Por Bill Flanagan, no livro "U2 At The End Of The World":
Quando Larry diz que foi empurrado para o U2 porque a mãe morreu (ela morreu num acidente de trânsito perto do décimo sétimo aniversário dele), ele está entrando numa história secreta do rock & roll. Perder a mãe enquanto ainda jovem é uma tragédia que Larry divide com John Lennon, Paul McCartney, Jimi Hendrix, Madonna, Sinead O'Connor e Bono. Acrescente ainda Elvis Presley e Johnny Rotten, dois cantores muito chegados às mães que morreram logo depois que eles ficaram famosos e você tem uma ótima representação dos maiores picos no sismógrafo dos quarenta anos do rock & roll. Bono perdeu a mãe em 1974, quando tinha quatorze.
Ela desmaiou por culpa de uma trombose no funeral do próprio pai e morreu logo depois.
Larry diz que ter esta perda em comum colocou Bono e ele mais próximos. "Havia uma conexão," ele explica. "Ele entendia um pouco do que eu sentia. Eu era mais novo do que ele. Eu não tinha irmãos. O meu pai estava fora da real, então Bono era a ligação. Ele disse, 'Olha, eu entendo um pouco daquilo que está passando. Talvez eu possa te ajudar.' E ele ajudou. Através dos bons e maus momentos ele tem estado sempre me apoiando.
"As pessoas pensam que a banda é uma unidade, que está sempre junta. Nós
brigamos e discutimos o tempo todo! Mas, eu tenho que dizer que através disto tudo o Bono sempre está lá. E foi como tudo começou, esta foi a conexão original. Quando eu estava realmente fudido, ele se disponibilizou para mim, ele estava por perto. Mesmo na estrada quando eu estava passando por um momento difícil eu costumava dividir o quarto com ele. Ele apenas queria estar seguro de que eu estava bem." De repente, Larry sorri e diz, "Era um pouco como uma babá, você sabe o que eu quero dizer?"
Eu pergunto ao Larry como a vida dele foi afetada por ter se tornado rico.
"Foi apenas depois do Joshua Tree que começamos a ganhar dinheiro," ele diz. Isto é uma surpresa - o Joshua Tree, que foi lançado em 1987 e vendeu 14 milhões de cópias, foi o quinto álbum do U2. O mundo imaginava que eles eram ricos muito antes disto. "Depois do Joshua Tree investimos um monte de dinheiro no Rattle and Hum. Então vimos um monte de dinheiro, mas não ganhamos nenhum. Gastamos ele no filme. Eu lembro de sair com mais ou menos 20 mil dólares. Este era o dinheiro que eu tinha quando voltei para casa depois da turnê do Joshua Tree.
Houve mais depois. Eu lembro de ir até Waterford. Eu vinha economizando por anos para comprar uma Harley para mim. Esta foi a primeira coisa real, material que eu comprei na vida. O dinheiro começou a entrar muito, muito devagar. Não foi, de maneira alguma, imediato. Não foi como se fizéssemos a turnê do Joshua Tree e alguém desse cinco milhões de dólares e dissesse, 'Aqui está, filho, te diverte.' Não teve nada a ver com isto, foi mesmo uma coisa muito lenta."
Qual era a reação dos amigos e familiares quando eles assumiram, talvez antes de ser verdade, "Oh, o Larry é um milionário agora"? Todos esperavam que você puxasse o talão de cheques depois do jantar?
"Em parte," ele diz. "Apenas recentemente isto se tornou algo importante, porque há publicidade sobre isto, muitas pessoas falam sobre isto. O que me perturba é que as pessoas pensam, 'Ei, olha, cem pilas pra mim são duas semanas de salário. Pra você não é nada!' Eu acho isto incrivelmente ofensivo. Isto é tirar conclusões precipitadas. É se aproveitar. Isto é a coisa que mais influencia o que sinto em relação a outras pessoas. Eu acho que há duas reações diferentes muito distintas. Há aquelas pessoas que dizem, 'Eu não estou nem aí para o que você faz, eu pago a minha rodada, você paga a sua rodada. Nós somos amigos. Eu não espero nada de você.' E há os outros. É difícil porque as pessoas com as quais você cresceu são geralmente pessoas que não tem nenhum dinheiro. Eles trabalham em bancos ou eles são eletricistas e eles não ganham tanto. Eu acho que eles
deveriam ser responsáveis por eles mesmos e não se aproveitar. Eu acho que é uma falta de respeito por eles mesmos. Eu com certeza não os respeito."