Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial, uma das poucas bandas brasileiras de rock que sobreviveram às últimas décadas, afirmou em entrevista à Folha que o rock não morreu, mas se tornou um gênero voltado a um nicho específico, o que, ao contrário do esperado, ele na verdade diz ver com bons olhos.
"O rock ficou 'guetizado'", Dinho afirma. Antes, o país todo era obrigado a consumir uma coisa só, normalmente determinada pelas gravadoras, e hoje temos de tudo. Mas não falta público para o rock.
O U2 continua lotando estádios de futebol, o João Rock vende cada vez mais ingressos, tanto quanto o Lollapalooza. É um sinal de sofisticação da indústria cultural de um país quando você não consegue saber o que está na moda".
Fê Lemos, um dos membros fundadores do Capital Inicial, que também fez parte do Aborto Elétrico, com Renato Russo, assina embaixo. Em sua avaliação, a queda do rock está ainda relacionada ao fim da MTV, que era uma das principais plataformas de divulgação dos roqueiros.
"São vários fatores. Um deles é que o rock é mais difícil de ser produzido. Se você ligar um amplificador de guitarra na sala de estar, vai ser expulso do condomínio. É preciso ter um estúdio, enquanto outros gêneros podem ser produzidos no quintal, com pouquíssimo investimento".