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segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Bono diz que Chris Blackwell deixou o U2 ser "espíritos independentes"


Quem vê aquele senhor de 82 anos com cabelos e barba brancos, passeando de bermudas por algumas propriedades da Jamaica, nem imagina que já foi o dono de uma das gravadoras mais importantes do século XX. Chris Blackwell hoje se preocupa em administrar uma fazenda; um resort de luxo chamado The Caves in Negril; Strawberry Hill, casa nos arredores de Kingston, onde Bob Marley se retirou após ser baleado em 1976; e em seu refúgio paradisíaco em GoldenEye, onde vive a maior parte do ano e onde o escritor britânico Ian Fleming escreveu todos os 14 de seus romances de James Bond.
Todo esse patrimônio é resultante de seu trabalho à frente da Island Records, que criou em 1959 de forma quase descompromissada. Aos 22 anos, nascido na Inglaterra, ele estava trabalhando como instrutor de esqui aquático na costa norte da Jamaica quando se apaixonou por uma banda local e decidiu gravar sua música. O primeiro passo para um negócio que mudaria completamente sua vida. Hoje o selo revolucionário está fazendo 60 anos, e Chris, aplaudindo de longe, realizado.
Dos primeiros anos vendendo compactos na mala de seu Mini Cooper pelos bairros de Londres e tentava licenciamentos no estrangeiro para DJs como Coxsone Dodd e Duke Reid, Blackwell chegou a impulsionar as carreiras de nomes como U2, Stevie Winwood, Cat Stevens, Robert Palmer, Roxy Music, e a de um jovem cantor jamaicano chamado Bob Marley.
Ao longo da carreira, ele encabeçou acordos de distribuição inovadores que redefiniram o que uma gravadora independente poderia fazer. Ele abriu dezenas de subsidiárias que permitiram que a Island se expandisse para a música africana, hip-hop, folk e dança - tudo sem diluir sua marca. Ele também fundou uma editora, a Blue Mountain Music, em 1962, e vendeu uma participação de 80% para a Primary Wave no ano passado por US$ 50 milhões.
Comemorando 60 anos em 2019, a Island Records - que Blackwell transformou de uma indie britânica insignificante entre gigantes como Decca e EMI em uma marca mundial - é uma das principais gravadoras do mundo, ostentando atualmente nomes como Shawn Mendes, Demi Lovato e The Killers, além de um catálogo impressionante de clássicos que cruzam gêneros e culturas.
"Ele sempre foi a bússola, a luz que guia os presidentes antes de mim e, espero, os presidentes depois de mim”, diz Darcus Beese, atual presidente da Island, que começou como estagiário na empresa em 1989. "O legado que ele construiu para Island com todos os artistas, seja Traffic ou Bob, seja a música africana e mundial ou os acordos de selos Delicious Vinyl ou Priority que nos deram a NWA, ele era e ainda é o nosso guia", elogia o executivo.
Hoje em dia, é mais provável encontrar Blackwell conversando sobre a lua cheia ou participando de reuniões sobre rum. Afinal, vendeu a Island em 1989 para a PolyGram por US$ 300 milhões, ainda ficou por lá mais uns anos até decidir se voltar para a expansão de seus negócios imobiliários. "A gravadora perdeu sua identidade, ficou corporativa demais para o 'desajustado dissidente'", diz Blackwell em entrevista à revista Billboard.
"Ele é um dos cinco principais músicos da Era de Ouro", diz Bono. O vocalista diz que Blackwell os deixou ser "espíritos independentes". "Ele saiu do nosso caminho, o que eu acho que foi o maior elogio que ele poderia nos dar", avalia Bono. No momento em que o U2 cresceu, Blackwell estava se tornando mais ativo com os negócios em geral. A Island era grande demais para ser indie, mas pequena para competir com o poder financeiro das grandes empresas, e parte de seu brilho começava a se desgastar.
Em 1978, Cat Stevens — o maior artista naquele momento — se converteu ao Islã e abandonou a carreira. E então, em 11 de maio de 1981, Marley morreu de câncer. "Isso foi um desastre", diz Blackwell.
Sob certo aspecto, a Island também parou de precisar dele. Em 1984, a gravadora lançou 'Legend', o disco de maior sucesso de Bob Marley e The Wailers, que venderia 15 milhões de cópias apenas nos Estados Unidos, e passaria 588 semanas na Billboard 200, onde permanece, até hoje, como o segundo lugar mais duradouro de todos os tempos. Em 1987, o U2 lançou 'The Joshua Tree', que o consolidou como uma das maiores bandas do mundo.

Do site: Reverb
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