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terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Bono descrevendo "An Cat Dubh"


1980. Turnê de 'Boy'.
Com um gravador ligado em uma mesa de restaurante, Bono conta: "Os holandeses são um povo muito interessante. Eles conhecem muito bem a música britânica. Tocamos "Milky Way" em Amsterdã, que data seriamente dos anos sessenta. Não mudou. É uma dobra no tempo.
Lá fora, uma garota desabou na minha frente e bateu a cabeça na calçada. Seu namorado não parecia se importar. Ele também se espatifou. Eles eram drogados por aí ... uma visão muito doentia. 
Você pode ver o lado sórdido de Amsterdã. À primeira vista é linda, inocente, até mesmo uma cidade ingênua. Há prostituição de vitrine e é o centro europeu do mercado de drogas. 
É como uma das músicas de 'Boy', chamada "An Cat Dubh", que descreve um gato como um símbolo de tentação. No começo ela é bela, a forma, sabe, sedutora. À luz do dia, ele destrói um ninho de pássaros. Não para comer, mas para se divertir e ao mesmo tempo vem e acaricia a lateral da sua perna. Amsterdã é assim. É linda, as pessoas são lindas, mas..."
"Eles são surpreendentemente bem informados", interrompeu Adam. "Mesmo para uma banda com nosso status atual na Inglaterra, nos saímos surpreendentemente bem. Eles sabem sobre nós, ouviram nossos discos, viram nossas fotos e querem saber mais".
"Acho que eles pensaram que o U2 era uma banda de funk pós-industrial, muito artística, muito cultural, mas quando nos viram como uma performance agressiva, quando viram a explosão de nossas personalidades e nossos instrumentos no palco, ficaram surpresos", disse Bono.
"O promotor disse que eles estavam confusos. Eles tentaram nos comparar, mas éramos apenas o U2 e eles tiveram que tomar suas próprias decisões e é disso que trata o U2".
Parte do que tornava o U2 tão importante era a crença determinada em seu destino de se tornar uma força notável e poderosa na música contemporânea.
"Acredito que combinamos os aspectos da música contemporânea que considero empolgantes", opinou Bono. "Que é performance, rock agressivo ao vivo, que é ao mesmo tempo lírico, porque queremos dizer o que falamos. Nós estamos falando. Não estamos apenas escrevendo sobre tópicos, como digamos XTC, nós viemos do coração. Nossa impressão geral é de otimismo, elevação, poder e euforia que poucos atos, como The Who e Springsteen possuem. Acredito que o U2 deveria estar lá porque há muita escória, muita música indigna em nosso lugar. Há muitas bandas que deveriam terminar agora".
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