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domingo, 27 de janeiro de 2019
21 Anos de Popmart Tour no Rio De Janeiro: "Não queríamos perder o evento para São Paulo, por isso permitimos a realização do show mesmo sem as condições ideais"
Há 21 anos, no dia 27 de janeiro de 1998, os fãs brasileiros do U2 finalmente puderam realizar o sonho de ver a banda no país, depois de quase 20 anos de existência do grupo.
A primeira apresentação ocorreu no Autódromo de Jacarepaguá no Rio De Janeiro.
A estréia da turnê no Brasil teve encalhe de, no mínimo, 16 mil dos 114 mil ingressos e denúncias de ingressos falsos. Dos 25 mil ingressos colocados à venda no Autódromo, apenas 5.000 tinham sido vendidos até as 18:00, momento em que a banda chegava de helicóptero.
"Não consideramos isso um problema. O país está em crise", afirmou Maurício Henriques, gerente de venda de ingressos.
Outro integrante da equipe de produção, porém, disse que o encalhe foi decepcionante e acirrou as arestas entre os produtores brasileiros e o empresário do U2 Paul McGuinness.
O prefeito na época, Luiz Paulo Conde, depois da inacreditável "operação" que gerou o maior engarrafamento de veículos já visto no Rio, fez seu "mea culpa" pelo martírio impingido às milhares de pessoas que foram (ou que pensaram que iam) ao show do U2 no Autódromo.
Foi uma confusão monstruosa, que só ocorreu por pura responsabilidade da prefeitura, particularmente do secretário de Trânsito.
Paulo Afonso Cunha disse que sua equipe técnica previu o caos no trânsito no acesso ao show do U2, e recomendou o cancelamento do evento.
Cunha disse que não permitiu o cancelamento porque havia muitos ingressos vendidos. Ele reconheceu que houve falhas no planejamento de sua equipe, mas culpou também os produtores.
"Na reunião decisiva, na sexta anterior ao show, não havia ninguém da produção. Eu não tinha autonomia para cancelar o evento". O secretário municipal de Esportes e Lazer na época, José Moraes, que alugou o Autódromo para o show do U2, disse que a produção "foi um caos vezes dez, uma vergonha para a cidade e para o Brasil".
O aluguel do Autódromo foi pago com dois cheques: um de R$ 100 mil e outro de R$ 29 mil.
O engarrafamento durou cerca de quatro horas. Todas as ruas perto do autódromo foram interditadas. Para chegar ao show, os motoristas estacionavam em qualquer lugar. Muitas pessoas não conseguiram chegar, e outras só chegaram ao final do show.
O prefeito disse: "Subestimamos o evento, mas a produção do show também tem responsabilidades, já que não nos informou sobre o que precisava".
"Pretendíamos fazer um esquema de estacionamento descentralizado em shoppings da região, onde teriam ônibus circulares que levariam as pessoas até o Autódromo, mas a produção do show ignorou completamente a questão do trânsito", disse Paulo Afonso.
Em entrevista coletiva na madrugada, o produtor do show Franco Bruni eximiu-se da responsabilidade sobre os problemas de trânsito.
O secretário disse que foi advertido pelo coordenador de Regulamentação Viária da Secretaria Municipal de Trânsito, coronel Raimundo Brito, de que "seria arriscada a realização do evento".
"Mas resolvemos atender o pedido de José Moraes, secretário de Esporte e Lazer, que solicitou que fizéssemos um esforço, mesmo não tendo sido cumprida nenhuma das normas necessárias a um evento dessa magnitude", disse Paulo Afonso.
O secretário informou que deslocou 60 operadores de trânsito de outras regiões da cidade para o local do show.
O secretário também atribui "parte do engarrafamento" à queda de um poste na estrada do Joá, uma das vias de acesso à Jacarepaguá, e à mudança de última hora do local do show do Maracanã para o Autódromo.
"Não queríamos perder o evento para São Paulo, por isso permitimos a realização do show mesmo sem as condições ideais", disse o prefeito.
Mesmo assumindo parte da responsabilidade dos transtornos no trânsito, Luiz Paulo Conde disse na época que "quem não conseguiu chegar e quiser receber o dinheiro do ingresso deve procurar a produção do show".
"A prefeitura não vai assumir isso, até porque não sei a que horas as pessoas saíram de casa", disse o prefeito.
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