O crítico musical e ex-editor da revista 'Musician', Bill Flanagan, na década de 90 entrou na intimidade do U2, com a biografia 'U2 At The End Of The World'.
Naquele momento, o U2 era apontado como tendo uma pretensão também megalomaníaca, um grupo que deu uma guinada, que havia abandonado mensagens políticas regionais em nome de grandes temas, como a revolução dos meios de comunicação, conflitos sociais e as guerras dos anos 90.
Bill conta sobre o livro, e fala sobre aquele momento do U2: "Conheci o grupo mais de dez anos antes, circulando pelo cenário musical. Sempre achei que seria um bom assunto para um livro porque queria fazer mais do que a biografia de uma banda. Eu queria retratar um momento da cultura nos anos 90.
Eles se entusiasmaram logo. Pude fisgá-los num momento em que estavam muito encantados com o papel da mídia no pop, durante a turnê de 'Rattle And Hum', e por isso estavam mais comunicativos. A partir daí embarquei na turnê ZOOTV com o grupo.
O U2 é a única banda que não se limita à estrada estreita do rock e passeia entre as culturas. O fato de trabalharem temas da atualidade um por um, quase até o esgotamento, mostra o quanto estão prontos a absorver em nome da criatividade.
Eles estavam mais lúcidos do que nunca em relação às diferenças sociais e ao preconceito. Eu não acho que eles abandonaram seus ideais ali. O que eu acho é que eles sentiam o peso da responsabilidade de ser tão populares.
Lidar com o sucesso é difícil. Às vezes eles confundem isso com uma questão didática. Sentem-se responsáveis pelos jovens que não lêem jornais, não se informam sobre o que está acontecendo e são vítimas do bombardeio que os meios de comunicação despejam para dentro de suas casas.
Os verdadeiros fãs do U2 perceberam seus novos propósitos. A banda quer se comunicar e transformar a história que estão vivendo em arte e, é lógico, tentar mudar alguma coisa do que pensam ser injusto ou incorreto.
Bono é o mais preocupado em manter a sinceridade das canções intocada. Certa vez ele disse: "Esqueça tudo o que digo fora do palco, a vida me obriga a mentir, mas acredite na minha música".
A América Latina sempre os atraiu. Em 'The Joshua Three' fizeram canções sobre El Salvador ("Bullet The Blue Sky") e Argentina ("Mothers Of The Disappeared"). Fizeram shows no México e descobriram que a América não acabava ali. Se o muro de Berlim não tivesse caído, as atenções deles certamente se voltariam para isso. Mas o rumo da História os desviou.
Em certa ocasião, Salman Rushdie declarou que o U2 percebia, como ele, que as barreiras do mundo da Guerra Fria não só estavam caindo como estavam se transformando em entretenimento.
Com a turnê ZOOTV a banda se colocou no centro do fogo. Assumiu que se afetava com a Guerra do Golfo na TV e com a queda do muro de Berlim, na medida em que estes entravam em suas vidas de forma violenta.
Daqui a 40 anos alguém vai entrar numa livraria, encontrar meu livro e ver nele um retrato de um momento muito específico da História, em que toda a relação do homem com o mundo está mudando de uma forma muito acelerada.
Quem procurar por fofocas, drogas, escândalos e confissões amorosas dos rapazes vai se decepcionar. Mas quem gosta da banda vai poder acompanhar seu processo de criação, sua preparação para os shows e, o mais importante, entrar em suas idéias.
O U2 é um termômetro sem marcação clara, com números imprecisos. Eu não sei o que será o U2 no futuro e nem mesmo em seu próximo disco. Eles são mutantes, a História os modelará."
Naquele momento, o U2 era apontado como tendo uma pretensão também megalomaníaca, um grupo que deu uma guinada, que havia abandonado mensagens políticas regionais em nome de grandes temas, como a revolução dos meios de comunicação, conflitos sociais e as guerras dos anos 90.
Bill conta sobre o livro, e fala sobre aquele momento do U2: "Conheci o grupo mais de dez anos antes, circulando pelo cenário musical. Sempre achei que seria um bom assunto para um livro porque queria fazer mais do que a biografia de uma banda. Eu queria retratar um momento da cultura nos anos 90.
Eles se entusiasmaram logo. Pude fisgá-los num momento em que estavam muito encantados com o papel da mídia no pop, durante a turnê de 'Rattle And Hum', e por isso estavam mais comunicativos. A partir daí embarquei na turnê ZOOTV com o grupo.
O U2 é a única banda que não se limita à estrada estreita do rock e passeia entre as culturas. O fato de trabalharem temas da atualidade um por um, quase até o esgotamento, mostra o quanto estão prontos a absorver em nome da criatividade.
Eles estavam mais lúcidos do que nunca em relação às diferenças sociais e ao preconceito. Eu não acho que eles abandonaram seus ideais ali. O que eu acho é que eles sentiam o peso da responsabilidade de ser tão populares.
Lidar com o sucesso é difícil. Às vezes eles confundem isso com uma questão didática. Sentem-se responsáveis pelos jovens que não lêem jornais, não se informam sobre o que está acontecendo e são vítimas do bombardeio que os meios de comunicação despejam para dentro de suas casas.
Os verdadeiros fãs do U2 perceberam seus novos propósitos. A banda quer se comunicar e transformar a história que estão vivendo em arte e, é lógico, tentar mudar alguma coisa do que pensam ser injusto ou incorreto.
Bono é o mais preocupado em manter a sinceridade das canções intocada. Certa vez ele disse: "Esqueça tudo o que digo fora do palco, a vida me obriga a mentir, mas acredite na minha música".
A América Latina sempre os atraiu. Em 'The Joshua Three' fizeram canções sobre El Salvador ("Bullet The Blue Sky") e Argentina ("Mothers Of The Disappeared"). Fizeram shows no México e descobriram que a América não acabava ali. Se o muro de Berlim não tivesse caído, as atenções deles certamente se voltariam para isso. Mas o rumo da História os desviou.
Em certa ocasião, Salman Rushdie declarou que o U2 percebia, como ele, que as barreiras do mundo da Guerra Fria não só estavam caindo como estavam se transformando em entretenimento.
Com a turnê ZOOTV a banda se colocou no centro do fogo. Assumiu que se afetava com a Guerra do Golfo na TV e com a queda do muro de Berlim, na medida em que estes entravam em suas vidas de forma violenta.
Daqui a 40 anos alguém vai entrar numa livraria, encontrar meu livro e ver nele um retrato de um momento muito específico da História, em que toda a relação do homem com o mundo está mudando de uma forma muito acelerada.
Quem procurar por fofocas, drogas, escândalos e confissões amorosas dos rapazes vai se decepcionar. Mas quem gosta da banda vai poder acompanhar seu processo de criação, sua preparação para os shows e, o mais importante, entrar em suas idéias.
O U2 é um termômetro sem marcação clara, com números imprecisos. Eu não sei o que será o U2 no futuro e nem mesmo em seu próximo disco. Eles são mutantes, a História os modelará."