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sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

10 Anos de 'No Line On The Horizon': Revelações


Daniel Lanois:

"Recebi um telefonema de Bono que sugeriu que ele queria convidar Brian Eno e eu para nos envolvermos no que ele esperava que se tornasse um registro espiritual futurista com muita força vital nele. Na verdade, ele não estava nos convidando para produzir o álbum, mas para compor o álbum com eles. Eno e eu aceitamos o convite e nos encontramos - tivemos um tempo para compor antes de ir para o Marrocos. E depois fomos para o Marrocos e as coisas correram muito bem. Houve conversas sobre quem iria produzir o disco e eu disse "bem, ele meio que está se produzindo, então vamos continuar apenas com as pessoas que temos".
Fizemos o que sempre fizemos - nos juntamos e passamos um bom tempo tocando e trazendo ideias para a mesa. Eno chegou com algumas introduções rítmicas muito fascinantes que Larry Mullen trabalhou em cima e que se tornou, essencialmente, a espinha dorsal do disco".

Bono:

"O título refere-se à um momento quando o céu e o mar ficam da mesma cor, e deixamos de ver a luz no horizonte. Ela desaparece.
Eu vivo em Killiney Bay, em Dublin, e quando isso acontece, é um belo momento, é estonteante, não sabemos onde estamos, parece que flutuamos.
Para nós, é uma imagem muito otimista. Algumas pessoas ficam um pouco assustadas, pensam nisso como algo desorientador. E gosto da dualidade.
Talvez seja da minha própria natureza, mas vejo-a como uma imagem de positividade, de visão sem limites. Quer se trate de um relacionamento, de uma banda".

Adam Clayton:

"Creio que convidamos Brian Eno e Daniel Lanois como compositores, inicialmente. E isso significa que quando começamos a trabalhar e a produzir algum material, queríamos que as canções tivessem grande qualidade. Desde o início deu pra ver que eram muito boas.
Brian andava à procura de ritmos do Norte da África, estava programando coisas de origem norte-africana.
Aquela confiança que temos como uma banda, ao longo dos dois últimos discos, quando éramos mais como uma banda de rock e estávamos tocando em lugares fechados, eu penso que transmitimos tudo para estas sessões.
Larry tocou uma bateria eletrônica, e por isso não fazia muito barulho na sala, ele estava tocando em um nível normal, para que pudéssemos ouvir bem uns aos outros e conversarmos um com o outro enquanto tocávamos.
Creio que a música continha essa concentração, de ouvirmos uns aos outros e tocarmos um para o outro".

Larry Mullen:

"Foi a primeira vez que tivemos outros compositores, tirando o 'Passengers' que Brian Eno participou. Mas foi a primeira vez que Brian Eno e Daniel Lanois participaram como produtores e compositores.
Por isso, tudo começou de forma bastante diferente. Chegamos ao ponto de descobrir que fazer e compreender o processo de composição das letras não estavam nos ajudando. Estávamos tentando encontrar uma maneira de entrar nisso.
Durante o processo de criação dos dois últimos álbuns, descobrimos que não é tão difícil assim ter um som comum. Existe uma linha muito ténue entre "comum", "muito bom" e "brilhante". Há uma enorme diferença entre "muito bom" e "brilhante". Por vezes não há diferença entre "comum" e "muito bom".
Nos apoiamos um no outro para ter inspiração. O fato de termos passado alguns anos trabalhando na ideia de "saber fazer" e de como fazer tudo bem feito, entendemos que precisávamos voltar a outro ponto, tínhamos de procurar uma nova forma de fazer apenas música para nos divertirmos e deixamos de tentar de "reinventar a roda". Foi essa inspiração que serviu de base para este álbum, foi isso que nos inspirou em avançar e testar novas ideias, sem qualquer limite. Não há limites, não há regras".
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