Pintando as ilustrações de 'Pedro e o Lobo', Bono se baseou em seu relacionamento com o pai.
Trata-se de um filho ousado (baseado nessas ilustrações como o próprio Bono criança) e avô protetor (inspirado no pai de Bono). A mãe de Bono morreu quando ele tinha 14 anos, e ele há muito reconheceu que este foi um momento decisivo em sua vida, empurrando-o em duas direções de uma só vez: em direção a sua profunda fé em Deus e sua relação com o rock and roll.
"A arte é uma tentativa de se identificar", Bono disse para Neil McCormick no Daily Telegraph. A julgar pelos auto-retratos que fizeram parte da primeira exposição de pinturas do vocalista, Bono parece ter se identificado como um feijão assado.
"Eu realmente pareci um até os 13 anos, e do meu rosto sardento surgiu um nariz bem grande!" ele brinca. "Eu não estou fazendo nenhuma grande reivindicação por minhas habilidades como artista. Eu estava apenas saindo com meus filhos em um momento, rindo com um pincel - e próxima coisa, eu estava exibindo no Rockefeller Center. Você revive sua própria infância com seus filhos. Se seu garotinho tem quatro anos, você se lembra de ter quatro anos. É meio assustador, porque eu canto músicas para meus filhos que eu não conheço as letras ou as melodias, e ainda assim eu as canto. Obviamente, eu me lembro disso desde minha infância. Você é tão receptivo quando é criança. Você pega peculiaridades e detalhes, assim como essas melodias e histórias. Depois que o meu pai morreu, Ali disse que eu estava andando de forma diferente e adotando alguns de seus maneirismos".
Um leilão das ilustrações gerou uma grande quantia para caridade, e o dinheiro foi para a Irish Hospice Foundation - e prestadores de cuidados paliativos em todo o mundo - que ajudaram a cuidar do pai de Bono, Bob Hewson, quando ele morreu de câncer em 2001.
'Pedro e o Lobo', conta Bono, é essencialmente uma lição no ensino de música para crianças, uma área em que ele sentiu que houve uma decepção em sua própria infância.
"Eu amo muito arte para chamar isso de nada além senão marcas no papel. Eu comecei a trabalhar em um desses pequenos problemas que eu tenho que me impulsiona, essa frustração que eu sinto como músico, não sendo capaz de obter as melodias que ouço na minha cabeça para fora do mundo. Meu pai era um tenor maravilhoso que adorava ópera, mas ele nunca imaginou que a música pudesse ser transmitida, com as coisas ruins ao seu redor e seu temperamento ruim, então ele nunca nos incomodou sobre aprender um instrumento".
Bono se incomoda com a lembrança de como seu pai recusou a oportunidade de levar o piano de sua avó para sua pequena casa em Ballymun, perto de Dublin, alegando que não havia espaço.
"Quando criança, eu adoraria ter aprendido a tocar piano. Acho que estou mais do que irritado com as razões pela qual não o fiz. Sem a banda, eu explodiria. Ou, pior, apenas adormeceria aquela área. Eu acho que é o que acontece com as pessoas que têm um dom e elas não podem colocar isso para fora, elas cercam, colocam muito gelo sobre ele e hesitam. Então eu meio que consegui marcar aquele momento; isso é realmente o que a arte é para mim. E usar o humor. As músicas do U2 não são um saco de risadas, mas com esses trabalhos eu consegui alguns truques. Os grandes artistas devem tocar no fundo do salão. Mas, na verdade, artistas de peso, eu acho que você vai descobrir que estão tocando para uma pessoa. Pode ser um amor. Mas pode ser seu pai".
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