy of Hope Tour’ com o The Police, The Neville Brothers, Lou Reed e outros. Isso pode ter nos deixado perdidos por um momento, mas depois acabou sendo um catalizador para a composição das músicas. Isso foi um tipo de extensão do Live Aid, uma caravana de músicos objetivando conquistar a consciência dos americanos sobre a Anistia Internacional e os prisioneiros da consciência, e isso nos mostrou que de fato estávamos perseguindo músicas que descrevessem o vazio e a ambição dos americanos sob o governo de Ronald Reagan.
Após o Live Aid, eu sentia que os estádios de rock tinham desenvolvido essa consciência, que o protesto em massa contra a injustiça era aceitável no rock. E o álbum conduziu-se para ter esse tema praticamente clássico vendo a América de duas formas diferentes, quase contraditórias – uma grande e cuidadosa sociedade onde qualquer um pode alcançar seus sonhos ao lado desse estado autocrático que apoia guerras em outros países ou tenta libertá-los dos seus governos eleitos.
Nós estávamos olhando para essa América através de lentes européias, num momento em que a Grã-Bretanha estava sob o comando de Margareth Thatcher que estava destruindo os mineiradores. Então nós estávamos cantando o mesmo hino do The Clash, mas com a nossa luz focada na injustiça dentro e fora da América. “Mothers of the Disappeared” não era só uma reflexão sobre o que tinha acontecido sob o governo militar no Chile, mas também nos Estados Unidos que tinha dado apoio à esse governo. “Bullet The Blue Sky” e “One Tree Hill” fizeram parte de uma trilogia de músicas que tocaram esse sinal, enquanto “Exit” veio do outro lado da América onde “as mãos que constrõem também podem destruir”.
Mas haviam algumas conexões com a América: o espírito dos mineiros sendo quebrados em “Red Hill Minning Town” conecta com o espírito destruido dos viciados em heroína em “Running To Stand Still”, um cenário de Dublin. Talvez por isso ter se tornado tão grande, algumas pessoas mal interpretaram isso como sendo apenas uma gravação em um estádio de rock, mas eles se esqueceram do qual frágil isso era, o quão profundo isso era também.
Olhando para trás, era como se o U2 tivesse começado a partir do ‘The Unforgettable Fire’. Talvez ‘Boy’, ‘October’ e ‘War’ eram mais como uma convulsão na adolescência, mas à partir do ‘The Unforgettable Fire’ nós começamos a entender quem nós éramos e foi com o ‘The Joshua Tree’ que nós colocamos isso em foco. Eu vejo os nossos álbuns em ciclos e quando eu penso no ‘The Unforgettable Fire’, no ‘The Joshua Tree’ e no ‘Achtung Baby’, eu vejo uma das nossas principais corridas como uma banda, uma série de álbuns que representa os ‘valores centrais’ do U2.
É um sinal de significância do álbum que as cinco faixas de abertura continuam no nosso setlist. Nós algumas vezes tentamos e colocamos “Still Haven´t Found” pra dormir ou tiramos “With or Without You”, mas elas sempre encontram o caminho de volta. As músicas conquistam vida própria depois que são lançadas. Se você pensa em “Streets” como essa grande antena de estádio, é incrível escutá-la novamente no álbum original: como nós conseguimos estragá-la assim em um estúdio? Ela soa tão magra, como se alguém estivesse tocando baixo com luvas de boxe!
Mas se eu escutar fraqueza quando a escuto hoje, eu também fico bem impressionado que esses caras tenham conseguido fazer esse álbum na época em que fizeram. Era um álbum bem ambicioso!

Agradecimento: Forum UV Brasil
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...