Em 31 de Janeiro de 1998, o U2 fazia em São Paulo a última apresentação da Popmart Tour no país. O show foi transmitido ao vivo para o Brasil todo pela MTV.
Um dia antes, a emissora fez uma simulação da transmissão ao vivo do show. O canal colocou seis câmeras no Morumbi. As imagens mais próximas do palco foram registradas por duas câmeras da equipe da banda.
Ao vivo, a grandiosidade das coisas contribuiu para comover a platéia. A apresentadora Soninha da MTV (muito boa, aliás: preparada, fluente, falando português de diplomata) dizia, ao final, que aquele foi o melhor show de estádio que ela já havia visto.
As rendas dos shows de São Paulo foram de R$ 5.087.550,00 (cinco milhões e oitenta e sete mil e quinhentos e cinquenta reais).
Dois comerciais para promover a turnê no Brasil foram considerados ilegais (sem autorização da TNA/CPI/Principle Management) realizados pela agência de propaganda F/Nazca e pela cervejaria SKOL, veiculados na MTV Brasil e Rede Globo, usando imagens sem pagar os royalties devidos (que custariam dezenas de milhões de dólares), desagradou profundamente o U2 e seu empresário Paul McGuinness, que acusou o empresário Franco Bruni de ter autorizado os comerciais ilegais, e gerou o rompimento entre eles.
Franco Bruni na época foi o pivô das confusões envolvendo os shows no Brasil. O empresário alegou ter sido difamado por Bono e Larry em uma entrevista concedida ao O GLOBO, em novembro de 2000 quando voltaram ao Brasil para a divulgação de 'All That You Can't Leave Behind'. Na época, os dois disseram que Bruni não havia pago a banda pelos shows.
Dias depois da entrevista, os músicos se retrataram e admitiram ter recebido os cachês, mas disseram ter havido inadimplência no recolhimento de direitos autorais. Bruni comprovou que pagou o valor do contrato, de US$ 8 milhões, antecipadamente.
O empresário então entrou com pedido de processo por danos morais na Justiça de Santa Catarina, onde ele reside, apresentando as notas fiscais correspondentes aos pagamentos efetuados à banda.
A ação pareceu que teria um desfecho em 2011, quando Larry Mullen assumiu a culpa sozinho pelo incidente. Mas Bruni acabou saindo vitorioso no processo por danos morais e materiais perante a Justiça brasileira em 2016.
Como Larry assumiu a culpa, foi condenado por danos morais.
No processo, o autor aparece como Franco Cecchini Bruni Neto e os réus como Paul David Hewson e "Outro". O "Outro" tem uma explicação: em 2006, quando o U2 retornou ao Brasil durante a turnê 'Vertigo', Larry Mullen e Bono receberam citações judiciais após a chegada do avião da banda, em Guarulhos.
Segundo consta nos relatos do processo, o avião teria pedido permissão para decolar quando os integrantes da banda souberam da presença de oficiais de Justiça e agentes da Polícia Federal, mas permaneceu no solo.
Larry Mullen não assinou o documento e escreveu nele "palavras incompreensíveis". Já Bono assinou a citação com seu nome verdadeiro, Paul David Hewson.
No processo, aparece o nome de Gilberto Giusti como representante legal de Larry.
Franco Bruni anexou ao processo:
Uma carta do empresário do U2, Paul McGuinness – datada de 30 de Janeiro de 1998, antes dos shows de São Paulo, endereçada ao sócio de Bruni, Sr. Giancarlo Civita, então presidente da MTV Brasil.
Cópias de dois depósitos judiciais feitos por ele em favor do ECAD para o show do Rio de Janeiro, realizado em 27 de Janeiro de 1998
(depósitos efetivados em 27 de Janeiro e 12 de Março de 1998). Depósito judicial feito em favor do ECAD para os dois shows realizados em 30 e 31 de Janeiro de 1998 em São Paulo (depósito efetivado em 3 de março de 1998 para que fosse realizado o levantamento dos depósitos feitos).
Cartas de Maio de 1999, do U2 atendendo INTEGRALMENTE a proposta de Bruni ao ECAD (feita em 3 de Julho de 1998), endereçadas ao Presidente da UBC-UNIÃO BRASILEIRA DE COMPOSITORES (principal membro do ECAD, que representa os direitos autorais da banda no Brasil) e para a Coordenadora Geral do ECAD, Gloria Braga, com cópias para PRS LONDON (administradora mundial dos direitos da banda) confirmando seu interesse em aceitar o levantamento IMEDIATO das importâncias depositadas em março de 1998 exclusivamente por Bruni, reconhecendo que estes valores depositados judicialmente eram mais de que" ... Este é o desejo dos autores principais, Paul Hewson, David Evans, Adam Clayton e Larry Mullen Jr.
Carta de 06 de Março de 2000, de Bruni para a UNIVERSAL (Gravadora/ Editora INTERNACIONAL do U2), respondida por esta em 13 de março de 2000, onde além de declarar sua gratidão pela ajuda de Bruni na solução de problemas criados pelo U2, reconhece que a história nunca foi bem aquela propalada por todos e que recebeu instruções da central inglesa que representa os direitos autorais no mundo (PRS LONDON), para auxiliar Bruni no que fosse necessário ao enceramento dos problemas do U2 com o ECAD.
Gestão empreendida por Bruni e o U2 para resolução dos problemas decorrentes dos acordos realizados entre o U2 e as bandas de suporte.
Carta (com tradução) do associado Francesco Tomasi para Bruni, datada de 26 de novembro de 2000 (4 dias após as declarações de Bono e Larry), dando conta de sua indignação pelas declarações prestadas pelos integrantes da banda.
O processo mostra também o histórico de contratação do Maracanã para o show do Rio de Janeiro, que teve início em dezembro de 1996, e os problemas decorrentes da exigência pelos técnicas da TNA/CPI/U2, de guindaste cuja dimensão não estava prevista nos contratos.