1997. Popmart's World Headquarters. Um telefone temporário, fax e os instrumentos montados para o U2 praticar no The Factory - um grande quadro branco está sobre um cavalete de metal. Uma lista de 23 músicas, densamente anotada com referências a sinais de iluminação, imagens na tela de vídeo e segmentos de efeitos especiais, foi rabiscada no quadro com marcador preto, verde e vermelho.
Algumas notas de produção são provocativamente enigmáticas: Big Abstract Sequence, Vegetable Vision, Mr. Thank You, Product Of The Day.
Os nomes de Keith Haring e Roy Lichtenstein estão lá. O U2 recebeu permissão para usar imagens de animação personalizada de suas pinturas.
Quando Bono alcança o coro crescente na elegíaca "Gone", ele o faz com uma concentração apaixonada, fechando os olhos com força, como se estivesse lendo a letra na parte de trás das pálpebras. Enquanto a banda acelera para uma finalização barulhenta, Bono se inclina para trás do microfone e abre os braços - como se a música estivesse chovendo nele e ele estivesse encharcado. A coisa toda é uma corrida de segundo, uma pose momentânea. Ninguém mais na sala parece prestar atenção.
Há um coração batendo. Ou, como o Edge mais tarde coloca: "Um grande gesto é necessário nesse tipo de arena. Isso não significa que é tudo o que podemos fazer".
"O que eu descobri é que, quanto mais tocamos, mais precisamos cortar", Bono admite tarde da noite em seu carro após o ensaio, percorrendo Dublin em busca de um pub onde ele possa ficar no balcão por um tempo tomando sua Guinness antes da hora de fechar. "Estamos tocando com muitos loops e samplers. Temos que continuar cortando até ter o coração e o núcleo da música expostos - abertos, batendo, sangrando. Nós vamos chegar lá. Estamos tentando muito replicar o som do disco. Nós só precisamos soar como U2".
Onde está o raciocínio - de fato, a necessidade - de transportar um enorme limão pelo mundo todo? A tela de vídeo, anunciada no press-kit da PopMart como a maior do mundo, custou à banda US $ 7 milhões para desenvolver. E quando a turnê começar, o U2 gastará US $ 250.000 por dia em custos de produção para manter a PopMart na estrada.
Bono: "Temos a energia, temos a eletricidade, temos os botões para apertar! E nós podemos pagar. Enquanto ainda podemos, vamos fazê-lo. "Às vezes", ele acrescenta com um sorriso maligno, "o tamanho importa".
Faltando apenas um mês para o primeiro show, o U2 ainda não tocou na íntegra o setlist que está no quadro. Na verdade, eles ainda não têm um setlist final. "Esse quadro", diz Bono, olhando melancolicamente para ele durante um café no final da tarde, "foi o set em um ponto. O set du jour. Pode não mudar muito. Não sabemos se isso funciona ou não".
"Estou assustado, para ser sincero", Mullen admite com uma risada nervosa. "Toda noite eu acordo com esse pesadelo de subir ao palco e absolutamente nada funcionando - de gastar milhões de dólares e tudo se deteriorar".
"Fiquei com esse pensamento terrível: que precisamos desse caos para operar", diz Bono com vergonha. "Mas na verdade não estou em pânico. Eu acho que vou conseguir".
"Assumimos total responsabilidade por tudo o que acontece em nosso show", diz The Edge enfaticamente. "Tão alto e louco quanto os visuais se tornaram, no final eles vêm de nós".
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