Oficialmente, o Reino Unido deixou a União Europeia, mais de três anos e meio depois de ter decidido pelo Brexit em um referendo, em 23 de junho de 2016.
O U2 nos últimos anos defendeu a permanência do Reino Unido na União Europeia, afirmando que era impossível imaginar o bloco sem o país.
"Aos eleitores irlandeses no Reino Unido, não saiam. Europa sem Reino Unido nos parece inimaginável", escreveu a banda nas redes sociais.
Para a eXPERIENCE + iNNOCENCE Tour 2018, a banda exibiu durante "New Year's Day" uma enorme bandeira da União Europeia, como forma de protesto contra o Brexit.
Bono escreveu antes da turnê chegar na Europa: "O U2 começa uma turnê em Berlim esta semana e tivemos uma das nossas ideias mais provocadoras: durante o concerto, vamos agitar uma bandeira grande, luminosa, azul da União Europeia. A palavra patriotismo nos foi roubada por nacionalistas e extremistas. Os verdadeiros patriotas procuram união acima de homogeneidade. O respeito pela diversidade - a premissa de todo o sistema europeu - está sendo desafiado. A diversidade deve ser respeitada, celebrada e até incentivada. Adoro as nossas diferenças: os nossos dialetos, as nossas tradições, as nossas peculiaridades, 'a essência da humanidade', como Hume disse. E acredito que elas ainda deixam espaço para aquilo a que Churchill chamou de 'patriotismo alargado': alianças plurais, identidades com camadas, ser irlandês e europeu, ser alemão e europeu, não uma coisa ou outra. Não há como negar que estamos todos juntos neste barco, em mares agitados pelo clima extremo e pela política extremista. Para prevalecer nestes tempos conturbados, a Europa é um pensamento que precisa se tornar um sentimento".
Uma das questões mais delicadas do Brexit sempre foi a das Irlandas: enquanto a República da Irlanda – um país independente – permanece na União Europeia, a Irlanda do Norte, que faz parte do Reino Unido, deixa o bloco.
O acordo de paz de 1999, que pôs fim a três décadas de sangrentos conflitos entre os dois países, contempla a ausência de barreiras físicas entre os dois lados.
Desde aquele ano, pode-se cruzar a fronteira sem passar por nenhum controle físico. A venda de bens e serviços ocorre com poucas restrições, já que ambos os lados fazem parte do mercado comum europeu e da união aduaneira.
Mas, a partir de hoje, a fronteira entre as duas Irlandas passará a ser, na prática, a fronteira física entre a UE e o Reino Unido.
As negociações sobre como a questão irlandesa seria abordada no Brexit foram justamente o que emperrou os planos apresentados pela ex-premiê britânica Theresa May no Parlamento britânico, e o motivo pelo qual eles foram rejeitados.
O plano que Boris Johnson conseguiu acordar com a UE e aprovar no Parlamento prevê que não haverá novas checagens ou controles de mercadorias que cruzem a fronteira entre as duas Irlandas. Para isso, a Irlanda do Norte será uma exceção: continuará seguindo as regras da União Europeia em relação a produtos manufaturados e de agricultura, diferente do restante do Reino Unido.
Além disso, todo o restante do Reino Unido irá deixar a união aduaneira da UE, mas a Irlanda do Norte continuará aplicando o código alfandegário europeu em seus portos.
Com isso, produtos e processos terão novas checagens e processos não ao circular entre Irlanda do Norte e Irlanda, mas sim entre Irlanda do Norte e os outros países do Reino Unido: Inglaterra, País de Gales e Escócia.
O que o Reino Unido e a União Europeia ainda precisam discutir são a natureza e a extensão dessas checagens e processos, uma operação que será conduzida por um comitê conjunto, liderado por um membro da Comissão Europeia e um ministro britânico.
Durante o período de transição, até dezembro de 2020, haverá ainda um comitê exclusivo para discutir questões relativas à Irlanda do Norte.
E existe também um compromisso de que, caso não se chegue a um acordo ao final da transição, a Irlanda do Norte não será afetada pelas mesmas tarifas e barreiras comerciais que poderão ser impostas ao restante do Reino Unido pela União Europeia.