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domingo, 20 de novembro de 2011

Mofo

'Mofo' começou como uma conversa com Simon Carmody, o mestre da arte da gíria do rock and roll. Bono escolheu Simon pelo seu uso do termo “motherfucker” e seguiu um debate filosófico sobre as origens do mundo na gíria negra e a forma como ele transformou um termo de abuso em um de louvor. “É como um clichê idiota, você quer ter uma boa razão para usá-lo”, Bono sorri. E assim eles começaram a procurar por um, sedimentando em 'Mofo' como um título provável e construindo a partir daí.
Edge e Bono estavam em Nice numa expedição para compor, afastados de tudo, juntos para pescar idéias. Eles tinham uma estrutura, com Bono tocando guitarra wah wah. Tinha um sentimento blues até que levaram para o estúdio e Adam acrescentou uma parte de baixo no estilo Motown. Foi tomando forma, mas como a idéia lírica começou a se cristalizar, eles sentiram que era preciso torná-la mais dura – para capturar uma espécie de raiva, assim como a sensualidade inerente ao rock and roll. “Nós gastamos meses, provavelmente, em torno disso”, Adam Clayton confessa, “e então Bono disse ‘vamos dar a ela mais uma noite’. Então nós dissemos para Flood ‘vamos deixá-la hip hop, vamos despi-la, vamos obter uma batida, vamos ver onde isso leva’. E saiu dessas cinzas”.
Saiu das cinzas e se transformou na mais difícil edição do álbum, um assalto techno reminiscente de Underworld ou The Prodigy, alimentado por uma intensa dupla abordagem de bateria de Larry Mullen. É a faixa na qual Flood sozinho teve mais influência. “Começou como um tradicional esquema R&B”, ele relembra, “e havia na verdade uma versão finalizada que as pessoas estavam bem felizes com ela. Mas eu sempre senti que havia mais do que isso e eu era o único que estava empurrando-os a ir mais longe. Então num fim de semana eu e Howie acertamos sobre desconstruí-la e fizemos um tipo de mutação a partir daí. Howie estava agindo como Maverick, jogando idéias diferentes a eles, para sentir o ritmo e eles tiveram que levá-la a partir daí”.
Steve Osborne fez o seu, tocando em uma estrondosa linha Moog, contra a qual Larry poderia trabalhar seu ritmo mágico. “Aquilo mudou um pouco o sentido”, Steve disse – e todos estavam felizes com o resultado. Sim realmente, ‘Mofo’ tinha se transformado – em um carnaval techno, um registro surpreendente de músculo sonoro, cara. Enquanto isso, com Howie B atuando como crítico e catalisador, Bono veio com a letra,com referências a Salman Rushdie (“procurando preencher esse buraco em forma de Deus”) e William Butler Yeats (“Ainda procurando pelo rosto que eu tinha antes do mundo ser feito”) em uma música que de outra forma negocia no jargão do rock.
“Eu estava lendo em um livro de Jack Kerouac”, ele diz, “sobre ele fumar um saco de erva e orar, literalmente, por uma visão de uma linguagem, ou uma forma de escrita que seria tanto preciosa quanto ordinária. “Isso é o que eu estava buscando”, Bono revela – e em nenhum lugar ela chega mais perto do que ‘Mofo’, uma música sobre identidade em que ele luta distintamente com alguns demônios pessoais. “Não há dúvidas sobre isso, ‘Mofo’ é uma das minhas faixas preferidas”, diz Gavin Friday, que é creditado no Pop como consultor poptician. “Para mim soa como Led Zeppelin depois de tomar um E (cstasy). Mas tem amor real para ele. Eu simplesmente amo o apelo de Bono para sua mãe na mesma”.
De certa forma, leva de volta para onde começou, para a atração edipiana de ‘I Will Follow’. “Sim, mas nenhum momento ele fez uma referência a sua mãe nas canções antigas, era muito obscuro”, Gavin observa. “Mas o 'middle eight" desta envia um frio à espinha. É meio como, aquela é a única razão de ele estar numa banda – porque sua mãe morreu quando ele era um jovem.”
"Mofo" é sobre o fato de que coisas muito básicas muitas vezes fazem o que você é, que você volta para o caminho que você tinha com seus irmãos, irmãs, pai, e - nesse caso mais enfaticamente – sua mãe. É sobre ser uma criança abandonada, uma experiência que leva ao coração do blues. “Mother, am i still your son”, Bono canta. “You know I’ve waited for so long/To hear you say so/Mother you left and made me someone/Now I’m still a child/But no one tells me no”.
É uma música da qual Bono se sente claramente e justificadamente orgulhoso, oscilante como acontece entre o descartável e o profundo e com o ofício consumado, e cujo montante no final, a sua melhor chance ainda em capturar o espírito demoníaco que o leva. “No meio dela, quando você vai na parte de conversação, é como O QUE?”, ele diz. “É o momento mais exposto, o mais difícil em sintonia sobre o álbum. Era como se minha vida inteira estivesse na música. Eu acho que foi a primeira coisa mixada no álbum e quando nós terminamos, como só caras dizem, nós não éramos mais nós mesmos. Eu tinha um som no carro e nós tocamos ela, indo para uma espécie de clube – mas nós não iríamos para o clube, porque nós apenas tínhamos que ouvir mais uma vez. Naquela hora nós sentimos como se tivessem 17 pessoas no meu carro, e eu não podia dirigir, então você pode imaginar o que foi. Louco!”
Eles sobreviveram.......

Agradecimento: Rosa - Achtung Zoo
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